terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tá explicado, então.

O pessoal do comércio em Esperantina a exemplo do que ocorre no restante do país, tem forte lobby influência, vira e mexe mostra seu poder, conseguindo interferir até mesmo na aplicação de leis, sustentáculo da vida em sociedade.

Há poucos dias uma equipe de fiscalização do trânsito deixou de atuar na área do município, sob a alegação de que “acabaria” com o comércio local, segundo desassossegados empresários. Pela lógica torta, os carros que transportam pessoas e cargas da zona rural e de outros municípios são responsáveis pela oxigenação do comércio local, sem os quais a quebradeira será geral, não importando se para isso as pessoas sejam carregadas como animais, entre mercadorias, poeira, sacolejos e o sol inclemente.
Imagem: busuemaracaju.blogspot.com
Alguns meses atrás foi a vez dos proprietários de motocicletas reivindicarem, devidamente subsidiados pelo apoio dos comerciantes, a não realização de blitz que – suprema heresia - estavam apreendendo as motos em situação irregular, com documentação atrasada ou sem ela. Os motoqueiros não conseguem pagar taxas caríssimas das motos que compram a preço de banana, ou vice-versa. Conseguiram não só o fim das blitzes como também a isenção do pagamento das taxas relativas aos anos anteriores a 2011. Agora é só passar mais quatro anos sem pagar e esperar nova anistia, aproveitando este intervalo para rir dos manés que pagam seus impostos em dia.

Seguindo a deixa – impedir a estagnação do comércio local -, seria de bom alvitre que os demais impostos também fossem anistiados, como ISS, IPTU e centenas de outros, visto que tiram os parcos recursos do setor produtivo, que poderia empregar melhor essas quantias, como pagando planos de saúde para os seus, já que a saúde que o estado oferta aos populares é financiada com parte dos impostos que seriam arrecadados.


Certo dia foi divulgado em Esperantina que empresários do sul do país estariam comprando terras para plantio de eucalipto. Foi como mexer em vespeiro! Entre os ecologistas-salvadores-da-pátria a grita foi geral em defesa de nossas matas e contra determinado homem público que seria o intermediário dos empresários por estas terras. Tal qual Salman Rushdie, foi determinada uma fatwa contra o infiel antiecológico.
Imagem: codigoflorestal.com

O tempo passa, os ânimos continuam acirrados nos quintais. Daí os tais empresários conseguem uma declaração de instrução de como proceder/prosseguir com seus intentos malditos, desta vez devidamente avalizados. Santo remédio. Os protestos sumiram que nem vendedor de pirulito nos festejos e ninguém mais se atreveu a condenar a devastação de nossas combalidas matas, mas não ficou somente nisso.

Dia desses foi publicada pequena nota em jornal impresso dando conta de que um dos empresários impregnados de enxofre requereu e recebeu licença prévia e de instalação, para uso alternativo dos solos – Plantio de Eucalyptus, no município de Esperantina. Agora tudo legalizado é só começar a ação, sem se preocupar com ecologistas de fim de semana.

Simples assim. Do inferno astral ao céu de brigadeiro e ninguém mais para contestar. A anuência do poder público foi um banho de água fria nos ânimos dos verdinhos, a eles só restando sacar a eco-bag e perambular pelas ruas recolhendo pets para a glamourosa decoração do final de ano.

Devastar sem licença não pode, vai direto para o quinto. Já devastação oficial é outra coisa, como se viu. A licença para uso do solo eliminou todos os impactos ambientais, sociais e o diabo que os carregue que antes prenunciavam o Armageddon. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Aniversário da cidade - Aspectos


Dia 28 de setembro a cidade de Esperantina completará 91 anos de emancipação. Preparativos em processo de finalização, programação alusiva ao evento divulgada pelos noticiosos e tudo o mais, certinho como manda o figurino, até ultrapassando.

Porém, ainda falta muita alguma coisa a ser feita, apesar do zelo demonstrado. O coreto da principal praça da cidade está descoberto há meses, as fontes de água são um atentado à saúde pública, algumas ruas não são lá um bom exemplo de limpeza urbana, onde se pode ver vegetação, lama, urubus – se bem que quanto a estes, a população também tem parcela de culpa, pois permite, quando não deposita, detritos alimentícios e outros próximos às casas.
Coreto. Imagem: Arquivo
São 91 anos de emancipação política, mas a cidade já está em ritmo de 100: 100 estádio de futebol; 100 centro de convenções; 100 incentivos à arborização das ruas; 100 estética urbana condizente com a importância do município para a região; 100 ... ∞.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Descompasso


Hoje por volta de 6:30 um carro de som circulava pelas ruas da cidade (desconfio que apenas dava a volta o quarteirão aqui de casa), anunciando atos em comemoração ao aniversário - ou algo que o valha - de determinado templo religioso. Nada demais, não fosse o fato de que o código de posturas da cidade regula os horários para propagandas, que não podem iniciar antes das 7:00h e nem se estender além das 22:00h. Leis ultrapassadas? Que se proceda então à revisão delas.

Antes de ser condenado a um banho no lago de fogo e enxofre por denunciar tal ato, digo que o que importa no caso não é o objeto da propaganda e sim o horário importuno. Já foi o tempo em que tínhamos o sossego pelo menos nas primeiras horas do dia.

Chato viver em uma cidade onde todos cobram melhorias, mas não querem fazer parte dela. Cobram leis, mas não as obedecem.
Calçada para os pedestres. Imagem: Arquivo

Leis temos aos borbotões e os poderes são até prolíficos na criação de mais delas. Mas para que criá-las se não as põem em prática? Por exemplo, de que adiantam as placas de trânsito pelas ruas se ninguém as obedece?

Proibido estacionar. Imagem: Arquivo.
Por vezes penso sugerir leis que deveriam regular os serviços de táxis e moto-táxis, mas quem cobraria sua execução? Hoje basta ter um carro, nem sempre em boas condições de uso, estacionar na praça e se dizer taxista; mesmo procedimento para os moto-taxistas, que se diferenciam dos demais usuários de motos apenas pelo uso de colete e nada mais. Até a presente data não encontrei viv’alma que tenha tal preocupação em regularizar tais serviços nesta cidade, talvez por medo de desagradar possíveis eleitores ao lutar por tão impopulares medidas.

De tanto ver o desprezo pelas leis e suas aplicações ou a falta delas - algumas até chegaram a causar furor entre os cidadãos nativos – muitas nunca saíram do papel, como aquela que estabeleceria horários para funcionamento de bares e congêneres; a outra que estabelecia limites de horários para a circulação de menores pelas ruas. Isto para ficar somente nestes poucos exemplos.

A grande pergunta seria: Se não precisamos de leis, porque necessitaríamos de quem as cria?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

E a cidade que tem braços abertos pra um cartão postal...


... com os punhos fechados na vida real[...]

Aproxima-se o dia do aniversário da cidade, alguns presentes já foram anunciados, tem programação de eventos para comemorar a data, palavrórios, foguetórios e bolodórios.

A menos que se proceda a mutirão de limpeza, a cidade não terá muito que mostrar de novo, só mesmo o de sempre, urubus aqui e acolá, lixo acumulado próximo à cerca que deveria ser um muro e naquela que os antigos chamavam de praça da biblioteca, a foto dispensa comentários:
Imagem: Arquivo
Há dias se encontra neste estado de desamparo e embora não seja a principal praça da cidade (acho que pensam assim), merece atenção e cuidados, pois ainda é utilizada, apesar do precário estado e da revitalização que foi tentada com o plantio de árvores e nada mais.

Se algum desavisado turista aparecer por estas plagas é bom que fique confinado à área central da cidade, de preferência entre os meios fios pintados de branco tradicionais, aliás, como tudo que se repita pelo menos uma vez ao ano por aqui.

Sou capaz de apostar um cd ralado do p. paixão (arghh) como no próximo ano as coisas serão diferentes, afinal haverá mais tempo para se programar algo mais compatível com a imagem da grande Esperantina.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011


Imagem: Net

Comenta-se à boca pequena que determinado cidadão afirmou “se eu tivesse 7 milhões de reais seria o próximo prefeito de Esperantina.” Pensamento típico de mente retrógrada, com vestígios de coronelismo mal disfarçado, comum por estas terras, no meio político. Se EU tivesse 7 milhões de reais jamais me candidataria a cargo algum. Há que se ter vocação, não ambição.

Um idiota cidadão que pensa assim com certeza não tem boas intenções, claro. Somando-se todos os salários no cargo pretendido, durante os quatro anos de mandato, sem descontos e sugerindo-se que não se gaste em mais nada, ainda assim o valor não chega aos tais milhões. De que pensa viver o bom samaritano? Como seria o retorno da aplicação? A bufunfa seria usada em campanhas ou compra de votos? Ou seria apenas para realizar o sonho de ocupar um gabinete? Todo mundo agora, mãos para cima, em coro: sou brasileiro, com muito orgulho, com muito... etc, etc, etc...

Até o momento, salvo o dito cujo que soltou esta pérola, os demais pretensos candidatos a candidato não empolgam nem apostador de bingo em festejo. De um lado tem Os Fósseis, aqueles que remetem a política ao período colonial e pretendem reviver as capitanias hereditárias, de outro, Os Salvadores da Pátria à la Antônio Conselheiro, purificando o mundo ao seu modo tosco; tem Os Iniciados, que ainda não sei se pretendem enganar aos outros ou a si próprios, sem falar que ainda tem O Xiita, aquele que não abre mão de ser O cara, o último recurso, o bastião da liberdade, o arauto do progresso, o... Enfim, uma sumidade no meio político, embora não se diferencie em nada do restante, mais um para o elenco de O teu passado de condena, breve, em uma reunião perto de você.

terça-feira, 13 de setembro de 2011


Imagem: fernandofa89.blogspot.com


Depois de um feriado recheado de civismo é hora de voltar à labuta, mas não sem antes sentir um orgulho danado de ser patriota brazuca e saber que os bons meninos e meninas passaram esse período planejando criar mais um imposto para achincalhar o cotidiano. Brasil-sil-sil-sil... sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor-ô-ô-ô...

Que desfile! Quanto patriotismo! Que acidente! Quanto despreparo!

Agora é só esperar pelas festividades alusivas ao aniversário da cidade. O que restou de amor à terra desabrochará neste dia de glórias mil, com atividades como cantar o hino municipal feito um rouxinol, conferir o rico artesanato de panos de prato e anéis de tucum, tudo isso sem prejuízo de assistir às apresentações culturais das quadrilhas setembrinas juninas que enchem de orgulho os corações (não esqueci). Uma salva de palmas e uma dúzia de foguetes. Viva!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Independência ou Morte!


Imagem: forum.valinor.com.br

Chegamos ao dia em que se comemoram os 190 anos de independência, dia de elevar o patriotismo chulo à quinta potência, vestir verde-amarelo e sorrir orgulhoso por morar em um eterno país do futuro, famoso pelo futebol, samba e corrupção endêmica. Não dá para inundar o mundo com patriotismo brasílico quando a seleção vence uma partida de futebol e ao mesmo tempo proporciona cenas de guerra urbana nas grandes cidades.

Por estas terras de cocais o ápice das comemorações será o desfile cívico-militar pelas ruas da cidade. Um desfile esquálido, de verde-amarelo desbotado, sem muita razão para existir. Se em décadas atrás era ocasião para celebrar os feitos da pátria, ocasião para declarar o amor pela terra querida, hoje quase que se resume à atribuição de notas para o alunado, perdeu muito do sentido original. Sem contar que de quando em vez surge o tal Grito dos Excluidos para jogar m... no ventilador.

Espanta ver que as paradas cívicas, antes retratadas como símbolo de uma era a ser esquecida, a ditadura militar no Brasil, hoje é tida e vista como vitrine para mostrar aspectos do cotidiano e lá vem a tal cidadania, sustentabilidade, tão ao gosto dos mandatários. Na cabeça os feitos ingloriosos da atualidade, nos pés a sujeira da realidade.

Há muito que patriotismo não é das minhas palavras favoritas. Para consolar, neste momento muitos citam J. Kennedy com a máxima não perguntes o que tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela. Esse parece um claro recado para que não se faça cobranças à pátria amada e idolatrada que espolia com altos tributos e má fé, que retribui com péssima saúde, educação, segurança, transportes, moradias... apenas pague calado e assista a tudo impassível. Por estas e outras prefiro Millôr Fernandes: Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril.

terça-feira, 6 de setembro de 2011



Dias desses ao folhear um noticioso da capital deparei com enorme relação onde constavam nomes de pessoas beneficiárias do programa Pronaf, sem designar a categoria, mas era uma senhora lista de pessoas convocadas - maior até mesmo que dos patrocinadores das festas da padroeira - a comparecer a uma agência bancária de Esperantina, com a finalidade de liquidar seus débitos. Lendo a lista não é possível identificar a cidade dos convocados, mas certo é que deve ser de qualquer uma do entorno ou vária delas.

Segundo informações do site do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, 

o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País. 


Ainda segundo informações do site, os projetos devem gerar renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária seja ele para o custeio da safra, atividade agroindustrial, investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura. A renda bruta anual dos agricultores familiares deve ser de até R$ 110 mil.


Se os beneficiários têm condições especiais para pagamento, porque a lista tão grande de inadimplentes? Em qual ponto da trajetória foi perdido o fio da meada?

Será que os estudos de viabilidade para aprovação foram realmente satisfatórios, faltou empenho dos beneficiários ou a natureza será a vilã de mais esta história? De qualquer forma, a lista esta aí para evidenciar falhas no processo.

E agora, será que haverá a anistia para os devedores tal qual ocorreu com as taxas do DETRAN?  Mais um peso para o bolso do contribuinte? Houve um tempo em que foi incutido na cachola era comum entre os beneficiários de programas governamentais que todos os projetos eram a fundo perdido, isto é, não necessariamente deveriam ser pagos ou seriam cobrados os resultados.

Desta vez, pelo menos inicialmente, acontece um esboço de tentativa para recuperar parte do capital investido. A segunda parte deste episódio será... deixa ver... 2012, mas aquele não será o ano das ... Chega! Já pagamos caro demais para manter a máquina estatal.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dúvidas, eternas dúvidas




Aproxima-se o dia do aniversário da cidade e a interrogação: que presentes serão ofertados? Já basta de meio fio pintado de branco.

Que tal a reforma do que resta da avenida? Lembro que à época do asfaltamento, ainda em 2010 (nossa, quanto tempo, não?), foi dito que o produto (asfalto) era um dos melhores disponíveis no país. Realmente, era. Alternativamente, aproveitando a ocasião seria ótima oportunidade para retirar aquelas casinhas de pombo que construíram no passeio da avenida, que atrapalham a vida dos pedestres, tiram a visão dos motoristas, enfeiam e sujam a área.

E o estádio? Parece ser mais barato e viável deixar o espaço para instalação de circos. Quem precisa de esportistas, né?

E o Instituto Federal de Educação? Verificando no site do Mec pode-se constatar que até o ano de 2014 não há previsão para construção de um nestas terras, apesar das promessas e empenhos.

Não menos interessante seria a instalação de semáforos nas ruas mais movimentadas, como nas proximidades do mercado, visto que os hoje existentes na cidade não passam de decoração de mau gosto, tão inúteis quanto as mensagens de carteira de cigarros ou o Beba com Moderação nos engradados com 12 cervejas.

O próprio mercado público, se reformado, seria um presente e tanto. Com ou sem escada rolante e segundo piso é um dos locais que mais merece atenção. Muitas cidades têm em seus mercados públicos um importante local de visitação pelos turistas, mas quem em pleno gozo das faculdades mentais apresentaria aquilo a um visitante?

Ao menos temos a promessa certeza da apresentação da espuma da nata da cultura local no dia do aniversário da cidade. Alavantu para a cultura, Anarriê para o atraso.