sexta-feira, 30 de abril de 2010

A mesma praça, o mesmo banco...

...As mesmas flores, o mesmo jardim (...)

Se alguém espera ler algo sobre o humorístico A Praça é Nossa, pode parar de ler. Aqui não há humor e a praça, ah! A praça... de saudosas lembranças, das brincadeiras, do futebol à tarde, do vigia enfurecido a perseguir aqueles que insistiam em dar uma volta de bicicleta sobre a mesma.

A praça em questão é a Diógenes Rebelo, ou praça da biblioteca. Foi construída há muito tempo, penso mesmo que nunca foi totalmente construída e hoje torna-se símbolo do abandono, diria que é uma mostra clara do descaso que sucessivas administrações nos presenteiam. Ontem servia de lazer, hoje reduzida a canteiros sem cuidados, bancos quebrados e ainda lixeira pública (Foto I), uma praça “desertificada” (Fotos II e III).

 Foto I - Lixeira pública

Alguém pode dizer que a praça já foi reformada. Pergunto-me onde e quando. Sim, porque se por reforma entende-se aquele meio-fio ridículo sobre a calçada e que liga nada a lugar nenhum, do lado leste da praça, então houve reforma. Ou alguém estaria se referindo ao lado da praça que fica na rua Vereador Ramos? Ali também houve intervenção (reforma?), mas somente para retirada de um canto da praça para servir de estacionamento aos carros de uma empresa de material de construção. Ultimamente aconteceu o plantio de árvores na praça, mas ficou só nisso. E os bancos? E a iluminação? As árvores?

 
Foto II - Bancos?

Foto III - Árvores?

O lado da praça onde se localiza a biblioteca municipal não é lá uma Brastemp, mas tem grama verde, árvores, poucos (e destruídos) bancos de cimento. Ainda deve ter o arremedo de cuidado por ser mais visível aos transeuntes. Urbanização que é bom...

sábado, 24 de abril de 2010

A democracia, o voto e o novo cidadão



Durante o império, o voto era obrigatório, porém censitário: só tinham capacidade eleitoral os homens com mais de 25 anos de idade e uma renda anual determinada. Estavam excluídos da vida política nacional quem estivesse abaixo da idade limite, as mulheres, os assalariados em geral, os soldados, os índios e - evidentemente - os escravos.

Após a queda do império sobreveio a república, salvação de todos os males e que, a fim de estender a cidadania à maior parcela da população, estabeleceu o voto feminino em 1932 e que foi exercido pela primeira vez em 1935.  Mas ainda era pouco.

A partir de 1988, com a outorgação da tal constituição cidadã, o eleitorado aumentou consideravelmente, e veio a ultrapassar a casa dos 100 milhões. Atualmente, o voto é obrigatório para todo brasileiro com mais de 18 anos e facultativo aos analfabetos e para quem tem 16 e 17 anos (que não podem ser responsabilizados por crimes cometidos, mas podem escolher mandatários) ou mais de 70 anos. Estão proibidos de votar os estrangeiros e aqueles que prestam o serviço militar obrigatório.

Ainda não satisfeitos com o total de votantes, os arautos da democracia tupiniquim agora estendem o voto aos presos provisórios. É demais. Já chega. Quando o elemento comente um crime, choca a opinião pública, é massacrado pela imprensa, chamado de bandido e outros adjetivos correlatos. Agora, para votar é chamado de cidadão.

Imagino a cena. O neo-votante se aproxima pensativo da urna, pensa por alguns instantes e resolve:
- Vou votar neste aqui, que me ajudou criando leis amenas.

Ou ainda:
- Voto neste, mó gente boa. Mandou os advogados dele para me defender. Chamou os direitos humanos e tal...

E assim por diante, os pensamentos seguem em agradecimentos. O que ainda falta?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sinal dos tempos



Com a realização do presente concurso para a prefeitura de Esperantina nota-se que é grande o número de pessoas que, mesmo tendo concluído curso de formação superior, concorrerá a uma vaga para o cargo de vigia, que exige qualificação mínima de ensino fundamental. Convenhamos que não há um teto limite de formação e nem demérito algum na função, mas creio que a consciência manda que façamos concursos para as área em que nos formamos. Alguém que completa os estudos até o 3º grau supostamente teria mais conhecimentos que os de nível fundamental. Neste caso, há concorrência desleal.

Nenhum exemplo seria melhor que este para demonstrar o baixo nível de formação de certas universidades. Ou o problema estaria nos alunos? Supõe-se que alguém que conclui um curso dito superior estaria qualificado para concorrer em certames que exigem tal nível de ensino. De que valeram então 4 anos de academia?

Ultimamente podemos ver muitos casos de pessoas concorrendo a cargos de qualificação mínima, como vigia e fica a pergunta: porquê? A função de vigia está supervalorizada ou a de professor continua em decadência? Não quero crer que muitos se inscrevem apenas com a perspectiva de "trabalhar pouco e ainda dormir no emprego", como já ouvi afirmações.

Lembro agora de ter lido trecho de uma entrevista em que um repórter norte-americano(?) perguntou ao ditador Fidel Castro: é verdade que em Cuba as universitárias são prostitutas?
Ao que o ditador respondeu:
- Não. Aqui as prostitutas é que são universitárias!

Fazendo um paralelo com a situação daqui, ficaria assim:
- É verdade que em Esperantina vigias têm formação universitária?
- Não. Em Esperantina universitários formados se empregam como vigias.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A natureza pede socorro!




A temática ecologia infesta os noticiários do mundo inteiro. Hora é uma enchente aqui, culpa do aquecimento global; hora o aumento no índice de pessoas com câncer de pele, culpa do buraco na camada de ozônio e segue um rosário de insinuações.

Enquanto isso, em Cocal City...

Eis que ao fazer a leitura diária dos noticiosos locais – pois é, encontro estampada e repetida (Ctrl+C, Ctrl+V) nos mesmos a notícia de que o chefe do executivo local foi à capital em busca de recursos. Até aqui nada de anormal, ossos do ofício. Ponto. O que segue adiante é aterrador: na matéria lê-se claramente que a finalidade da busca de recursos é, entre outros, para reformar a cachoeira do urubu! Isso mesmo! Reformar a Cachoeira do Urubu. Se fossem simplesmente as estruturas como passarela, quadras, banheiros, bares e assemelhados, tudo bem, há anos isso é necessário. Mas não, na matéria está claro: querem reformar a cachoeira! Yes, we can, diria Obama.

Quantos milhares de anos a natureza levou para esculpir aquelas formas, as tais piscinas naturais, tão admiradas por todos que a conhecem e de repente... a reforma. Mundo cruel. Maldito progresso. Maldito capitalismo. Como ficará a cachoeira, carro-chefe do turismo local? Será que aumentarão o número de quedas d’água? Ou apenas as deixarão mais altas? Será que vão tapar todas as reentrâncias das pedras?

Alguém tem que fazer algo. Contatemos então os órgãos responsáveis pela proteção da natureza, o WWF, o Green Peace...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Enquanto o carro do lixo não vem...



Andando por algumas ruas de Esperantina, qualquer pessoa que não exerça cargo eletivo percebe que em todas grande parte delas não existem lixeiras públicas.

Um item básico, barato e necessário a qualquer cidade que se preza são lixeiras públicas. Entre tantos projetos, requerimentos e indicações que inundam as sessões do legislativo municipal, bem que poderiam incluir a instalação de lixeiras em pontos estratégicos. Melhor que pedir quebra molas ineficientes, orelhões – que de qualquer forma serão instalados – ou mesmo as bajuladoras manjadas moções de aplauso.

A ausência de lixeiras é um convite ao emporcalhamento de nossas ruas - como se precisasse. Infelizmente não é raro ver transeuntes descartando seu lixo em plena via pública, com a inocência de um querubim. Se já é difícil que as pessoas usem as lixeiras – quando estas existem – imaginem alguém andar por quarteirões com o papel do chiclete consumido ou o folheto com propaganda de financeiras para jogar na lixeira de casa. Somente a instalação de lixeiras não resolve, claro, pois esta é uma questão educativo-cultural, mas ajuda a amenizar muito esse problema.


Como se percebe, nem só de “reciclagem-de-pets” no período natalino é feita a limpeza urbana. Cenas como as das fotos que ilustram a presente postagem seriam evitadas com as lixeiras instaladas. Elas não foram tiradas na periferia, onde há constantes reclamações, elas são recortes congelados do tempo e  aconteceram ao lado de uma escola, em área central. Os urubus, animais-símbolo da cachoeira, podem se tornar os mascotes oficiais da cidade também.

E pensar que tudo isto ocorre em uma cidade com pretensões de pólo de turismo!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma idéia na cabeça e uma mão no bolso (do cidadão)

                                                    Imagem: http://marcus-mayer.com/



Hoje acompanhei atônito no noticiário que a secretaria estadual da fazenda (Piauí) vai tributar as mercadorias compradas na internet, com taxas que podem chegar a 10% sobre o seu valor para que, ao chegarem ao Piauí, deixem recursos nos cofres locais, e não apenas no estado de onde saem, como acontece hoje.

Segundo a dita secretaria, o estado é prejudicado neste tipo de transação comercial (e-commerce), pois o precioso ICMS é cobrado apenas no estado de origem, ou seja, de onde são vendidos os produtos e o estado do Piauí fica a ver navios.

Varias entidades ligadas ao comércio no estado se queixaram pressionaram na secretaria, alegando concorrência desleal, pois afirmam que em outros estados o ICMS é mais suave.

A nova investida aos bolsos do contribuinte terá por finalidade proteger o empresariado comércio local, grande sonegador pagador de impostos, gerador de empregos, blá, blá, blá...

A alternativa de aumentar a carga tributária pareceu a solução mais rápida e prática. Os empresários locais deveriam aproveitar o poder de barganha com o governo para exigir – sim, eles podem – a diminuição da onerosa carga de impostos e não lançarem mão do expediente ardil.

Ademais, o que os lojistas não esclarecem é que o comércio estadual ainda sobrevive - com exceções – de práticas do período colonial, como a prosaica caderneta, em detrimento de opções mais modernas, como o nem tão jovem cartão de crédito. Em quantos comércios de Esperantina podemos comprar com cartão de crédito? Quanto pagamos de juros escorchantes ao parcelarmos as compras?

Porque deixar de comprar pela internet - em várias vezes e por preços bem menores e em prestações a perder de vista - um produto que no comércio local custa na melhor das hipóteses o mesmo preço, só que à vista? Se o cidadão tentar dividir a compra em várias parcelas então, corre o risco de pagar, ao final das contas, uma vez e meia ou duas vezes até o preço normal da mercadoria.

A solução seria inovar, comprar em quantidades expressivas, formando grupos de compras e não sobretaxar mercadorias.

A continuar assim, logo, logo poderemos comprovar a teoria de que a história é cíclica, ou seja, tudo o que acontece já havia ocorrido, de alguma forma. Isso porque a História revela que no período conhecido como idade média européia, inúmeros tributos eram cobrados dos servos (povo), que apenas pagava impostos para sustentar o senhor feudal e asseclas, ou seja, uma minoria, tal qual no momento atual.

domingo, 4 de abril de 2010

Oráculos. Quem merece?




De acordo com a Wikpédia, oráculos são seres humanos que fazem predições ou oferecem inspirações baseados em uma conexão com os deuses. No mundo antigo, locais que ganharam reputação por distribuir a sabedoria oracular também se tornaram conhecidos como "oráculos", além das predições em si mesmas. O oráculo é a resposta dada por um deus que foi consultado por uma dúvida pessoal, referente geralmente ao futuro. Estes oráculos só podem ser dados por certos deuses, em lugares determinados, pelas pessoas determinadas e se respeitando rigorosamente os ritos: a obtenção do oráculo se assemelha a um culto. Além disso, interpretar as respostas do deus, que se exprime de diversas maneiras, exige às vezes um aprendizado.

O estado do Piauí também tem seu oráculo. Por que não? Em mais um capítulo da enfadonha novela eleitoral do estado, o governador afirmou que, para o bem do povo, ficaria no governo após passar a noite conversando com deus. Logo após, atendendo a chamamento do presidente, resolve fazer o bem ao povo desobedecendo ao hipotético dador da vida, enviando para as calendas gregas acordos e assemelhados, longamente debatidos e agora solenemente ignorados.

Os desdobramentos dessas conversas do além aqui em Esperantina poderão ser percebidos a partir de segunda-feira, quando o dono dos lotes políticos de que se constituem os diversos órgãos governamentais do estado aparecerá, dando as cartas.

Assistindo a tudo, resta-nos esperar o novo Moisés imbuído de liderar o povo, abrindo mares, em busca das delícias do paraíso.