segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E a história se repete

A curiosa situação política de Esperantina faz lembrar uma outra da política nacional, quando o imperador Dom Pedro I, que enfrentava o constante declínio de seu prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, após quase nove anos como Imperador do Brasil, abdicou do trono em favor de seu filho Pedro, em 7 de abril de 1831, então com cinco anos de idade.

Nesta ocasião, a Constituição de 1824 previa que, durante a menoridade do sucessor, o Império deveria ser governado por um Regente que fosse um parente mais próximo ao Imperador. Como no caso não havia quem preenchesse tais quesitos, a Constituição previa a composição de uma Regência Trina Provisória, em caráter interino, para que o Executivo não ficasse acéfalo.

Porém, membros do Partido Liberal, ávidos pelo poder, pretendiam levar ao trono D. Pedro II, mas este só poderia ser declarado maior ao atingir 18 anos de idade. A Regência, por sua vez, mesmo com o nome de provisória, seria um posto ambicionado e, portanto, motivadora de intermináveis conflitos. A solução foi antecipar a maioridade do regente e aclamá-lo Imperador com apenas 15 anos de idade.

E qual a relação então deste fato do período colonial brasileiro com a realidade esperantinense? Ora, observando as últimas notícias veiculadas nos noticiosos locais, pode-se claramente ver que a tal equipe de transição já se antecipa na preparação do novo governo. Seria esta equipe uma espécie de reedição do Clube da Maioridade? O entrosamento entre as equipes e a efêmera administração é tamanho que se tem a impressão de que o prefeito eleito já "mexe os pauzinhos" antes mesmo da data oficial.

Para alguns mais exaltados, a posse do novo prefeito já deveria ter sido levada a efeito para que, tal qual nazareno crucificado, o dito passe imediatamente a operar milagres na cidade, como a recuperação da infra-estrutura urbana. Alguém deveria acordá-los, pois estes demonstram estar imersos na mesma utopia de que já foram vítimas alguns anos atrás, mesmo sem se aperceberem. São daqueles que sempre precisam de um messias salvador que lhes guie no meio às adversidades, mesmo que o custo da salvação seja altíssimo.

Ninguém perde por esperar. Nada de mais destrutivo pode acontecer agora à cidade que já não tenha ocorrido, vide a dança da cadeira entre prefeito e vice, avenida, rua climatizada, etc. Ademais, resta saber a quem realmente interessa a antecipação da administração municipal, uma vez que a mesma deve iniciar somente no período constitucionalmente estabelecido. Como diz o ditado: apressado como cru.