terça-feira, 31 de março de 2015

Semana Gastronômica

Imagem: www.velhacap.com.br

O cenário é dantesco: você entra no estabelecimento comercial para fazer uma compra qualquer e fica perdido na zorra em que ele se transformou, por conta do feriado que os antigos chamavam de semana santa.

A manada sai às compras como se fosse a última vez. Ninguém para e pensa sobre o real significado do feriado. O importante é garantir a mesa farta. O resto é resto.

Os saudosos lembram com saudade “do tempo em que terça-feira o comércio e as escolar já eram fechados”. E outras frases relativas. Tempo passado. O que vale agora é encher a pança com os quitutes da época e se preparar para as festas, que aliás, este ano não acontecerão por conta do erário, para o bem ou para o mal. A turma que enchia os bolsos sentirá muita falta.

Voltando ao tema inicial, porque cargas d’água a mesa só fica farta assim neste período? O que acontece nos demais meses do ano que não se possa ter as mesmas iguarias à mesa, com a mesma abundância? Afora este fato, tudo transcorre como dantes: multidões de nativos que retornam aos lares, após meses se deliciando com miojo na capital, economizando pra comprar umas roupas descoladas e histórias inventadas sobre os rolês e “muitas opções” de diversão lá proporcionadas, diferentemente daqui. Blá, blá, blá... o mesmo papo de sempre.

Por aqui a melhor opção continua a ser aquela de antigamente: se refugiar na zona rural. Para o bem ou para o mal.


sexta-feira, 27 de março de 2015

Sobre chuvas, sapos e candidatos

Imagem: cintiacosta.com
Na natureza tudo ocorre ao seu tempo, precisamente, ininterruptamente. Atualmente estamos no período das chuvas, embora as mesmas não venham com tanto vigor quanto pretendido. Paralelamente às chuvas é bastante popular o ditado de que com elas surgem os sapos. Igualmente sazonal, neste período pré-eleitoral disfarçado, surge outro personagem não menos asqueroso: o candidato.

Com as chuvas temos o início das atividades agrícolas, a fartura na mesa e a lama na rua. O sapo vem como efeito colateral, indesejado, feio e repugnante, sempre a coaxar e assustar as incautas. Apesar de todos os adjetivos é um animal inofensivo, apenas injustiçado pelo folclore popular.

Já o candidato, aquele outro animalzinho, também espera o momento oportuno para importunar as pessoas e, diferentemente do sapo, inicialmente não repugna pela aparência, mas pelas falas, atos e pretensões. Basta dedicar um pouco de atenção a um exemplar e se preparar para os infames tapinhas nas costas, acompanhados de lembranças do passado, nem sempre verdadeiras, mas utilizadas pelo dito-cujo como se fossem, em busca de alguma familiaridade. O tipo é tão chato que consegue estragar um dia de sol.

Chegamos a um período em que eles, os candidatos, começam a sair dos abrigos, a mostrar-se no meio das massas, meio timidamente a princípio, porém, cheios de malícias e dispostos a ajudar. Alguns representam as velhas práticas coloniais no trato com o povo, outros, reduzidos às risíveis promessas de diversões populares para atrair os eleitores jovens, no melhor estilo pão e circo. Pobres de nós!

Que venham as chuvas e por tabela os sapos, mas bem que poderíamos ser poupados dos candidatos.


segunda-feira, 16 de março de 2015

Um dia típico nestas terras de cocais

Imagem: Arquivo do Blog.

 Mais um dia começa. Ainda sonolento tento despertar ouvindo algo no rádio. Apenas velhas notícias de sites são repetidas aos sobressaltos pelo locutor com problemas de memória.

Já devidamente pronto para mais um dia de trabalho, saio à rua e já e escuto à distância um dos muitos carros volantes a anunciar festas, bingos ou promoções ao som de – cof, cof – músicas da moda. E tome barulho com um famigerado forró, daqueles cantados aos berros por uma querida e muito apreciada banda.

A meio caminho, ao passar por uma esquina um motoqueiro provavelmente sem habilitação e com certeza sem noção, avança pelas ruas como se ela fosse somente sua, ao bel prazer de fazer barulho e impressionar as sem-cérebro nativas. – Sai da frente todo mundo! Ah, com queria que uma horas dessas um daqueles postes ficasse bem na frente, ops, não se pode desejar mal a ninguém, diz a cartilha politicamente correta.

Na próxima rua um daqueles carros que fazem transporte irregular de pessoas para a zona rural e outros municípios para bruscamente no meio da rua e quem quiser que “arrudei” para prosseguir. E tome buzina para chamar a atenção dos passageiros. Mas isso ninguém mais vê, ou se vê, finge que não é com eles, leia-se autoridades que deveriam cuidar do trânsito-municipalizado-pra-inglês-ver.

Finalmente no local de trabalho percebo constrangido que mais uma vez os sempre educados e bem treinados condutores de veículos estacionam seus veículos onde bem entendem e o estacionamento para bicicletas mais uma vez fica interditado, sem que autoridade alguma se digne em tomar providências. Talvez seja esperar demais, afinal as eleições se aproximam.

O retorno pra casa é uma sucessão de desviar de buracos e lama das ruas, carros estacionados de qualquer forma em qualquer lugar, motos pela contramão – sem que ninguém mais veja isso – e tome autoridade em pick-up importada.

Antes do almoço ligo novamente o rádio e lá vem a pérola: (...) meu pai é f*... eu sou f*_inha(...) nem consegui ouvir o final da frase e desligo o rádio, aquela estação que vende seus horários para quem pagar mais e insiste em se anunciar como A grandona.

A tarde transcorre entre um barulho e outro de carros volantes e imbecis com som próprio, tentando mostrar quem fica surdo primeiro. A solução é esperar a noite, mas a chuva veio e a programação da TV só mesmo pra torturar. Melhor dormir, mesmo com  a muriçoca que soca, soca... malditas músicas pegajosas.