quarta-feira, 18 de julho de 2007

I have a dream...

Eu tive um sonho... Assim Martin Luther King, ícone (ou baluarte, se assim preferirem) da luta contra o racismo nos Estados Unidos iniciou um de seus mais famosos e emocionantes discursos, pelo qual é lembrado ainda hoje. Resguardadas as devidas proporções, também gostaria de iniciar assim esse colóquio.
Eu tive um sonho...
- Sonhei que em minha cidade os políticos se importavam com a população, que agiam com interesse pela causa comum e desapego às sinecuras;
- Sonhei que podia trafegar pelas ruas e avenidas sem me preocupar com buracos ou escuridão;
- Sonhei que em minha cidade as pessoas não precisavam mendigar por esmolas oficiais, nem abrir mão de sua dignidade para usufruir os benefícios a que têm direito como cidadãos;
- Sonhei com um lugar onde as pessoas podiam sair de casa sem se preocupar com a hora de voltar, por falta de segurança;
- Sonhei enfim que minha cidade era o melhor lugar do mundo para se viver.
Entretanto... Sai de um sonho para acordar em um pesadelo:
- Estamos no meio de um jogo de interesses, do qual fazemos parte apenas como massa de manobra, a famosa vida de gado;
- As filas de esquálidos, famintos e/ou aproveitadores das esmolas oficiais crescem a cada dia;
- Precisamos de razoável coragem para nos arriscar a sair de casa, ousadia para nos aventurar em automóveis e sorte para não ser mais uma vítima da violência local. O trânsito caótico de nossa cidade em muito lembra aquele do mercado egípcio, com uma profusão de animais por todos os lados, veículos de todos os tipos e tamanhos a disputar furiosamente o espaço sem sinalização. A tudo isso acrescente-se a barulheira infernal dos carros de som, dos vendedores de mídias pirateadas, o calor escaldante, as calçadas tomadas por veículos e/ou mercadorias e um sem-número de outras calamidades neste cenário dantesco.
Enquanto isso, a hipocrisia de alguns que se julgam os arautos da nova ordem, o grande farol a nos guiar pelas trevas do subdesenvolvimento nos leva a pensar em um futuro melhor, como se anos e anos de má administração pudessem ser - como que em passe de mágica, com uma vara de condão quem sabe – apagados e o atraso superado. É incrível a capacidade com que nos tentam apresentar exemplos de grandes nomes que supostamente potencializaram o desenvolvimento de nosso torrão querido. A lista de grandes nomes vem fácil como a lembrança do primeiro encontro na adolescência, no entanto... um exame detalhado e profundo nos revela que os tais precursores do desenvolvimento local nada mais fizeram do que a obrigação a que os cargos lhes submetiam, quando o fizeram. Nada mais. O município nunca foi exemplo de pujança econômica por conseqüência de administradores e sim do esforço pessoal de cada cidadão, do empresário ao produtor rural, sem os quais estaríamos ainda vivendo uma versão chula da idade média e amargaríamos um retrocesso na escala evolucionista. Antes de arrotar probidade e competência seria oportuno que alguns fizessem um breve exame de consciência e assim, com os pés devidamente assentados e cônscios de seus erros, reconsiderassem suas falas oportunistas e se pusessem, a partir de agora, a serviço do bem comum.

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