quinta-feira, 26 de abril de 2012

Arquivos da memória



O ano de 2009 prometia. A ventura exalava por todos os poros, por todos os lados e neste cenário idílico – lembro agora – foi apresentado à comunidade boquiaberta um curso que deveria promover maior integração entre polícia e comunidade, visando o bem comum e uma melhora na qualidade de vida do cidadão, blá, blá, blá... Legal.

Passada a euforia inicial, aconteceu o curso com participação da comunidade – razão de ser do curso – e a já tradicional enxurrada de depoimentos de pessoas que já anteviam as possibilidades do paraíso terrestre. Como resultado, ao final do curso foi aventada a possibilidade de criação de um Conselho Comunitário de Segurança e também de um pelotão mirim, onde as crianças seriam orientadas contra o uso de drogas e os apelos da criminalidade e agora, claro, referendado pelos sequiosos cidadãos.
Ano de 2012, a euforia agora arqueja pelas ruas esburacadas de trânsito difícil e os frutos oriundos da criação do conselho de segurança ficaram pelos buracos do caminho, quem sabe atropelados por algum menor, alvo da ação, enlouquecido guiando um veiculo liberado pela anuência de pais relapsos e instigados pelo descaso. Até vejo a inscrição do túmulo: aqui jaz mais um lindo projeto que não vingou.


Mas tem nada não. Outros virão, sempre virão, melhores e mais audaciosos, prontos para ser adotados pela multidão ansiosa por melhorias, porém cansada de utopias.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Em benefício da causa ecológica


Depois da Hora do Planeta conquistar várias partes do mundo ao promover o ato simbólico de desligar suas luzes por sessenta minutos para demonstrar sua preocupação com o aquecimento global, chegou a vez de Esperantina também dar sua contribuição à causa ecológica mundial ao deixar por quase dois dias seus cidadãos sem abastecimento d’água, com vistas a diminuir o uso indevido deste precioso bem.

Segundo uma fonte, a próxima ação ecologicamente chata correta deverá acontecer nos próximos dias, quando a cidade deve ser brindada com um dia sem comerciais ou programas nas rádios comunitárias locais.

A cidade já não é a mesma


Imagem: blog.opovo.com.br


Nos aproximamos de dias sombrios e os primeiros sinais já são claros como as águas que correm na avenida Petrônio Portela. O primeiro de uma série de sete sinais já aconteceu hoje - é só uma questão de observação.

Primeiro sinal: Sempre que acontece algum evento em Esperantina os veículos de propaganda oficial fazem uma barulheira infernal desde as primeiras horas da manhã. Hoje não aconteceu.

Não ouvi – felizmente - e nem li nada sobre o cadastro de pessoas, funcionários públicos mais especificamente, para participarem do sorteio de casas no residencial Alecrim. Diferentemente de outros atos, tudo foi muito discreto, apesar de feito à luz do dia. Sequer meu amigo acéfalo divulgou em rede social.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meu amigo acéfalo


Interessante como agora qualquer comentário feito contra a administração (nem precisa ser contra, basta contestar) logo é tomado como feito por um inimigo do bem, das boas coisas, das forças do atraso e outras imbecilidades.



Recentemente emiti comentário em rede social sobre determinada ação proposta, como não sendo a ideal para resolver um problema antigo vivenciado nos quadros do magistério. Mas tudo não passou de comentário, sem maior poder de inverter a ordem, visto ser a única.

Como resultado deste comentário foi-me atribuída pelo cidadão de inteligência rasa, cheio do ranço ideológico emprestado, que eu critico porque seria contra a atual administração e justificou ou tentou, lançando no ar o único, velho e batido argumento que possuía, que deve ter ouvido de outrem, de que a origem social torna alguém mais capacitado para resolver problemas que vem da fundação da cidade e que isto incomoda muitas pessoas no momento. Mas a mente é muito estreita.

Pobre criatura, inútil seria prosseguir com um debate, visto que o mesmo já utilizara o único argumento arduamente decorado para defender o cargo e a cadeira, como se fosse extremamente necessário, uma vez que já é concursado. Seria muito esforço pôr para pensar alguém que em sala de aula não soube diferençar pais de continente, Espanha de Europa e que sempre que pode dá um jeitinho para ocupar cargos fora da sala de aula. Quase esquecia: essa de dar uma força é meio xarope.

Quanto ao alvo do comentário, a lei que incorpora o segundo turno a um grupo de professores do município, continuo com o mesmo pensamento, de que seria melhor que isso se desse por meio de concurso público, mas o pequeno mundo não cairá por causa dessa opinião, que ninguém pediu para ouvir e nem eu pedi que fosse lida.

Só para relembrar: onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos.

sábado, 14 de abril de 2012

Homo homini lúpus

O homem é o lobo do homem, bem o disse Thomas Hobbes, ao afirmar que em seu estado natural, o homem sempre tenta superar ao outro, no melhor estilo que prevaleça a lei do mais forte. Cada um por si. O resto que se... acomode.
A cidade de Esperantina hoje vive um período que seria bem adequado chamar de guerra fria. À semelhança do período pós-guerras mundiais, quando o mundo ficou polarizado entre duas potencias econômicas, nossa cidade hoje – resguardadas as devidas proporções, claro – também vive a sua guerra fria, versão cocais, com forças antagônicas se medindo à distância.

Quase que diariamente temos acesso a informações sobre quedas, tropeços e pequenas vitórias de ambos os lados, enquanto a maior parte da população assiste a tudo, quase sem entender o porquê da digladiação entre partes, se o bem-comum seria o objetivo geral a ser atingido.

Agora aqui como antes lá, vislumbram-se pequenos satélites a observar com redobrado interesse a guerra surda dos bastidores, à espera do momento certo para também se lançar no cenário. A contenda levada a termo por aqui também tem seus lances espetaculares, ações de quinta coluna e está na ordem do dia, seja no mais recôndito cantinho da sala mais escura ou na mesa do bar da esquina.

Se aqui não temos o muro de Berlim, cuja queda simbolizou o fim – aparente – da guerra fria, o marco final será a publicação do resultado final de um processo findo na mais alta corte eleitoral do país. Ou não. E as demandas da cidade? Que aguardem.



segunda-feira, 9 de abril de 2012

Após a tormenta


Passada a euforia da semana gastronômica a cidade volta ao ritmo normal devagar quase parando, mas um olhar sobre alguns fatos do feriadão é necessário.

Inicialmente um cidadão ainda não identificado fez a caridade de aporrinhar ainda mais o sossego com um helicóptero na sexta-feira. Tudo bem que cada um se desloca da maneira como pode ou acha que pode, mas fazer rasantes com o helicóptero sobre as residências foi além da conta, sem contar que a última vez foi após o rango, momento em que estamos em alfa, já próximo da hibernação e o cidadão lá, importunando o sono alheio.

Os menos afortunados também fizeram sua parte na perturbação do sossego, guiando velozmente seus bólidos barulhentos pelas vielas, espalhando adrede lama e música ou música lama.

O pior foi transformarem o passeio central da avenida-rio em estacionamento, onde mais uma vez privatizaram um espaço público e necas de aparecer alguém para botar os pingos nos is. As pessoas que vem de outras cidades - não todas - muitas vezes apresentam péssimos comportamentos ao volante, certos deles justificam o ato por estarem “no interior”, outros apenas se guiam pelos hábitos locais, pois vêem os motoristas daqui fazendo todo tipo de barbaridade no trânsito e logo pensam: se os daqui fazem isto, porque eu também não poderia?

Imagem: vamoscorrendo.wordpress.com

Somadas estas atitudes dos nativos e visitantes à imprevisão de quem deveria se organizar por direito, o feriadão do mês de abril se torna um tormento todos os anos para os que não participam das festas que caracterizam o período, que seria religioso.

E tenho dito.

Missão dada, missão (quase) cumprida


Certa vez ouvi comentários sobre um projeto para construção de um gradeado em volta da praça da biblioteca (não adianta, não lembro o nome da praça) e como muitos outros, não passou disso, se é que ele existiu mesmo. A idéia seria resguardar o espaço do mau uso noturno, se é que fui bem claro.

Mas eis que hoje percebo que o tal projeto voltou à pauta, danadinho, conforme se vê nas fotos abaixo.
Imagem 1: Arquivo

Imagem 2: Arquivo

Imagem 3: Arquivo

Como pode ser visualizado, dois lados da praça já estão cercados, de um lado temos os carros particulares ocupando espaços públicos e de outro material abandonado na construção do acanhado auditório, agora só falta terminar o restante da obra. E que venham os próximos projetos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Se ninguém reclama, tudo bem então.


Tudo bem que esteja lá no hino que Esperantina é território bendito e ordeiro e tal, mas parece mesmo que o que havia de ordeiro há muito foi ultrapassado e hoje a cidade é refém do comodismo, nos mais diversos aspectos do cotidiano. Tudo que vem ou é feito aqui fica bom e se não for bom também fica bom.

Imagem: fayerwayer.com.br

 Além de diversos outros casos que retratam o comodismo local, cito o caso daquele banco que recentemente mudou de localização. Foi mais uma promessa que não deu certo, mas fica tudo bem, ninguém reclamou.

O atendimento por lá continua a maravilha de sempre. Na área externa os caixas eletrônicos nos dão uma vasta gama de opções: podemos ficar bons 20~40 minutos em uma fila e sermos presenteados com o aviso de que não há mais grana; também temos a opção ter o já minguado limite para saques diminuído sem qualquer aviso ou desfrutar a deliciosa situação em que a máquina simplesmente dá um tilt e sobrar como opção somente enfrentar outra fila, assim o ciclo se repetindo até que a paciência esgote ou se consiga atendimento, mas tudo bem, ninguém reclamou.

Desde a inauguração o banco é sucesso de visitação, desconfio até que desbanque a cachoeira do urubu como atração turística. Mas de nada adiantou enfileirar uma porção de caixas eletrônicos se na maior parte do tempo alguns ou a maioria apresenta problemas das mais variadas dimensões. A impressão que fica é que tudo não passou de um arranjo mal-amanhado; pegaram uns caixas pebinhas, deram uma mão de tinta e tchaaannn... tudo novo, palmas. Mas ficou bom, afinal, ninguém reclamou.

Tudo isso sem mencionar a desenvoltura com que agentes de crédito transitam pelas dependências do banco ofertando serviços de empréstimos, como se já não bastasse o barulho infernal das empresas financeiras nas propagandas volantes, no rádio, na internet. Mas novamente, se ninguém reclama...

Aqui funciona assim:
Olha a lama na rua! Silêncio.
Olha a falta de energia! Silêncio.
Olha a zorra no trânsito! Silêncio.
Olha a praça escura! Silêncio.
Olha, este ano não vai ter a festa da semana santa!
- Que absurdo!
- Era o único lazer que os jovens tinham!
- Onde estão nossas autoridades?
- Falta de respeito com o cidadão!
- Dextá! Mar nóis disconta nas inleição!
- ...