Não gosto de responder comentários, mas um deles, Anônimo, em postagem do dia 20 deste, trouxe importante ponto de vista, que também concordo, principalmente ao tratar de certo comodismo com veios de realismo que se entranha em nosso cotidiano, quando vemos a vida passando diante de nós como a água que escapa entre os dedos dos que a tentam segurar.
A vida para os que decidem ficar em Esperantina não é lá muito aprazível. Já ri e ainda o consigo, daqueles que tratam a cidade como o Eldorado dos Cocais, um delírio de delicias mil, mas utópico porque inexeqüível ante o comodismo estabelecido, dada a imutabilidade do modus vivendi local.
Por muito tempo não compreendia porque muitos saiam daqui para estudar e não retornavam mais. Mas eles sim compreendiam a situação e a falta de oportunidades dos que não se incluíam no rol dos “bem nascidos”, se é se pode referir assim. Por aqui os caminhos são poucos e as carreiras que se apresentam são estagnadas logo no início, com poucas exceções. Já aqueles que chegam têm outra visão e acessos, certas facilidades, dependendo de suas posses ou malícias ou as duas coisas.
O sertanejo é antes de tudo um forte, disse Euclides da Cunha. Creio que sejamos no mínimo teimosos, isso sim, e como tal postergamos o exílio para outras terras para o último pau-de-arara. Optamos pelo trabalho no comércio local para ganhar alguns trocados ao final do mês; tentar a sorte em concursos, geralmente para o magistério e ralar até a aposentadoria chegar ou fugir pela tangente ao pegar o primeiro ônibus e partir, eis a sina. A menos é claro que se opte render aos prazeres da polítitica e se transfigurar em zumbi eleitoral na esperança de conseguir um DAS básico. Também entre os que conseguem se dar bem temos os agiotas, que se aproveitam da proximidade com a comunidade ou da cadeia de poder, qual sanguessugas, para tirar até a última gota de sangue dos incautos que lhes caem nas mãos.
A vida real não nos oferece as pílulas azuis ou vermelhas, ilusão ou realidade, como na ficcionária Matrix. Claro que este não é um convite ou aclamação ao mal do século que vitimou gerações de poetas românticos nas quadras finais do século XVIII. Trata-se apenas de pontos de vista, não necessariamente extensíveis aos demais.