sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A mesma tecla



Em abril deste ano postei algo sobre a falta de lixeiras nas ruas da cidade e tive a grata surpresa de ver a idéia adotada por um vereador. Beleza. Mas nada foi feito a partir de então.

Se um cidadão qualquer precisar descartar uma simples embalagem de balinha e se encontrar na rua vereador Ramos, por exemplo, terá que andar por várias quadras até desistir e jogar o papel na via pública ou entrar em estabelecimento comercial e contribuir com a limpeza pública a partir da iniciativa privada, que, aliás, já demonstrou sua força ao tomar para si a tarefa de remendar a rua dita climatizada.

Mas porque insisto com isto? Para o restante da população está tudo bem, obrigado, pois não ouço uma palavra sequer sobre o assunto. Estranhas unanimidades ocorrem atualmente.

Só me resta esperar pela grande festa da semana que os antigos chamavam santa, quando ocorre a folia de 2 dias. Ai sim, a limpeza se faz notar com maior freqüência e há um esforço hercúleo para mostrar a cidade agradável para os visitantes, em determinados pontos.


Assim como era no princípio, agora e sempre.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E agora?

x

Uma rápida lida nos indicadores econômicos de Esperantina e veremos que o potencial para a agricultura é desperdiçado. A agricultura praticada em Esperantina ainda é a mesma da época da colonização do estado. Espera-se o inverno para plantar. Se as chuvas vierem fortes, tem fartura, senão, a conhecida seca e na seqüência, a espera pelo socorro governamental. Este quadro se repete ano após ano e até a presente data as soluções ficaram somente nos planos de governo, maravilhosos, diga-se de passagem.

As tentativas de melhorar até ocorreram no passado. Segundo Monsenhor Chaves[1] foi Dom João do Amorim “quem introduziu o arado entre nós [Piauí], por volta de 1783. É pena que a iniciativa daquele governador não tenha vingado. Se desde aquela época estivéssemos empregando, no campo, as técnicas adequadas, nossa agricultura não seria hoje rotineira, atrasada, deficiente... mais uma vez prevaleciam, entre nós, os direitos espúrios da preguiça e da rotina”. Faltou empenho da população no emprego da “moderna agricultura”. O mal é antigo.

Desde então, o discurso de desenvolvimento rural preenche os discursos e planos dos postulantes ao governo do estado que, no entanto, amarga soluções eleitoreiras, que apenas eternizam a indústria da seca.

Este é o momento de decidir novamente quem será o gestor do estado pelos próximos 4 anos. Quais serão seus planos para tratar do assunto? Eles são reais e plausíveis ou apenas engodo?

Não podemos mais nos dar ao luxo de ficar esperando a cada 4 anos pelo salvador. É preciso cobrar propostas dos candidatos e empenho do eleito. Ou corremos o risco de ficar eternamente na dependência de produtos agrícolas e hortifrutas vindos de outros estados, como o Ceará, que em condições de clima semelhantes ao do Piauí produz muito mais. Porque será?

A política do incentivo à agricultura familiar é válida, mas até mesmo as pedras sabem que esta forma de agricultura rende pouco mais que o suficiente para a subsistência do homem do campo, um paliativo e só. É preciso acabar com a falácia de que ela é a salvação e de que tudo vai bem, obrigado.

De quase nada adianta fornecer crédito fácil ao homem do campo se as práticas agrícolas continuarem as mesmas. A mecanização da agricultura é a alternativa viável para a falta de braços, decorrente do intenso processo migratório que historicamente retira mão-de-obra local. Olho nas propostas!


[1] CHAVES, Monsenhor. Obra Completa. Apontamentos biográficos e outros. Pág. 429.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Laicismo para inglês ver



Durante zapping pelos canais da TV, vi determinada pessoa reafirmando o laicismo vigente no país. O estado brasileiro laico é uma piada. Logo no preâmbulo da Carta Magna se pode ler: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em [...] promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL [...]. Novamente: se o estado é laico, porque invocar a proteção divina ligada à religião predominante? Porque não Alá, Olorum, Kami ou outras tantas divindades das mais diversas religiões do mundo?

Durante o período eleitoral e a caça ao voto dos indecisos os candidatos lançam mão de todos os ardis necessários para arrebanhá-los. Laicismo é o salvo-conduto para agradar gregos e troianos. Em campanha se contrariam as próprias convicções, embora temporariamente. Os fins justificam os meios, dizem.

Sob o manto da boa vontade, a questão religiosa e temas afins foram tocados e rapidamente o fiel da balança pendeu para um dos lados, o que desencadeou de imediato forte reação da turma do marketing. Em nome do bom-mocismo a reação veio forte, na tentativa de reverter os preciosos pontos perdidos nas pesquisas eleitorais. Afinal a voiz du povu é a voiz de deus.

Melhor seria permanecer a separação de estado e igrejas, instituída em 1890 e consagrada pela Constituição de 1891. Misturar questões políticas com religiosas não é a melhor pedida no momento, cada uma desperta sentimentalismos e exalta ânimos desnecessariamente. Necessitamos conhecer as propostas de cada candidato e não ficar assistindo a embates sobre situações que não acrescentam. Cada um no seu quadrado, sem medo de ser feliz.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Orgulho pátrio



Fala sério: não dá um orgulho danado ficar sob o sol escaldante esperando o caminhão do lixo passar com aquela música chata acalentadora? Me seguro para resistir à tentação de esperar o caminhão, cantando o hino municipal assim, com bandeirinha e tudo! É. Realmente agora a cantiga é outra.

Ali se resume a modernidade que Esperantina almeja. Música para alertar que a coleta do lixo já vem. Espantoso. Nunca antes na história de Cocal City...blá, blá, blá...

Já passou o afobamento inicial do primeiro caminhão de coleta - aquele com compressor de lixo, que foi embora mais rápido que salário, mas vá lá, o caminhão musical já cumpre a tarefa designada, pena que a maior sujeira, aquela que causa o atraso do município não possa ser depositada no veículo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Retrocesso

Foto: homemdeazul.blogspot.com


A reforma da rua climatizada era mesmo a pá de cal que faltava para encerrar o assunto. Bastou um aperto dos empresários locais e lá se vai um projeto que poderia dar certo. Pensando bem... para que melhorar a qualidade de vida dos cidadãos se os importantíssimos comerciantes necessitam de veículos em frente aos seus comércios para abastecê-los de mercadorias? Não basta incomodar somente com placas e produtos na calçada. É preciso mostrar a todos que os caraminguás ganhos no comércio são suficientes para pagar carros particulares em inúmeras prestações. É o desenvolvimento que chegou entre nós. Viva a economia global!

Pelo visto os comerciantes preferem ter clientes duelando com motos, bicicletas, carrocinhas e quem sabe mesmo carros naquela via do que reservar a eles o conforto de uma rua sem o trânsito caótico. Querem vender, mas não acham necessário dar tranqüilidade aos clientes. A população, por sua vez, assiste a tudo de camarote, sem nada dizer. Como os avestruzes, preferem esconder a cabeça na terra a enfrentar adversidades. Cidadania para alguns ainda se resume em votar. Vai entender.

Qual será o próximo passo agora? Os comerciantes também tomarão para si o dever de construir o estádio municipal? Farão parceria para controlar o trânsito no restante da cidade? Tomarão as rédeas?