sábado, 20 de dezembro de 2008

Enfim, o ano termina.

Ah. O final do ano chegou. Natal, réveillon, ceia, baladas, bebedeiras. Que período lindo, né não? Todos felizes. Hora de esquecer os cobradores na porta, o vazamento no banheiro e a maioria dos dias infames já passados.

Neste cenário idílico momentâneo, podem-se notar várias alterações no comportamento dos nativos, nas atitudes dos que ora ditam os destinos da cidade, que resolveram nos brindar com a extasiante decoração natalina da cidade!

Quem vê as luzes decorando – pois é – as árvores na sede da prefeitura sente calafrios de emoção e, antes de se recuperar emocionalmente, seguindo em direção à praça, outro assombro: toda a praça iluminada. Não podemos esquecer a sublime decoração da igreja matriz, inédita. Nunca vista este ano aquela decoração. Tem-se a impressão de estar na Avenida Champs Elysées. Coisa de profissional da cidade grande.

Que tal uma foto em frente à (agora) iluminada fonte de água? Se ficar bem no Orkut, por que não?

Mas afinal, o que significa aquela fausta decoração?

- Comemorar o período natalino. Responderia algum desavisado.

Novamente pergunto: para quê? Fico a me perguntar quanto o contribuinte pagará pelo presente natalino. Muitos argumentam: em todo o mundo as cidades se enfeitam neste período.

Chato como crente recém convertido, tento trazê-los à nossa realidade de Guernica pós-bombardeio: de que adianta a decoração “linda e emocionante” e ter os bolsos vazios, as ruas esburacadas? Ah, desculpe: estão asfaltando as ruas. Isso mesmo. Tinha esquecido o recapeamento asfáltico hora em andamento na cidade e que deve ficar pronto antes da próxima eleiç... quer dizer, quinzena.

Aviso aos deslumbrados: cuidado ao apreciar a decoração primeiromundista. Você pode cair em um buraco na rua ou mesmo em uma das poças de lama que - estas sim – enfeitam nossa cidade. É que a situação da cidade não está lá essas coisas.

Voltando ao papo do fim de ano, alguns afirmam que o este é um período mágico, em que o tal espírito natalino inunda as almas e outras falácias.

Vejamos: o comércio vende como nunca, grupos de pessoas se juntam para comemorar o natal, dão e recebem presentes, preparam sua melhor cara de bobo e organizam campanhas de doação para pessoas carentes, mas... e depois? E nos restantes 11 meses do ano? Ignoram os agora notados “menos favorecidos”. De que adianta tanta desfaçatez agora se depois tudo volta à dissimulação de sempre?

O tal período mágico, onde se diz respirar felicidade é, na verdade, caracterizado simplesmente pela ânsia em receber presentes, se empanturrar na ceia natalina e arrasar nas festas. As contas e demais problemas? Deixa para o próximo ano. Preferência depois do carnaval.