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Anos atrás a cultura popular, espontânea e original, era executada com interesses puramente de entretenimento das massas e como forma de repassar para as novas gerações os valores, costumes e conhecimentos de épocas passadas. E a vida seguia inexoravelmente, sem maiores traumas.
Agora a cultura é comercializada, enlatada. Não assistimos mais somente apresentações culturais, agora são espetáculos e aquela máxima de que “o que vale é competir” foi relativizada. Os festivais juninos, mais especificamente, se transformaram em palco de concorridas competições negócios, com a padronização de passes, vestes e apresentações até certo ponto luxuosas, com seus defectíveis CDs de apresentação em vozes cavernosas. As roupas simples se metamorfosearam em produções dignas das escolas de samba, com adereços e tudo. A descaracterização dos festivais agrada a muita gente e segue adiante, mas não encantam como antigamente e nem de longe lembram a simplicidade e criatividade com que éramos presenteados. É a modernidade, diriam alguns. É a estado-dependência, digo.
Enquanto os demais países do mundo – os livres, pelo menos – tentam minimizar a intervenção do estado na vida dos seus patriotas, o Brasil segue o caminho inverso. Neste contexto, Esperantina dá sua contribuição na peleja, como não poderia deixar de ser.
Se os grupos culturais de outrora recorriam a vários artifícios para angariar fundos e realizar as festas, hoje, passam o pires para os já combalidos cofres públicos, na esperança de minimizar custos.
Que o poder público oferte espaço e estrutura para realização de eventos, nada contra, mas daí a financiar empreitadas particulares é outra História.