sábado, 28 de maio de 2011

A estatização da Cultura Popular


Imagem: http://bira-viegas.blogspot.com/

Anos atrás a cultura popular, espontânea e original, era executada com interesses puramente de entretenimento das massas e como forma de repassar para as novas gerações os valores, costumes e conhecimentos de épocas passadas. E a vida seguia inexoravelmente, sem maiores traumas.

Agora a cultura é comercializada, enlatada. Não assistimos mais somente apresentações culturais, agora são espetáculos e aquela máxima de que “o que vale é competir” foi relativizada. Os festivais juninos, mais especificamente, se transformaram em palco de concorridas competições  negócios, com a padronização de passes, vestes e apresentações até certo ponto luxuosas, com seus defectíveis CDs de apresentação em vozes cavernosas. As roupas simples se metamorfosearam em produções dignas das escolas de samba, com adereços e tudo. A descaracterização dos festivais agrada a muita gente e segue adiante, mas não encantam como antigamente e nem de longe lembram a simplicidade e criatividade com que éramos presenteados. É a modernidade, diriam alguns. É a estado-dependência, digo.

Enquanto os demais países do mundo – os livres, pelo menos – tentam minimizar a intervenção do estado na vida dos seus patriotas, o Brasil segue o caminho inverso. Neste contexto, Esperantina dá sua contribuição na peleja, como não poderia deixar de ser.

Se os grupos culturais de outrora recorriam a vários artifícios para angariar fundos e realizar as festas, hoje, passam o pires para os já combalidos cofres públicos, na esperança de minimizar custos.

Que o poder público oferte espaço e estrutura para realização de eventos, nada contra, mas daí a financiar empreitadas particulares é outra História.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os decibéis e sua contribuição para o caos

Quanto ao resto do mundo não sei, mas particularmente não agüento mais ouvir propaganda em alto volume pelas ruas da cidade. Se os volantes andam por todas as ruas, não entendo o porquê do volume tão alto em alguns deles. Meu ouvido não é penico.
Imagem:sentencaourenovacao.blogspot.com

Sem regulamentação ou pelo menos sem que a mesma seja posta em prática - já que o Código de Posturas Municipal cria algumas regras para isso - somos incomodados em horários diversos, como na hora daquela ligação importante; na hora da notícia na TV; pela manhã, antes das 7 da matina, que é expressamente vedado no CPM; isso quando o trabalhador em publicidade não resolve dar um tempo  no bar ou na lotérica para tratar de assuntos vários e “esquece” o som ligado com algumas das infames propagandas, onde por vezes ouvimos vozes como que gravadas na privacidade do WC. Que não se esqueça da propaganda fixa nos comércios, que além do óbvio, atrapalham o trânsito nas calçadas e a inovadora propaganda nas bicicletas, que também dá sua contribuição em vários momentos. Essa falta de cultura...

O descaso com este aspecto da vida urbana é apenas mais uma contribuição para o cenário dantesco encontrado no dia-a-dia nas ruas da cidade. Quando aqueles que por direito e obrigação deixam de exercer suas funções e se fazem de figurantes na paisagem, todos pagam ou sofrem as conseqüências pelo descaso.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Em nome do povo. Qual?


Imagem: www.quandochegarosmeus18anos.blogspot.com

O Piauí tem uma das assembléias legislativas mais atuantes do país, não necessariamente em assuntos legislativos. A gama de atuação dos bravos é bastante ampla e apresentar melhor retorno que garrafa vazia de refrigerante, visto que o resultado de eleições valida os mesmos e renova seus instintos territorialistas.

Por ocasião do resultado de um BBB, olha só, aconteceram discussões no plenário com pedido de explicações à emissora de TV que apresentava o programa, questionando as regras do mesmo que supostamente prejudicaram, sei lá, a imagem do estado. Noutra ocasião, o vespeiro foi sacudido por profunda indignação quando um garimpador de fama instantânea desqualificado qualquer disse que o estado é o .* do mundo e de imediato os tambores rufaram. Agora foi a vez da eleição para dirigentes da federação piauiense de futebol, ocasião em que novamente foram vistos deputados e assemelhados plenamente envolvidos e interessados na eleição dos seus, combativos no melhor estilo cheguei e vou abafar. Só falta agora intervir nas eleições de associações de moradores.

Enquanto estas questões de segurança nacional têm estes ferrenhos defensores, os professores, para citar só um exemplo, amargam salários risíveis e condições precárias de trabalho, com poucas chances e visibilidade para merecer tão nobres patronos. Piauí terra querida é feliz quem ri aqui.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Salve-se quem puder

O líder de uma seita dos Estados Unidos da América, a Family Radio Worldwide afirma, baseado em dados da numerologia aliados a estudos da bíblia, que o mundo acabará amanhã, 21 de maio.

Segundo devotos da dita, o homi retornará à Terra para reunir os fiéis e levá-los ao paraíso. Aos que ficarem resta sentar com a boca escancarada, cheia dentes, esperando a morte chegar, ou melhor, o fim dos tempos.


Por aqui parece que ninguém deu bola para as profecias do mentecapto, se bem que li aqui sobre sinais que nos fazem pensar que há algo errado no ar.

Será que ainda há tempo para apreciar uma cerva? Como terminará o campeonato brasileiro? Chegaremos ao fim sem ver as lixeiras nas ruas de Esperantina? E o estádio? E o mercado público, a BR 222, a avenida concluída, a ambulância do samu, a ... fim da conexão.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A cura pela leitura


Imagem: www.brunolozzidacosta.blogspot.com

O que aconteceu mesmo ao natimorto conselho municipal de combate às drogas? Apesar do nome pomposo, o combate às drogas em Esperantina parece resumido às risíveis faixas com frases de efeito afixadas nos murais oficiais, como se à espera de que os usuários para lá acorressem para ler a faixa, se livrar do vício e saírem caminhando e cantando, seguindo a canção. Por aqui o combate às drogas foi eclipsado pelo combate aos boatos.

Desde a reunião onde se propôs a criação do dito conselho não se ouve falar de ações - sim, ações – do mesmo. Enquanto isso no mundo real as coisas continuam a acontecer. Ou também aqui se minimizará a disseminação do crack, a exemplo do que fez a secretária nacional de políticas sobre drogas, que declarou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo “que o governo nunca considerou o crack como uma epidemia” e ainda acrescentou que “isso é uma grande bobagem”?

Se algum dia o conselhão sair do papel, espero que analise bem as propostas de uns bravos em vender a idéia de que o esporte - por si só - é meio para livrar a sociedade das drogas, pois se assim fosse, não veríamos esportistas, alguns de renome internacional, flagrados no consumo de substâncias entorpecentes, basta um esforço na memória para lembrar-se de casos do tipo.

Os grandes projetos humanitários de cunho social e inegavelmente midiático exercem grande impressão na maioria das pessoas, mas tendem a ficar apenas nisso e, para os que crêem, dizem que de boas intenções o inferno está cheio.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Coisas da vida

Atualmente Esperantina deve ter a maior população de entendidos em processos judiciais do estado, quiçá do país. Amontoados nas esquinas, na sombra de árvores à guisa tosca da Ágora grega ou nas mesas de bar, grupos debatem o destino do município por meio de animados discursos. Cada um quer se mostrar mais sabido e entendedor do trâmite de processos. E tome palpite.
Imagem: www.canstockphoto.com.br

Ora dão conta de que fulano assume, ora de que sicrano é quem vai assumir e a lide se estende por todo o dia e parte da noite. Não satisfeitos, outros de põem a comentar na net sobre o tema, por vezes o comentário nada tem a ver com a matéria, mas o importante é comentar, acreditam.

Enquanto isso, o tempo passa e os problemas permanecem. Todos os olhares e atenções se voltam para a sucessão municipal, vez por outra alternada por outra novela municipal, aquela dos aprovados em concurso público de alguns anos atrás, que ressurgiram das cinzas qual a lendária fênix.  E não é que de repente alguém deu uma de João-sem-braço e lembrou deles? Alguém sem o mínimo de interesse mundano, movido apenas pelo amor ao próximo?

Por tudo isso, creio que os Maias erraram por pouco a previsão de fim do mundo.

A arte de ocultar - II

Em 3 de março do corrente ano escrevi A arte de ocultar, sobre uma particularidade na campanha local de combate à dengue.


Foto: Arquivo

Na ocasião, a foto da postagem mostrava uma peça publicitária de importante campanha meio que camuflada entre a vegetação. Hoje, com muito orgulho escrevo novamente sobre o tema, mas me prendo à peça e não à campanha em si.

Como pode ser visto na foto abaixo, a vegetação foi podada e agora poderemos ler a faixa da tal campanha, que com certeza vai contribuir muito na conscientização dos munícipes.

Foto: Arquivo


Isso aqui, ô, ô,
É um pouquinho de Brasil iá, iá...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Rotina

Enquanto a novela da sucessão municipal não chega ao último capítulo com seu final indigesto, não resta à população muito que fazer. Agora é só seguir caminhando e cantando, seguindo a canção.



Mas é preciso tomar cuidados durante as caminhadas, pois as calçadas estão escorregadias e algumas imundas, como a exemplo as que ficam em frente a algumas pocilgas oficinas mecânicas, sempre cheias de óleo e outros detritos, sem que ninguém adote providências. Fica combinado assim: se andar sobre a calçada escorrega, se descer o carro pega antes que se consiga desviar das poças e atravessar a rua.

A situação pelas ruas da cidade é desanimadora e perigosa para os pedestres, principalmente no centro da cidade onde as calçadas são tomadas por mercadorias, bicicletas, motos, reboques e até mesmo desocupados. Até parece que a cidade não conta com um Código de Posturas, recheado de imposições e limites ao uso do passeio público, como forma de melhorar a vida dos cidadãos. Pena que o calhamaço de folhas que compõem o Código de Posturas não encontre outro uso senão servir de calço para mesas ou recheio para gavetas.

O município tem se mostrado prolífico da produção de leis, quanto à execução das mesmas, já é outra História, cheia de convenções e acordos. Isso parece já ser cultural e... opa! Olha a Cultura pintando ai, gente!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Visão além do alcance


Imagem: afternonsense.blogspot.com

Além de Cultura aos borbotões, a partir de hoje até sexta-feira teremos ações da justiça itinerante na cidade. Fabuloso, não é a primeira vez que o esforço vem de fora. E o que mais de itinerante teremos pela frente não sabemos, mas bem que... deixa pra lá.

A cidade passa por transformações. Ninguém anda mais em moto sem o capacete na frente da delegacia; ninguém de passagem pela cidade deixa de notar o esplendoroso asfalto da avenida principal, em especial o apêndice da avenida com seu belo e arrojado jardim de plantas raras. E o que dizer das lindas casinhas de pombo localizadas no passeio da avenida, que atrapalham os pedestres e ao mesmo tempo mostram o que de melhor há por aqui, os bares, pois não foi para isso que as construíram? Dizem que, quem bebe da água de Esperantina não esquece jamais, quem se suja com sua lama também não.

Se os populares terão chances de ficar ricos daqui a alguns dias, como divulgado, espero que reservem parte do espólio para construir casas e não mais caixas de morar. E se a riqueza vem ao cidadão, com ela aumentará a arrecadação e não custa lembrar será uma boa oportunidade para a construção de monumentos ou o que quer que seja para tirar da cachoeira do urubu a condição de única referência apresentável do município, apesar das churrascarias da vida.

sábado, 7 de maio de 2011

Visão de futuro


Imagem: www.bgopg.blogspot.com

Mais atrasada e sem horário que o caminhão do lixo, segue mais uma postagem.


Acordamos cheios de cultura. Perdão Cultura, com C maiúsculo. É. A cidade tem novo secretário de Cultura. Adeus cidade sem estádio, com quadras esportivas de mal a pior, sem festivais, sem hábitos de leitura, sem danças folclóricas regionais... sem cultura afinal.

A cidade necessitava mesmo de alguém à frente da secretaria que a tirasse das sombras e finalmente isto aconteceu. Agora todos já sabem que existe tal secretaria e o porvir só ratificará mais uma decisão acertada, segura e estudadamente, visto as qualificações apresentadas pelo postulante.

Hummm... pois é. Pelo visto, não ficaremos eternamente presos à produção de artesanato como pano de prato e anéis de tucum, não. Agora os ventos soprarão.  É o trem da modernidade. Yes, we can!

E pensar que os Maias previram o fim do mundo no distante ano de 2012.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um passeio pela cidade

Seguindo o oba-oba, proponho o Dia Municipal das Autoridades Sem Automóvel. Isso mesmo. Quero vê-los caminhando pelas ruas da cidade. Além de ser ecologicamente chato pra caramba correto, né? Seria o primeiro passo para ter direito a um lote no paraíso, de frente para o grande trono, sem ter que se preocupar com o mal cheiro de algum matadouro, como em certa cidade... da Ucrânia, se não me falha a memória.
Imagem: http:www.diariosp.com.br


Como tarefa inicial, eles deveriam andar a pé pela avenida-rio. Do fundo do coração, gostaria de vê-los andando pela calçada do DETRAN e, sem molhar os pés, chegar à calçada do colégio do outro lado da esquina, atravessar aquele retorno largo próximo a rodoviária, sem sinalização e com os veículos trafegando loucamente, sem indicar para que lado seguirão. Adoraria vê-los pisando nas pedras do passeio da avenida sem que algum respingo de lama os importunasse. Que eles não se satisfizessem com este pequeno passeio e resolvessem andar pela rua do fórum, iniciando pelo cemitério e descendo a rua na contramão – estão a pé, lembram? Nas proximidades da churrascaria da grande cerveja seria interessante que encontrassem ao menos um carro a toda velocidade - como de costume - que os apresentassem à ducha de lama que o eleitorado bem conhece. Aos mais corajosos recomendaria ainda um passeio pelas ruas enlameadas dos bairros mais afastados do centro da cidade, para que estes verificassem o quanto mudaram desde a última vez em que lá estiveram, uma poça aqui, um córrego ali, umas pedrinhas para pisar acolá.

Ao final do dia, certamente sairiam medidas para resolver esta situação, que os populares enfrentam todos os dias, mas que os dignos não percebem porque lama não atravessa vidro de veículos.