quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Sociedade civil organizada e outros engodos

É no mínimo curiosa a situação política em Esperantina. Se é verdade que a cidade viveu momento histórico com a apresentação de denúncias contra o atual prefeito, também é verdade que o momento foi único ao reunir pessoas de diversos (nem tanto assim) matizes políticos com o propósito único (???) de representar a sociedade, ao defender – segundo os próprios – o município. Já não vejo diferenças entre os dedos e os anéis, cantam os Engenheiros do Hawaii e em minhas palavras: já não vejo diferenças entre posição e oposição.
Enquanto alguns se aproximavam do nirvana, ao participar da movimentação na câmara, outros inflavam o ego, imaginando-se a última coca-cola no deserto. Durante a vida, dizem-nos que todos têm direito a 1 minuto de fama e a 3 besteiras na vida. Alguns já ultrapassaram em muito esses limites e não se deram conta, ainda.
Durante o ato público realizado na casa do povo – demagogicamente falando - a tal magia da TV pôde ser observada quando um cinegrafista aproximava-se de determinado local e todos para lá acorriam, pois não basta participar, tem que aparecer. É interessante notar que entre os presentes, havia aqueles que legislavam em causa própria, de olho nas eleições vindouras, e, tal qual fênix mitológica, esperam renascer das cinzas.
Uma profusão de pessoas ávidas por ver resultados - ou por assunto para a próxima roda na esquina - se acotovelava no ambiente pequeno, quente e desconfortável onde se realizou o ato popular, conscientes ou não do que lá acontecia. Não pude deixar de perceber a ausência de políticos de maior representatividade durante o evento, possivelmente estes estavam “ocupados demais” para se apequenar diante de tão insignificantes fatos como os ora discutidos. A grande pergunta: onde estão os “grandes políticos” de nossa terra, tão pródigos em propagar pelas mídias que “amam Esperantina” e não se fizeram presentes na Câmara municipal? Apenas o baixo clero se fez notar. Ao que parece, trata-se apenas de mais um entrevero pelo poder, como já ocorreu outras vezes, em uma ciranda que parece não ter fim. Na verdade, o que deveria acontecer era o comum acordo entre as partes – posição e oposição, para que se apurem realmente os fatos, verdadeiros ou não e se acabasse de vez com esse disse-me-disse que impera na cidade. O assunto não sai da moda: na barbearia, no salão, nas praças, nas esquinas e o pior, até na happy hour.
Agora os carros de som propagam pelas quatro direções o convite para que novamente a dita sociedade civil organizada compareça à Câmara Municipal e assista ao pedido de cassação do mandato do prefeito. Até onde sei os digníssimos - pois é - vereadores apenas decidirão se será necessária ou não a criação de comissão de inquérito para, a partir de então, passar realmente a exercer tardiamente o papel de fiscalizadores dos atos administrativos municipais.
Afinal, lembremo-nos: "A política e os destinos da humanidade são forjados por homens sem ideais nem grandeza. Aqueles que têm grandeza interior não se encaminham para a política." (Albert Camus).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A imprensa "amiga"

O aparelhamento da mídia nos priva de informações importantes sobre nosso município. Por falta de opção, somos obrigados a testemunhar a repetição das mesmas idéias – ou a semelhança entre elas – nos portais da mídia local. É uma triste constatação esta, tendo em vista que tal situação serve tão somente para manter os alienados sempre por perto, como os pirilampos que são atraídos para a morte pela luz inebriante. Bobagens partidárias são postadas como se fossem grandes acontecimentos, algo que mudaria o mundo, quando na verdade tudo não passa da velha e suja politicagem. Outros fatos que deveriam merecer destaque são simplesmente “esquecidos”, “abafados”, menosprezados pelos senhores da informação. E chamam isso de atuação imparcial.
Quando governos tentam mascarar a verdade são taxados de ditadores pela mídia. E quando ocorre o contrário? Parece haver um “pacto” pelo silêncio.
Qual a importância em manter representantes locais nos canais informativos se estes não apresentam todos os fatos, se continuamos a depender dos profissionais das terras distantes? Depois vêm os xenófobos de plantão e acusam-nos de valorizar as pessoas “de fora”, mas... o que fazem os nativos? Recolhem-se silenciosos, tornam-se apáticos. De repente, transfiguram-se de tagarelas alienados a surdos-mudos, ensimesmados em vãos pensamentos medíocres.
Onde está a combatividade da imprensa marrom local? Será que foi vitimada pelos discursos ocos e enfadonhos dos “comentaristas”? A comunicação local é feita com uma mistura de ego, populismo e/ou subserviência aos “patrões”, em maior ou menor escala, configurando um cenário no mínimo patético aos olhares mais apurados.
Atualmente vivemos cercados por inúmeros canais de informações, nem todos, porém, confiáveis. De que adianta ter TV digital se os programas são chatos ao extremo? De que adiantou a popularização das rádios ditas comunitárias, se afinal elas apontam para um mesmo objetivo, o direcionamento político? É preciso repensar o modo de ser imprensa por aqui. Precisamos de informações, não de alienação.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A inércia como lema

O Código de Posturas do município de Esperantina bem que poderia ser utilizado para coibir abusos cometidos por carros de propaganda e de particulares, que, não satisfeitos em estourar os próprios tímpanos, se põem a dar sua contribuição ao caos local nos mais diferentes horários.
Mas... quem conhece este código de posturas? Poucos. Para que serve? Ultimamente só mesmo para “calçar” mesas mal posicionadas.
Nossos “grandes” legisladores, como legítimos representantes do povo, bem que poderiam se interessar pelo tema e agir, em vez de se digladiar em programas de rádio e/ou sessões da câmara. Seria mais digno que ficar especulando e confabulando sobre o próximo período eleitoral ou mesmo que ficar comodamente recolhidos à espera do dia do pagamento. A inércia tem preço!
O barulho nas ruas é infernal, não há regulamentação do volume de som nem dos horários em que podemos ser afrontados com músicas e propagandas de todas as espécies. Nas áreas próximas às escolas, que deveriam ser resguardadas de poluição sonora, a propaganda é mais intensa. Hospitais, templos religiosos, biblioteca e outros lugares - onde o silêncio deve prevalecer - são violados pelo mais novo sucesso do momento, pela propaganda irritante dos carros de som a anunciar a próxima “mega-festa”.
É uma experiência idiotizante ouvir pela enésima vez que a batata inglesa está em promoção, que aquele empréstimo pode ser pago em suaves prestações ou que a festa do fim de semana contará com a presença da polícia, portanto, não leve armas, blá, blá, blá... e o que dizer daqueles que estacionam em pontos específicos para “vender seu peixe”?. E há ainda o pior de todos: aquele surdo que se acha dono dos ouvidos alheios e liga “no 12” o som do carro somente para “marcar presença”.
É preciso que algo seja feito e que alguma autoridade se manifeste, se mexa e não fique esperando o PAC do silêncio. Vamos lá, só custará alguns míseros votos.

"No Final, nós nos lembraremos não das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos." (Martin Luther King)

domingo, 28 de outubro de 2007

Meu super-herói favorito

Há tempos não tenho um super-herói favorito. Aquele que agia sem pedir nada em troca, apenas pelo prazer de ajudar. Deve ter sido aposentado e substituído pela horda de ineptos, ávidos por poder. A nova identidade dos heróis assemelha-se aos antigos com pequenas adaptações: são amigos (fingidos), simpáticos (até quando agimos por suas vontades), sempre prontos a ajudar (a quem lhes ajuda com 10% ou um faz-me-rir qualquer).
Para honra e glória dos novos heróis, há os iludidos que conjugam das mesmas opiniões, seguem-nos pelas mesmas trilhas insanas e tortuosas somente pelo prazer de seguir alguém. Estes são os alienados, cegos pela venda pérfida da ideologia dos tolos. Coitados.
O que aconteceu com as pessoas de bem? Onde estão? Porque vivemos cercados de falsos heróis? Que “diabos” então é essa tal cidadania tão propalada pela mídia? É ridículo ouvir de alguns que a situação é esta mesmo e não vai mudar nunca. Derrotistas de plantão. Até onde estes pensamentos nos guiarão?
Repetindo o chavão de um personagem bastante conhecido: “e agora, quem poderá nos defender”? Estamos à mercê de uns poucos que até o momento não dizem a que vieram.
Não precisamos de heróis subsidiados apenas para dar nomes a ruas e pedir orelhões aos bairros. Merecemos mais que isso. Não precisamos de heróis de palanques, e sim heróis de ações! Não precisamos de soluções mágicas, tampouco de palavras apenas, afinal, quem vive de promessas são os santos. Não precisamos de filantropia interesseira. Apenas que ajudem e façam por merecer a confiança neles depositadas. Para que viver um mundo de aparências? Não precisamos de debates inócuos. Precisamos sim, que algo seja feito. Porque se maravilhar diante da simples concessão de serviço público (quando feito, claro), se esta não é mais que uma obrigação de nossos “heróis”?
Não consigo compreender como necessitamos de tantas coisas e alguns se locupletam às expensas do miserê alheio.
Se for verdade que “há males quer vêm para o bem”, onde está o bem? Até o momento não se apresentou e temo que nem mesmo exista.
Enquanto a prudência diz: acalme-se, a consciência diz: lute. Lutamos ou continuamos na areia movediça da indecisão.
Preciso de um super-herói. Urgente!!
Ou de uma passagem para bem longe!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

História, política e suas atualizações

Engraçado (trágico?) como a história se repete.

Revisando antigas leituras, deparei-me com interessante personagem do império romano: O imperador Calígula.
Terceiro imperador de Roma, Calígula (
Gaius Caesar Germanicus), ficou conhecido por suas extravagâncias, luxúria, crueldades e também porque nomeou seu cavalo preferido, INCITATUS, para o legislativo. O animal tinha todas as regalias que os outros legisladores, como criados (assessores?) e bajuladores. Pode parecer estranho, mas o tal cavalo realmente comparecia às sessões e, se não discursava – óbvio – pelo menos não ocupava o tempo com discursos enfadonhos, enganadores e hipócritas. Acima de tudo, era um animal nobre, que não se fazia rodear por estúpidos, aproveitadores e sanguessugas, nem usava o cargo para se locupletar.
Voltando para nossa realidade, temos agora a confirmação de que a história é cíclica, pois vemos renascer, tal qual fênix mitológica, o
Calígula moderno, que diverge do original porque não nomeou apenas um cavalo para o legislativo. Outra grande diferença entre o Calígula atual e o antigo, é que agora o povo é que o conduz ao poder.
O problema é que esse mesmo povo vê a política como “coisa de gente grande”, e posiciona-se à margem do processo político. Apenas observa ao longe o desenrolar dos acontecimentos. Dessa quietude é que nascem os atos imorais dos legisladores, que, astutos como raposas, logo percebem que não são cobrados por aqueles que os elegeram e dedicam-se com afinco à tarefa ultrajante e imunda de dilapidar o patrimônio público.
Mas como cobrar maior participação política de alguém que vende o voto por R$10,00 (dez reais), por uma camiseta ou por uma merreca qualquer? Este tipo de atitude do “povo” é que entusiasma os crápulas a continuar agindo de forma errada. Um exemplo é o caso da indústria da seca, que a cada ano rende inúmeros votos em troca de promessas de ajuda “sem compromisso, apenas pelo sentimento humanitário” – acredite quem quiser.
Essa situação me faz lembrar o texto de
Bertolt Brecht intitulado O Analfabeto Político e por essa razão o descrevo abaixo:

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O Analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo".

Que saudade do Incitatus!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A violência e a desculpa

Analisando os recentes atos de violência ocorridos em Esperantina, podemos observar que a maioria das pessoas tem uma resposta quase automática a isso: falta de Deus no coração. Mas será mesmo isso? Quando as pessoas tentam justificar a violência com estas palavras vêm-me à mente que na verdade elas deveriam dizer “falta bondade no coração”. Este ato de colocar algum deus em todos os aspectos da vida humana é uma palermice que vem desde tempos imemoriais, quando o homem precisava justificar de algum modo tudo que ocorria à sua volta e criou os mitos, que em maior ou menor medida, sobrevivem até hoje.
Vejamos: de que adianta cantar como um rouxinol nas missas/cultos de domingo e não praticar a religião (bondade?) fora das igrejas? É comum ver pessoas “religiosas” que, ao serem abordadas por pedintes, saem-se com o tradicional “vá trabalhar, vagabundo” ou “vá procurar o que fazer” e continuam seus trajetos, crentes que estão de que tem assegurado para sim um lugar na primeira fila do paraíso, quem sabe ao lado Dele.
Observando o comportamento destes “religiosos”, “tementes a Deus” pode-se notar que vivem se tolhendo de usufruir boas coisas na vida por temerem amargar a eternidade no fogo eterno, no inferno, para os mais íntimos. Einstein disse certa vez que se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, estas realmente formavam um grupo muito desprezível. Como duvidar disso? As religiões mantêm as pessoas na dependência eterna, conformando-as por não entenderem o mundo e a continuarem a não entendê-lo. Sempre se entregando a alguém para resolver seus problemas pessoais. A falta de consciência em suas faculdades mentais, o complexo de inferioridade e as dificuldades da vida fazem com que muitos parem de pensar logicamente e se entreguem a todo tipo de pensamento, por mais absurdo que seja. As pessoas raramente analisam as conseqüências de seus atos momentâneos. Simplesmente dizem amém a tudo. Será que isso é bom para a humanidade como um todo? Será que não precisamos de mais rebeldes ao invés de mais conformistas? Todo avanço da humanidade foi uma rebeldia contra um ato ou situação qualquer. Uma rebeldia contra os padrões vigentes. Rebeldia não significa ser do contra, significa ser verdadeiro consigo próprio. Fazer as coisas em que se acredita, e não fazê-las simplesmente por que todos fazem, configurando assim o famoso termo maria-vai-com-as-outras. Rebeldia também não é ir contra tudo só para ser diferente, não é ser do contra ou a favor. É ser integro e coerente com o que se acredita ou deixa de acreditar. Será que precisamos mesmo nos diminuir ante a sabedoria ou bondade de pessoas supostamente iluminadas? Bakunin nos brindou com a seguinte frase: "Todas as religiões, com seus deuses, semideuses, profetas, messias e santos, são resultados da fantasia e credulidade de homens que ainda não atingiram o total desenvolvimento e personalidade das suas capacidades intelectuais". Portanto, antes de atribuir a algo - ou alguém – a culpa por atos do cotidiano, devíamos observar nossas deficiências e o que estamos fazendo para saná-las, ao invés de simplesmente procurar uma explicação na mitologia que se convencionou chamar religião.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

I have a dream...

Eu tive um sonho... Assim Martin Luther King, ícone (ou baluarte, se assim preferirem) da luta contra o racismo nos Estados Unidos iniciou um de seus mais famosos e emocionantes discursos, pelo qual é lembrado ainda hoje. Resguardadas as devidas proporções, também gostaria de iniciar assim esse colóquio.
Eu tive um sonho...
- Sonhei que em minha cidade os políticos se importavam com a população, que agiam com interesse pela causa comum e desapego às sinecuras;
- Sonhei que podia trafegar pelas ruas e avenidas sem me preocupar com buracos ou escuridão;
- Sonhei que em minha cidade as pessoas não precisavam mendigar por esmolas oficiais, nem abrir mão de sua dignidade para usufruir os benefícios a que têm direito como cidadãos;
- Sonhei com um lugar onde as pessoas podiam sair de casa sem se preocupar com a hora de voltar, por falta de segurança;
- Sonhei enfim que minha cidade era o melhor lugar do mundo para se viver.
Entretanto... Sai de um sonho para acordar em um pesadelo:
- Estamos no meio de um jogo de interesses, do qual fazemos parte apenas como massa de manobra, a famosa vida de gado;
- As filas de esquálidos, famintos e/ou aproveitadores das esmolas oficiais crescem a cada dia;
- Precisamos de razoável coragem para nos arriscar a sair de casa, ousadia para nos aventurar em automóveis e sorte para não ser mais uma vítima da violência local. O trânsito caótico de nossa cidade em muito lembra aquele do mercado egípcio, com uma profusão de animais por todos os lados, veículos de todos os tipos e tamanhos a disputar furiosamente o espaço sem sinalização. A tudo isso acrescente-se a barulheira infernal dos carros de som, dos vendedores de mídias pirateadas, o calor escaldante, as calçadas tomadas por veículos e/ou mercadorias e um sem-número de outras calamidades neste cenário dantesco.
Enquanto isso, a hipocrisia de alguns que se julgam os arautos da nova ordem, o grande farol a nos guiar pelas trevas do subdesenvolvimento nos leva a pensar em um futuro melhor, como se anos e anos de má administração pudessem ser - como que em passe de mágica, com uma vara de condão quem sabe – apagados e o atraso superado. É incrível a capacidade com que nos tentam apresentar exemplos de grandes nomes que supostamente potencializaram o desenvolvimento de nosso torrão querido. A lista de grandes nomes vem fácil como a lembrança do primeiro encontro na adolescência, no entanto... um exame detalhado e profundo nos revela que os tais precursores do desenvolvimento local nada mais fizeram do que a obrigação a que os cargos lhes submetiam, quando o fizeram. Nada mais. O município nunca foi exemplo de pujança econômica por conseqüência de administradores e sim do esforço pessoal de cada cidadão, do empresário ao produtor rural, sem os quais estaríamos ainda vivendo uma versão chula da idade média e amargaríamos um retrocesso na escala evolucionista. Antes de arrotar probidade e competência seria oportuno que alguns fizessem um breve exame de consciência e assim, com os pés devidamente assentados e cônscios de seus erros, reconsiderassem suas falas oportunistas e se pusessem, a partir de agora, a serviço do bem comum.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Yes, temos quadrilhas.

Realmente gostaria de discorrer sobre quadrilhas no sentido real, mas o tema de agora são as quadrilhas juninas (ou julinas, os agostinas, ou ...). Antes representações que nos divertiam, hoje transformaram-se em um misto de espetáculo, carnaval e – vá lá – cultura. Ainda não entendi o porquê de tantos efeitos especiais – será para encobrir as deficiências em representar tradições? Foi-se o tempo em que festivais juninos tinham a intenção de divertir, manter viva nossa cultura. O que antes era só alegria agora transformou-se em competição acirrada pelo status quo de melhor da cidade. Se algum tempo atrás éramos presenteados com ótimas e diferenciadas apresentações, hoje podemos notar uma padronização nos movimentos, nas roupas cada vez mais distantes da singeleza original, enfim, os festivais juninos tornaram-se repetitivos, palco de desavenças e totalmente descaracterizados, pouco apresentando de nossa cultura original. Fala-se em tradição, mas perguntaria aos mais afoitos: que tradição é essa que nos brinda a cada ano com apresentações espalhafatosas, onde há profusão de roupas as mais brilhantes possíveis, movimentos que mais serviriam para espantar mosquitos, acompanhadas dos indefectíveis CD’s previamente gravados para “animar”? Os festivais bem que poderiam se resumir a uma só apresentação, tão repetitivas que estão as quadrilhas. Temos visto muitos adereços a disfarçar a pobreza das apresentações: fitas, bandeiras, faixas, encenações, fogos e cd’s com historinhas nem sempre condizentes com a realidade.Algo precisa ser feito para reacender nos espectadores a curiosidade em assistir, participar e valorizar as apresentações, ou seremos obrigados a engolir as tais “danças country”, enlatados que querem nos fazer engolir com parte de nossa cultura. Até quando?

Condenados à escuridão. Para sempre?

Perceber e não questionar. Obedecer. A tudo baixar a cabeça e dizer amém. A mentalidade da maioria da população permanece a mesma do período em que o país viveu sob o regime ditatorial. Quantas vozes levantam-se para questionar a ordem das coisas? Umas poucas e em sua maioria com segundas intenções.
Percebe-se em Esperantina uma triste e modorrenta aquiescência com tudo o que de mal acontece na sociedade. As pessoas tentam sair pela tangente com a velha desculpa de que “o político tal errou, mas na próxima eleição, o povo saberá dar a resposta”. E assim o tempo vai passando. As pessoas que continuam a pensar assim estão fadadas a permanecer nas trevas da modernidade. É incrível como agora, em uma época em que as informações nos chegam dos mais longínquos pontos do planeta quase que em tempo real, a troca de experiências com pessoas de outros lugares mais evoluídos pode ser feito sem muito esforço, ainda existam pessoas desinformadas de seus direitos, de seu real lugar na sociedade, pessoas que ainda se sentem presas a políticos mal intencionados para conseguir qualquer benefício público, para a alegria daqueles poucos que se aproveitam da inocência e/ou ignorância de muitos para deles tirar proveito. Os que sabem tirar proveito da ignorância alheia fazem de tudo para que nada se altere, afinal, pessoas bem informadas tem maior consciência de sua própria cidadania e são um perigo para os que usam cargos eletivos para se locupletar às expensas dos cofres públicos. Causa-se espécie ver a completa submissão que pessoas humildes demonstram em relação aos nossos “iluminados” homens da política. Se for verdade que cada povo tem os políticos que merece, devemos repensar urgentemente nossos valores, exercendo realmente essa tal cidadania, tão propalada pelos demagogos e hipócritas de plantão.Quando essa situação se inverterá? Quando teremos pessoas realmente interessadas no bem-estar da população a nos representar politicamente? Temo que nunca. A ânsia que alguns mostram em galgar posições políticas apenas demonstra o desejo iminente de se esbaldar com as benesses que o poder lhes confere. O período eleitoral que se aproxima (para alguns já começou) tornará os discursos mais eloqüentes, os gestos mais popularescos e as presenças mais marcantes em eventos os mais diversos possíveis, de funerais aos enfadonhos e repetitivos festivais juninos. Pobres mentes dementes, tão pequenas na decência e tão grandes na rapinagem.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Os "filhos da terra" e a Xenofobia

De tanto ouvir pelas ruas de Esperantina que a fonte de todos os males da cidade são as pessoas que vêem de fora, fiquei a pensar o que os “filhos da terra” – este é o termo preferido – fizeram ou fazem para melhorar nossa cidade, pensando no caso, lembrei de um antgo provébios chinês: mais vale acender uma vela que maldizer a escuridão. Espero que nossos digníssimos não pensem que apenas o blá-blá-blá no rádio é suficiente para limpar ruas e encher de orgulho os nativos. De agora em diante, transfigurados em arautos (baluartes?) do povo, põem-se a bradar em alto e bom som, à la Severino da Zorra Total que “mamãe sempre me disse, desde que nasci tenho cara de arauto”. E tome aporrinhação. Devidamente informados (ou não) tecem o rosário de lamentações e denúncias e esquecem de si, de sua falta de compromisso até bem pouco tempo atrás, ávidos que estão em busca de projeção para o vindouro período eleitoral. É interessante, oportuno e digno de ser acompanhado esse processo de pretensa conscientização dos problemas da cidade, pena que o interesse maior por traz de tudo seja a triste e onipresente politicagem, nossa velha conhecida, esta sim, causadora dos males de que padece a cidade. Se hoje a situação está assim como se vê, deve-se em sua totalidade à falta de escrúpulos, de humanidade até, de alguns poucos e à ignorância de outros muitos. A falta de escrúpulos dos compradores de votos e consciências e a ignorância de muitos que trocam seus votos por camisetas, peças para veículos, por dez reais, pela chance de poder usufruir de um programa estatal e assim vai. E assim a cidade permanece no limbo, sempre à espera de um salvador. Até parece que não há mais nada a fazer, que devemos nos sujeitar a tudo e sempre dizer amém. Mas, até quando?
Uma simples busca na internet e temos excelentes exemplos de cidades que superaram suas realidades modorrentas e hoje são modelos de pujança, ou pelo menos apresentam índices satisfatórios de desenvolvimento. Talvez muitas pessoas já tenham feito, na intimidade do lar, esta simples pergunta: para onde vão os “filhos da terra”, ilustres desconhecidos que por aqui permanecem somente até o bendito dia em que se dirigem à capital do estado ou mesmo outro estado para estudar e por lá mesmo ficam. O que pensam seus familiares que aqui residem? Um bom exemplo de superação da realidade foi o desenvolvido na cidade de Ribeirão Bonito, onde os “filhos ilustres” retornaram à terra natal e desenvolveram intenso e digno trabalho em prol da população e não pensaram somente em si. Criaram uma ong, a Amigos Associados de Ribeirão Bonito - AMARRIBO, para quem não conhece, e a partir de então passaram a fiscalizar os atos das autoridades municipais, conquistando o apoio da comunidade local. A partir de então “o sol voltou a brilhar”. Mas para que isso ocorresse, foi preciso coragem, arregaçar as mangas e não apenas ficar de conversa fiada nas esquinas e afins. De boas intenções o inferno já está cheio, precisamos de ação. Diante dos fatos é oportuno formular outras perguntas: quantos populares acompanham os nossos representantes em seu trabalho – pois é - diário, pagos que são com nosso suado dinheirinho? Quantos comparecem às sessões na câmara de vereadores? Quantos cobram empenho das autoridades? Quantos cidadãos “exercem sua cidadania” – outro termo muito popular nos dias atuais – organizando-se para alcançar o desenvolvimento do local, exigindo comportamento ético dos poderes constituídos e eficiência nos serviços públicos? E finalmente, quem será o “grande guia”, aquele que vai mudar essa realidade, um “filho da terra” destemido ou teremos que esperar Os Sete Samurais? Com a palavra, os xenófobos de plantão.

domingo, 20 de maio de 2007

Enquanto isso, em um pequeno reino distante...

Descobri um novo barato para tirar do marasmo nossa cidade e de quebra, muita diversão: assistir aos (agora) inúmeros programas e debates nas rádios supostamente comunitárias de nossa querida Esperantina, em que as pessoas supostamente interessadas no bem-estar do povo (sempre ele) expõem-se ao ridículo e situações vexaminosas para declarar seu amor pelo município e munícipes. Durante a semana revezam-se os gladiadores em duas estações de rádio, cada uma acusando a outra de desinteresse e descaso com a população e a coisa pública. O grand finale acontece no final de semana, quando um ciclo de debates ocorre entre pessoas com larga experiencia admisnitrativa - ou não - e pré-candidatos não-sei-que. Seria de grande importãncia para a população as informaçoes ali passadas, se ambos os lados não cometessem excrescencias em nome de uma luta mesquinha pelo poder. Esta pequena frase resume tudo: luta pelo poder. Que ninguem tenha dúvidas quanto a isso.
Interessante notar que, quanto mais se aproximam as eleições, mais o interesse "pelo povo e suas dificuldades" aumenta desproporcionalmente. Pessoas que já estiveram "no poder" e pouco ou nada fizeram agoram mostram-se indignadas com o pouco ou nada que faz quem está no poder.
Alheia a tudo isso, grande parte da população fica debatendo-se, apenas absorvendo estas informações, a espera de um possível pré-candidato que lhe oferte uma quantia irrisória qualquer em troco de seu mísero voto.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Dia do Rio Longá e outros engodos

Seguindo a nova tendência da moda, agora ambiental, hoje é comemorado o Dia do Rio Longá, ocasião em que alguns poucos engajados, ideólogos de esquina e ambientalistas de última hora se mostram profundamente preocupados com o meio ambiente.
Ao invés de simplesmente promover passeatas e atos solenes, a população deveria cobrar maior empenho das autoridades ligadas à área, que pouco ou nada faz pelo meio ambiente. Só palavras não bastam. Só atos para chamar a atenção também não bastam. A continuar assim cometerão os mesmos erros de outros dedicam alguns dias do ano aos chamados dias temáticos que chama a atenção de todos por um curto período de tempo e caem no esquecimento por que nada fazem de concreto. Tome-se como exemplo as campanhas da fraternidade que todos os anos escolhem um tema para abandoná-lo no ano seguinte sem que seja divulgado nada sobre os benefícios que a mesma tenha propiciado.
Não adianta separar um dia no ano para ficar com cara-de-Amélia discutindo meio ambiente e nos outros 364 dias do ano nada ser feito. Isso se chama perda de tempo, são palavras ditas ao vento, que não surtem efeito entre as massas, que não conseguem sair do lugar-comum, da mesmice difundida na grande mídia.
Infelizmente, muitas pessoas que enchem a boca para falar sobre o meio ambiente fazem-no por hipocrisia, por dever ou somente para ficar de bem consigo mesmo e de quebra - quem sabe -reservar um lugar no paraíso próximo ao salvador. Nada mais. Pobres iludidos.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Vô... num vô...

O mais recente dilema existencialista dos cidadãos esperantinenses é ir ou não ir à micar... desculpe, Esperafolia.
Se por um lado as propostas são tentadoras, com inúmeras atrações, por outro lado, a ira divina poderá recair sobre as cabeças dos ditos cristãos católicos nativos. Passemos aos fatos: A festa demoníaca (!!!) acontece em uma das principais datas religiosas do calendário cristão e atende pelo nome simbólico de Semana Santa, que há muito tempo pode ser chamado apenas de dia santo (sexta-feira) e que também há muito tempo é sinônimo apenas de mesa farta e folias.
O padre local, cumprindo seu oficio fez o sermão de todos os anos: desaconselhou aos cristãos católicos a participarem de mais esta festa profana. Beleza. Ainda não compreendi porque não o faz durante o carnaval, quando o maior país católico do planeta realiza a maior festa pagã do mundo! Se é verdade que a maior parte dos esperantinenses professa a religião católica e que os membros de outras religiões supostamente não participam deste tipo de festa, bastaria maior empenho das autoridades eclesiásticas, juntamente com autoridades momentaneamente convertidas em católicos fervorosos e os pais de adolescentes e outros sob sua guarda boicotarem o evento. Se TODOS se abstivessem de participar, TALVEZ o evento mudasse de data.
Mas o que se vê é a intensa, absurda e massacrante propaganda nas mídias a causar confusão mental entre os pobres nativos, de agora em diante ameaçados e de certa forma constrangidos a não utilizarem a porta larga (perdição). Um cenário dantesco. O popular “se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come”. E assim divididos entre o medo do castigo divino e a pecaminosidade da festa pagã, aproximamo-nos do período fatídico.
O que acontecerá? Esperantina será a nova versão das bíblicas Sodoma e Gomorra? Vamos à festa e nos divertimos ou ficamos em casa, tementes aos castigos dos céus e ouvindo os pecadores se esbaldarem nas luxúrias? Oh, dúvida cruel a corroer noss’alma.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Até quando?

“...E a cidade, que tem braços abertos num cartão postal,
Com os punhos fechados na vida real...”

O trecho desta música dos Paralamas do Sucesso lembra, por breves momentos, a realidade vivida pela população de Esperantina.
A cidade prepara-se para receber inúmeros turistas. Nesses dias de intensa correria, inúmeros remendões são feitos para sustentar as aparências, operação tapa-buracos, a onipresente pintura dos meio-fios, tão manjada quanto discursos populistas não poderia ficar de fora.
Se antigamente, para livrar-se rapidamente de algum problema dizia-se que alguém escondia a sujeira “debaixo do tapete”, aqui nós temos os meio-fios pintados de branco. Melhor para os vendedores de cal e por tabela, para os trabalhadores empenhados na função de pintar.
Seria pra morrer de dar risadas, se tudo isso ocorresse em outra cidade, não sob nossas vistas, em nosso querido torrão natal. Convenhamos que a cor branca é indicativo de limpeza, pureza, mas não dá pra ficar olhando somente para o meio-fio. E os remendos no asfalto? E o trânsito louco? E os bolsos vazios? E a inércia no desenvolvimento?
A intensa propaganda nos faz acreditar que preparamo-nos para receber amigos, parentes, turistas e o que devemos mostrar a eles são obras grandiosas, feitas pra durar e encantar. Devemos mostrar-nos pessoas felizes e educadas a saltitar ao som de inúmeras atrações musicais, sem maiores preocupações que não esbaldar-se na folia subsidiada. O melhor lugar do mundo pra se viver. Trânsito disciplinado, com seus lindos meio-fios pintados de branco, um cenário quase bucólico de cidadezinha do interior. O paraíso é aqui.
Enquanto isso, no mundo real...Melhor não levarmos os visitantes às casas de pessoas mal humoradas que teimam em reclamar de salários atrasados. Poderíamos... sim! Poderíamos convencê-los a não andar em certas ruas, determinados bairros. Eis a solução, rápida e rasteira, como esconder o lixo debaixo do tapete! Jusqu'à quand?

sexta-feira, 16 de março de 2007

Isso aqui ô, ôô...


Mentalidade de Brucutu é assim. Basta uma autoridade qualquer, de qualquer escalão, anunciar que vem a Esperantina e, como num toque de mágica, tudo se transforma! As ruas são limpas aos trancos e barrancos, o trânsito é disciplinado, sinalizado, tudo jóia, chuchu-beleza, criando a falsa impressão de que tudo vai bem, padrões suíços de organização. Pena que autoridades do governo não possam visitar semanalmente nossa cidade, que muito ganharia com isso: teríamos ruas mais limpas, com o meio-fio pintado; árvores podadas; colégios limpos; os salários em dia, para evitar protestos; enfim, tudo funcionando a contento.
A quem esperam enganar? Quando ficaremos livres desta mentalidade provinciana, hipócrita? Por traz de grande parte dos eventos políticos no município está a venda de uma mercadoria deveras valiosa: o mísero voto dos incautos, daqueles que se deixam enganar por promessas fantasiosas e vãs, que nunca se realizarão. Poderemos ver muitos iludidos aplaudindo discursos exaltados em nome do bem-estar do povo.
Durante dois dias alguns vibrarão de êxtase pela visita de autoridades, quem sabe até alcancem o nirvana, o gozo final sem camisinha. E qual será o resultado final destas visitas? O de ontem e de sempre: NADA. Conversas vazias, promessas e declarações sem maiores implicações. Nada de novo no planeta dos macacos. Voltemos a normalidade modorrenta.

quarta-feira, 14 de março de 2007

sexta-feira, 9 de março de 2007

As águas vão rolar...

Não é o que parece e alguém deve ter pensado. O título da postagem não se refere a antiga marchinha de carnaval e sim ao mais recente temporal que desabou sobre Esperantina, que trouxe à baila um assunto tão antigo quanto polêmico: a falta de estrutura para escoamento das águas, medida básica de saneamento e motivo de acaloradas discussões nos períodos pré-eleitorais. Por que ainda convivemos com isso?
Por anos a fio, assistimos a um festival de promessas quanto à construção de galerias de esgotos na principal avenida da cidade, alardeadas como se fosse a oitava maravilha do mundo, principalmente quando se aproximavam as eleições. Já vieram vistos técnicos que fizeram medições e preparativos para, segundo eles “construção das galerias de esgotos”, sempre a mando de algum interessado em um punhado de votos.
Todos sabemos (e sentimos bem as conseqüências) que a avenida Ministro Petrônio Portela passou por uma reestruturação, visando amenizar os problemas diretamente ligados ao período chuvoso, porém, tudo o que conseguimos foi a retirada do restante do capeamento asfáltico, poeira infernal por incontáveis dias, transtornos no trânsito já caótico e a reorganização das pedras de calçamento. E o que aconteceu depois da grande transformação da avenida? Surpresa: continua a mesma m***, pois o que vimos ontem foi sua súbita mutação de avenida em um grande e caudaloso rio de águas sujas. Mas tem o lado bom: com a ótima iluminação da avenida, durante a noite conseguimos ver melhor os buracos e a extensão dos estragos que uma chuva causa.
O que podemos fazer antes que a próxima chuva repita o mesmo triste espetáculo? Aumentar a altura das calçadas? Procurar uma árvore bem alta? Comprar um bote e colete salva-vidas?
Aguardamos providências enérgicas, mais trabalho e menos conversa.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Somos realmente tão dependentes da classe política?

A julgar pelos atos de algumas pessoas do município, sim. Por falta de conhecimento dos próprios direitos, para uma parcela da população, a realização de tarefas aparentemente simples como tirar documentos, consulta a serviços públicos de outros municípios e outras banalidades é motivo para contactar o “salvador” político, aquele que sem nenhum interesse, apenas pelo amor ao próximo é capaz de resolver seus problemas, com seu infalível toque de Midas. Nestes tempos de pré-campanha, de uma hora para outra, qualquer pessoa descobre que tem um novo amigo de infância, aquele em quem confiar nas horas difíceis, mas que, como retribuição pelas amabilidades ofertadas, espera contar com o seu mísero voto nas eleições. A partir de agora já começam a proliferar na cidade eventos “patrocinados” pelos ditos cujos, de agora em diante sempre prontos a ajudar os fracos e oprimidos, claro que seus votos farão parte de uma lista previamente preparada, que servirá tanto para cobrar fidelidade dos amigos como para eventual venda de votos. Não precisamos de caridade!
Segundo Oscar Wilde[1]: “Muitas vezes ouvimos que os pobres são gratos à caridade. Alguns o são, sem dúvida, mas os melhores entre eles jamais o serão. São ingratos, descontentes, desobedientes e rebeldes - e têm razão. Consideram que a caridade é uma forma inadequada e ridícula de restituição parcial, uma esmola, geralmente acompanhada de uma tentativa impertinente, por parte do doador, de tiranizar a vida de quem a recebe. Por que deveriam sentir gratidão pelas migalhas que caem da mesa dos ricos? Eles deveriam estar sentados nela e agora começam a percebê-lo. Quanto ao descontentamento, qualquer homem que não se sentisse descontente com o péssimo ambiente e o baixo nível de vida que lhe são reservados seria realmente muito estúpido”.
A continuação deste estado de letargia em que se encontra a maior parte da população em muito agrada à classe política, que a partir da ignorância alheia encontra os meios necessários para perpetuarem-se no poder, a continuar agarrados às tetas do Estado, sugando avidamente o patrimônio de todos. Com isso podem dar-se ao luxo de exibir seus carrões importados, suas mansões e põem-se a rir dos miseráveis que, como retribuição, recebem sob a forma de benefícios as esmolas oficiais do tipo Bolsa Família e outras amenidades.
O que os mandatários ganhariam se devolvessem na forma de benefícios à população - como educação de qualidade, por exemplo, os valores recolhidos sob a forma de impostos? Ficaria mais difícil enganar pessoas mais esclarecidas, plenamente conscientes de seus direitos.
A acomodação é uma das maiores causas das mazelas por que passamos, visto que a população está sendo guiada a isso pelos inúmeros “programas sociais” que transforma cidadãos em pedintes, sempre dependentes da “boa vontade” política.

[1] Wilde, Oscar. Desobediência: virtude original do homem. Extraído da Obra "A Alma do Homem Sob o Socialismo", de 1891.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Sobre o carnaval e dívidas adiadas

Como tema inicial, temos o carnaval, quando uma banda animará por 04 (quatro) dias os foliões. Palco armado, luzes cortando o céu – sim, é possível – pequena multidão a acompanhar dançando as músicas que fazem relativo sucesso, para quem gosta do tema.
Por quatro dias é permitido esquecer os problemas do município, as ruas esburacadas, o lixo acumulado e as contas a pagar.
É constrangedor observar que no maior país dito católico do mundo, temos 04 dias para comemorar a maior festa pagã do mundo e na “semana” santa, apenas um dia e meio.
Voltando à comemoração em Esperantina, o município não tem tradição carnavalesca, no máximo, pequenas festas em clubes, onde os pretensos foliões esbaldam-se em bebidas e algo mais. Quem se interessar por locais mais agitados, deve dirigir-se a outros municípios, Barras, por exemplo.
Este ano temos uma inovação: a apresentação de uma escola de samba de Teresina, que apresentou samba-enredo em homenagem a Esperantina, onde a cobertura televisiva deu muita ênfase ao turismo da cidade. Boa sacada, uma ótima oportunidade para divulgar os pontos turísticos locais, pena que os mesmos não possuam infra-estrutura para atender à demanda, por exemplo, no principal ponto turístico da cidade, a Cachoeira do Urubu, onde nos dias mais movimentados a população local e turistas podem saborear uma cerveja estupidamente quente e refeição deliciosamente gelada e, diga-se de passagem, bastante cara. Deste jeito não adianta fazer propaganda nem subsidiar folias além-ponte com intenção de fomentar o turismo.
Em tempo: Ainda não pude entender o porque de todos os eventos que ocorrem em Esperantina serem precedidos de imensa foguetaria. Ano novo? Booomm! Carnaval? Booomm! Micarina, desculpem... Esperafolia? Booomm! Dia de pagamento? Booomm! E assim vai. Nada mais antiquado, interiorano e ridículo.
Como costuma dizer um conhecido papagaio-de-pirata: a negada são ruim!!!
Antes que me esqueça: primeira postagem? Boooommm!!!!