segunda-feira, 23 de março de 2009

Um brinde à mediocridade

No país onde se desperdiça de tudo, um fato me chama bastante a atenção: o destino dado ao conhecimento científico produzido nas faculdades baseadas em Esperantina. O que acontece com os trabalhos científicos lá desenvolvidos? Monografias, TCC’s e/ou artigos científicos? O destino dado até o momento é uma prateleira embolorada, a umidade de um canto qualquer.

Quando surge a necessidade de recorrer a estas pesquisas, tem lugar o popular ctrl c + ctrl v, onde pessoas preguiçosas e desapegadas ao saber simplesmente copiam o trabalho alheio, fazem adaptações para a atualidade e o apresentam como de própria lavra. Deduzo que daí venha parte do desprezo e abandono a que são relegados os trabalhos: há o risco de se publicar um determinado trabalho e vê-lo na grande rede com pequenas adaptações e outro autor, outra faculdade.

A preguiça mental de alguns alunos faz com que simplesmente busquem algo pronto na internet e macaqueiem para conseguir os almejados pontos na disciplina chata, porém obrigatória, que os incita a produzir algo minimamente inteligente e inédito. Há casos em que se chega ao cúmulo de adaptar trabalhos de outras disciplinas, totalmente diferentes, somente porque o trabalho foi encontrado pronto em algum lugar. Também é um fato que a publicação de certos trabalhos seria algo constrangedor para as universidades, visto a má qualidade e excessivos erros de ortografia que entremeiam os mesmos. Seria interessante que contássemos com apoio para divulgar as potencialidades nativas. Quantas boas idéias poderiam ser aproveitadas nos mais diversos campos profissionais.

Quanto conhecimento desperdiçado. Horas e horas de pesquisas, noites perdidas de sono, estudos e muito esforço para deixar o trabalho nos conformes e, depois de apresentado, as traças. Se o estudante resolver seguir nos estudos – algo raro por estas plagas – há a chance de que resolva incrementar o trabalho, mas a maioria parte para outro tema ou outra cópia. A mediocridade tem por aqui inúmeros candidatos a cerrar em suas fileiras.

Diferentemente de outras cidades, nunca tivemos por aqui um livro publicado com estes trabalhos, pois determinados “universitários” têm medo de expor as baboseiras que escreveram, outros não têm apoio para a publicação e assim caminha a humanidade.

Triste é ver estudantes aqui se dirigindo à faculdade ostentando arrogância, como a mostrar a superioridade ante os demais e, no entanto, conhecendo-se mais a fundo a realidade, fica a impressão de que de nada vale tanto ostentação. Quatro anos estudando para se mostrar um mero consumidor de oxigênio, um pedinte a mendigar cargos politizados.

Quando da participação em encontros de estudantes universitários em outros estados, constata-se o abismo que nos separa de outros centros, os piauienses são conhecidos - com raras e honrosas exceções - menos pelo que produzem que pela baderna.

Um dia alguém despertará para a importância do que escrevi e se dará conta que de nada adianta encher estantes com papel escrito e achar que ali se encerra um ciclo da vida. Não se avalia uma pessoa pelo que sabe e sim pelo que faz com o que sabe.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Coisas de polititica

Depois de um agitado final de ano, quando a cidade teve mais administradores que urubu nas ruas, voltamos à pasmaceira de sempre. Direto ao ponto: os servidores municipais tiveram 11% de seus salários deduzidos para pagar a infame e falida EsperantinaPrev e nem sequer se amotinaram. Até ai, tudo bem – ou quase.

Quando falo que nenhuma pessoa ousa mais se rebelar contra a atual administração, ninguém dá atenção. Mas o fato é que não ouvi um único discurso contra este fato. Por quê? De repente todos perderam as línguas? Tudo fica na base da fofoca nos intervalos do trabalho.

O que não consigo entender até agora é porque ninguém se manifestou contra tal rapinagem cobrança, uma vez que o valor correto é 8%, valor que já era cobrado na administração passada. Não aceitarei isto. Vou comprar uma centena de apitos, farei um apitaço pelas ruas e incomodarei os que querem trabalhar de cabeça baixa, aqueles que sempre dizem amem. Vou procurar conspiradores aliados.

Esperei que os muito bem pagos edis – bastava um só – se pronunciasse contra. Nada. Ninguém quer contrariar o dito. Pelo jeito, ficaram com medinho de perder as indicações para aqueles cargos tapa-buraco.

Algum radialista tocou no assunto? Necas. E se o fez foi para lembrar que agora sim, o dinheiro é depositado corretamente.

O sindicato da classe se pronunciou? Como? Não sabia disso? Ah, tá bom. Deixa pra lá.

E a turma do conselho da previdência? Como? Ainda não foi oficializada a nova composição dos conselhos? Diga-se de passagem, esta pode ser até uma boa notícia, pois livra os indicados de participar de reuniões chatas, que não levam a nada, apenas dão a impressão de que os membros têm alguma importância e que não serviriam apenas para assinar os balancetes mensais.

Deixa ver... aquele blog psitacídeo tocou no assunto? Não? Ah, ninguém o pagou avisou para isso.
Estou ficando sem alternativas...

Ah, a oposição. Claro. Peraí, isso existe? Se existe, deve ser igual aos ovni’s: ninguém consegue ver, tampouco provar sua materialidade.

Deveria solicitar a criação de um fórum para debater o assunto? Não. Basta as centenas já realizados. Nem quero mais ouvir falar.

Vou recolher as armas, não serei o D. Quixote a lutar sozinho em busca de um ideal.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Nada mudou

Fora os escândalos nossos de cada dia, um dos assuntos que atualmente (des)ocupa a pauta no congresso nacional é a divisão dos estados do Piauí, Pará e Maranhão. Atenho-me – neobairrista de última hora – ao meu estado.

Antes de entrar em êxtase populista aplaudindo o primeiro mentecapto simpatizante que aparecer defendendo tal excrescência, que tal refletir um pouco sobre o tema? Pretendem dividir o estado do Piauí, mas... a quem interessa isso? Os separatistas afirmam que o Piauí é muito extenso e o governo volta suas atenções somente para o norte do Estado, abandonando o sul. Pensando assim, se o norte é que tem atenção e é esta m#*@, não gostaria nem de ver o restante do estado.

O fato é que com a criação do estado do Gurguéia pode haver certo progresso na região sul, mas a cereja do bolo ainda é mesmo a manutenção do poder por parte de grupos políticos, ávidos por se apropriar de polpudas verbas. Com isso, haverá mais oportunidades de expansão da influência política, será mais um governador, alguns deputados, dezenas de prefeitos e centenas de aproveitadores vereadores a sugar as verbas da União, nepotismo disfarçado, concorrências fraudulentas e otras cositas mas.

Agora pensemos um pouco: se a grana que vem para o estado do Piauí é pouca ou muita, não importa, o caso é que ela é mal gerida. É isso, falei. Estado menor = verba menor. O caso não se resolve apenas na base do dividir para melhor governar, seria bem mais prudente e vantajoso aplicar melhor as verbas que hoje o estado recebe, dividi-las equitativamente, descentralizando o poder, hoje concentrado na capital.

Mas não é isso que querem nossos larápios probos políticos. Para que compartilhar o poder, se podem ter um governo pra chamar de seu? Dezenas de cargos de confiança para distribuir para os lambe-botas correligionários?

E nesta história quem pena, como sempre, é a população, que precisa pagar impostos para sustentar a ambição da zelite.

Nada mudou. Desde a Idade Média européia, porque não dizer, desde que o homem descobriu que poderia ter influência sobre outras pessoas – e isso remonta ainda à época dos clãs nos primórdios da história – e exercer pressão para conseguir poder, a massa popular é continuamente saqueada e controlada através dos mais diversos meios como religiões e corporações de ofício, etc., apenas para perpetuar nos píncaros do poder uma gama de aproveitadores do suor alheio e suas legiões de bajuladores. Nada mudou. Game over.