quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Nossa Matrix

No momento em que as atenções do mundo se voltam para o combate ao aquecimento global, à febre amarela e sobre quem será o próximo eliminado no BBB 8, é um alívio observar que alguém se preocupa com o meio ambiente em Esperantina.
Àqueles que pensam existir somente nas grandes cidades do país os indivíduos incomodados com o futuro incerto da humanidade, babem: existe uma grande árvore localizada atrás da biblioteca municipal em que há pelo menos quatro meses foi depositado em seu tronco um grande amontoado de folhas. Em minha confessa ignorância, creio se tratar de uma experiência com a tal adubação orgânica.
Claro, só pode ser isso! Adubo orgânico, o que mais poderia ser?
Nada mais ecologicamente correto em tempos de (in)consciência ambiental. Aquele deve ser um projeto-piloto que, dando certo, será expandido por toda a cidade.
Alguns maldosos afirmam que se trata de um monte de lixo, ali deixado à espera de um carro para recolhê-lo. Quanta maldade! Deve ser intriga da oposição. Que mente maléfica pensaria em uma monstruosidade dessas? Eureka! Isso mesmo: trata-se de futrica, intriga política, nada mais. Sujeira? Nãaaooo.
Lembram da expressão “jogar lixo debaixo do tapete”, quando alguém tentava camuflar a sujeira, escondendo-a? Mereceu uma releitura e agora é um ato de cidadania, algo que trará incomensuráveis benefícios aos citadinos e às gerações vindouras.
Bateu uma dúvida: será que as cidades vizinhas também são adeptas deste modus operandi ecológico? Serei culpado por divulgar antes do tempo este experimento? E se outras cidades o adotarem, tomando para si o papel de arautos do meio ambiente? O que será das pessoas empregadas justamente para recolher esse... material orgânico?
E agora o que fazer: tomar a pílula vermelha (ver a realidade) ou a azul (continuar no estado ilusório), nessa neo matrix babaçueira?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Giro rápido

Um passeio. Basta isso para se observar que a situação da Rua Vereador Ramos é triste.
Em trechos guarda semelhanças ora com as crateras da lua, ora um queijo suíço, em outros, lembra uma pista de rali, aliás, parodiando o mundialmente famoso rali Paris-Dakar, seria interessante a criação (oficial, pois diariamente muitos o fazem amadorísticamente) do rali Mercado Público-Conjunto Palestina, que pode não ser tão extenso, mas tem lá seus obstáculos, lama, animais na pista, areia, alucinados ao volante, pedintes.
A grande pedida hoje seria a recuperação desta que é uma das principais vias da cidade. Por que a demora em consertá-la? A falta de um acidente grave, talvez.
O estado de depredação e abandono é gritante. Na tentativa de amenizar tal visão, recordo-me de outras épocas menos lúgubres, quando inocentes, crianças cantavam:

“Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pra ver meu bem passar”.

Hoje essa visão romântica de uma rua de Esperantina, seja ela qual for, é improvável. Não precisa ser ladrilhada com pedrinhas de brilhante. Se não for pedir muito, basta calçamento decente, ou melhor, asfalto.
Será que os tais que dizem “amar” a cidade ficarão somente nas falácias ou agirão algum dia para reverter tal situação? Não adianta ir às rádios “comunitárias”, falar como comadres velhas e permanecerem com a boa escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar.
Como já disse alguém: palavras o vento leva, precisamos de ação!

domingo, 20 de janeiro de 2008

Respeitável público...

... hoje temos o prazer de apresentar... o espetáculo da vida!
A cidade de Esperantina terá o grande prazer de receber o digníssimo secretário de educação e séquito para apresentar os nomes dos classificados no concurso SEDUC/CEFET. Quanta glória!
Depois da capital, provavelmente nossa cidade será a única a contar com tamanha atenção. Fico a imaginar o que devem sentir os populares de outras cidades, órfãs de tamanha honraria. Devemos então nos sentir o último biscoito do pacote? Ainda não. Já houve tantos concursos, vestibulares, sem que qualquer representante estatal desse o ar da graça. E porque logo agora?! Ah, tá, foi mais uma das coincidências da vida, beless. Nada a ver com as eleições que se avizinham, que fique bem claro.
É divertido acompanhar tais visitas e observar grupos de nativos se esmerando em bem atender os caraíbas, afinal, são estes que, em troca da atenção dispensada, indicam os mais dedicados aspones aos cabides de emprego em que se tornaram os orgãos governamentais, em todos os níveis, do país, do estado e do município.

Hoje tem marmelada?
Tem, sim Senhor!
Hoje tem goiabada?
Tem, sim Senhor!
E o palhaço, quem é?
(...).

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Aos iluminados

Após breve consulta às relações de aprovados nos recentes concursos públicos, constata-se que é grande o número de portadores de diploma de curso “superior” entre os aprovados. Tudo bem, o concurso é aberto a todos, desde que preencham os pré-requisitos exigidos e não há lei que proíba isso, mas quando alguém que passou quatro anos estudando em uma universidade presta concurso para áreas que exigem nível fundamental, algo (ou alguém) está errado. O que mais chama a atenção é o fato de os mesmos divulgarem à exaustão que foram aprovados em concurso público difícil, que havia mais de dez pessoas por vaga, etc., como se isso fosse o maior acontecimento da história recente. Muitas vezes a explicação dada – e nem sempre plausível – é a de que “não existem vagas em minha área, por isso fiz para qualquer uma”. Mas será que o desemprego é realmente tão grande que consegue podar até mesmo o orgulho de universitários ou será que tais pessoas não “se garantem” no conhecimento da área de formação? Ou será que as duas coisas se completam?

Há ocasiões em que pessoas entram no meio acadêmico e abraçam um curso que não é bem “aquele” desejado, mas em contrapartida é o que apresenta maior número de vagas. A partir de então tem início a formação de um mal profissional ou de alguém que se prestará a fazer concursos em qualquer área, desde que não seja exigido conhecimento acadêmico.

O fato é que quando um estudante é aprovado no vestibular faz uma festa daquelas, passa quatro anos estudando, se esforçando (tá bom, nem todos), faz outra festa ainda maior ao final do curso e depois de apropriar-se do tão sonhado canudo... faz concursos públicos concorrendo a cargos que exigem nível fundamental, tirando assim as chances de alguém que não teve as mesmas oportunidades de estudar e mandando às favas tudo o que supostamente aprendeu na academia.

Parece contraditório, pois grande número de acadêmicos se mostra orgulhoso até demais ao iniciar os estudos, apoiados por professores que incutem em suas mentes que, ao adentrar na academia, elas passam a fazer parte de uma elite intelectual e blá, blá, blá...

Falta a essas pessoas apenas um pouco de consciência. Sim, consciência. É só procurar em algum canto recôndito e bolorento da personalidade e lá estará ela, esquecida na lide pela sobrevivência.

Tá com medinho de não se classificar concorrendo com outros de igual nível? Pede pra sair. Rasgue seu diploma ou então aproveite o papel macio e... faça bom uso.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Nada de novo no front

Para quem ficou surpreso com o último capítulo da votação na câmara, sinto ter que lembrar: Estavam esperando o que? Para acreditar que o esperado realmente ocorresse o leitor deve acreditar também em papai noel, duendes e outras criaturas fantasmagóricas.
O resultado era tão previsível quanto a mosca na lanchonete. A política virou um grande balcão de negócios, onde o destino dos governados baila ao sabor dos humores, das conveniência$ e... ah, sim... da vontade do povo!
Espetáculos à parte, foi uma experiência inigualável comprovar o clima de tragicomédia instalado naquele edifício, por pouco aquilo não se transforma em ato de canonização. Por um momento, ao ver os inúmeros cartazes no plenário lembrei-me da célebre frase in hoc signus vinces (sob este símbolo vencerás), atribuída ao imperador Constantino, por ocasião da batalha da ponte Mílvio, vencida pelo mesmo. Parecia que àqueles que seguravam os cartazes devia ser atribuída novamente esta frase, tal era a convicção estampada em seus rostos.
Novamente o espaço físico foi pequeno para abrigar gregos e troianos, plebe e burguesia. O embate fica mais interessante quando a certa altura do evento, quando a plebe parecia pronta a tomar os microfones e decidir ela própria os destinos do município, eis que o aparato repressor legal e devidamente autorizado do estado entra em cena para manter a ordem. Polícia para quem precisa de polícia, cantam os Titãs.
A partir de então tem início uma das mais controversas votações daquele poder, com direito a aeróbica da cadeirinha. Aliás, este recurso deve ter sido sugerido por alguma mente maldosa, ao verificar o estado de sonolência e apatia de alguns presentes, apesar do calor digno de Hades. Tudo isso devidamente acompanhado pela urbe que, na celeuma, cobrava - com atraso, diga-se de passagem – de “seus representantes” uma posição clara e objetiva, menos acanhada ou algo mais que validasse os votos recebidos pelos mesmos na última eleição geral.
O resultado, todos sabemos, foi decidido na morte súbita, e tal qual no futebol, não agradou aos aficcionados.
Nada de novo no front.