terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sobre Escuridão e Turismo

Foto: 180graus.com


Apesar da prometida nova Esperantina a cada quatro anos, pode-se verificar com um rápido passeio à noite pelas ruas da cidade que o novo continua velho, as ruas estão às escuras, logo agora que a população clama por segurança, ou não. Comenta-se no grupo de amigos, na reunião na esquina e no barzinho do fim de semana as agruras do município, mas não há coragem para externar publicamente os transtornos de babaçu city.

As pedras sabem que uma parcela da conta de luz, a taxa de iluminação pública é destinada ao município. Estou semi-obeso de saber que as reclamações feitas na falecida Cepisa sobre a escuridão nas ruas têm sempre a mesma resposta: o problema é da prefeitura. Feito bola de ping-pong o pobre mortal que se atreve a buscar soluções fica a ver estrelas, literalmente.

Estamos em pleno período dos tradicionais festejos religiosos e algumas ruas do centro da cidade teimam em não se mostrar à noite, talvez por vergonha de exibir as sujeiras. Fico a imaginar as equipes de varredores de rua trabalhando à noite nestas ruas, com lanterna em uma mão e vassoura na outra.

Creio ter lido em algum folheto pré-campanha que problemas como este seriam resolvidos efetivamente, resultando daí em pessoas alegres, satisfeitas, ativas e contentes.

Para uma cidade com pretensões de se tornar turística este é um péssimo caminho. Qual o perfil dos turistas? Darks, talvez. Mas espere... seria isto parte de um plano maior de atração turística? Sim, deve ser isso: já tivemos a farra do boi durante o rito de levante do mastro na praça e teremos como grand finale a procissão do fogaréu. Danadinhos, quase conseguiram me enganar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dúvida cruel



Os candidatos capricham nos palavrórios para se mostrarem “do povão”. Deveriam ter mais cuidado ao fazer isso, pois algumas palavras têm conotação pejorativa e efeito contrário ao pretendido. Em passado não muito distante, um político de alcance nacional tentou ganhar simpatia da plebe afirmando ter origem humilde, só que o caso terminou em mal entendido, pois o mesmo disse ter “um pé na cozinha”, supostamente para afirmar que tinha ascendência humilde. O popular tiro saindo pela culatra.

Não se ganha apoio simplesmente arrotando histórias simplórias do passado – embora isso já tenha rendido alguns mandatos – mas com propostas plausíveis e sem devaneios. Não adianta dizer que vai mudar “o sistema” sem antes conhecê-lo. O radicalismo socialista utópico não tem mais tanta aceitação.

Se algum curioso tiver o cuidado de guardar as propostas de candidatos e compará-los com as ações desenvolvidas após as eleições, verá que a maioria do proposto nunca será cumprido, por motivos vários.

Mas como escolher os candidatos certos? Assistindo à propaganda eleitoral gratuita? Duvidoso, pois os marqueteiros maquiam discursos e cortam discrepâncias. Por simpatia pessoal? Novamente duvidoso, pois agora todos são amáveis, afinal, quem quer pegar galinha não chega dizendo xô!

Realmente este é um dos grandes enigmas da humanidade. Jogada de risco. quem se arrisca?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Enfim, vós.



Ah! Nada como propaganda eleitoral para animar o dia! Quem acha aquilo chato bom sujeito não é. Ou é ruim da cabeça ou doente do pé.

Chato é ouvir alguém reclamando da falta de segurança, dos buracos e do lixo nas ruas, etc, etc, etc. gosto mesmo é de propaganda política!

Agora, como nunca, sentimo-nos irmanados com os detentores de mandato (e os pretensos). É hora de reconhecer o “cabra” trabalhador; aquele que nunca fez nada contra a plebe; tem ainda o amigão de toda hora (de eleição) que promete fazer tudo agora (embora já tenha inúmeros mandatos e praticamente nada tenha feito). Há aqueles que setorizam suas ações, marcam seus territórios de atuação de acordo com o cargo que ocupavam antes da candidatura, desta forma se tornando os expoentes máximos no assunto. E tome representantes do povo!

Nada como apertar as mãos dos ilustres candidatos a cada quatro anos. Que satisfação! Em algum outro momento da vida você, pobre mortal, pensou que compartilharia o lanchinho mixuruca de cada dia com o nobre candidato? Que veria caminhando sob o sol escaldante de Esperantina aquele ser importante que, em outros períodos, aqui só andava “no ar” do possante importado? Melhor ainda: você, incrédulo, já havia sonhado sequer em pegar carona com os distintos assim, lado a lado? Está se sentido uma pessoa realizada e comum ao ver que eles também comem aquela buchada com pimenta de cheiro?

Você não está sozinho. A classe política brasileira conta com a alienação e o descaso da maioria da população para se dar bem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Invisibilidade



Em que deu mesmo aquele curso de polícia comunitária realizado ano passado aqui em Cocal City? Aparentemente no de sempre. Apesar das alegadas boas impressões dos participantes ao final do curso, não houve mais avanços.

O entusiasmo inicial que contagiou os participantes se esvaneceu como fumaça no ar, aos poucos, sem deixar rastros, nem resultados.

Toda vez que governos tentam dividir com a sociedade as tarefas que lhes são delegadas, fico com a impressão de que nada será feito, apenas um compartilhamento de culpas. A postergação de prioridades.
O tempo, ou melhor, a realidade agora é outra. Vivemos a época das celebradas parcerias, em diversas áreas da sociedade, porém, mesmo as parcerias devem mostrar resultados práticos, sem lero-lero. É uma luta contra o tempo. E o tempo é um grande desgastador: de vontades, de ânimos, de ilusões, de paciência.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Stand By



Esperantina continua órfã de grandes projetos de fomento, nas mais diversas áreas. Entra ano, sai ano, filhos da terra, filhos de outras terras e nada. Aqui, como em nenhum outro lugar conhecido se levou muito a sério o termo país do futuro.

Enquanto os tais potenciais de desenvolvimento continuar a ser apenas mais um tópico nos planos de governo, nos conservaremos em stand by, quando muito. Esperando deitado eternamente em berço esplêndido, cartão do benefício oficial no bolso, rádio na mesinha... Parecem testar a máxima de Fernando Pessoa “... e se a vida fosse um eterno estar à janela...”. Esperando o manjar cair do céu, diriam os mais idosos.

Quem se detém em discursos já ouviu/leu de tudo, partindo das arcaicas e prosaicas promessas de um futuro melhor para nossos filhos, passando por projetos faraônicos até um dos mais recentes, quando foi dito que se estava inaugurando a história de Esperantina(...), em pleno 2010. Espantoso! Tenso!

De certa forma, Esperantina tem mesmo uma história para contar, ou melhor: a ser contada! Título do livro: À espera de um milagre.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um questão de escolha

Uma rápida pesquisa nos noticiosos locais e temos acesso a números alarmantes de acidentes de transito em Esperantina e região – ou na grande Esperantina, como querem os grandiloqüentes - cof, cof - agentes da notícia local.

São dezenas de acidentes causados por imprudência, irresponsabilidade e mesmo descaso. Isso sem mencionar os casos de maus motoristas que estacionam em locais proibidos, dificultam o tráfego ao parar no meio da rua para falar com outros motoristas e toda sorte de crimes previstos nas leis de trânsito. Tudo isso em plena luz do dia, em qualquer rua da cidade.

Porque isto acontece aqui? Silêncio como resposta. Muito se falou em municipalização do trânsito, mas e quem cuidaria dele se não temos guardas de trânsito qualificados? Os semáforos – coitados – abandonados como estão, não servem sequer para pendurar faixas convidando para os inúmeros fóruns municipais.

A única iniciativa não governamental, a Campanha de Educação para o Trânsito, popularizada como Os Amigos de Ritinha, apesar de aplaudida e incentivada no início, foi sacrificada ainda no nascedouro, foram desconsideradas as visíveis conquistas. As causas que levaram à criação da campanha continuam e ainda piores. De nada adianta ressuscitá-la se não houver manifestações por parte expressiva da população, não apenas um pequeno grupo de pessoas. E por manifestações de apoio entendo que não bastam tirar fotos com os participantes e patrocinar faixas!

Exercer cidadania não é apenas cobrar cartão de benefícios! É também participar do cotidiano da cidade, solicitando melhorias e tomando parte nas mudanças. Falta à população maior engajamento em causas como esta. Sair da sombra, deixar a água fresca e cobrar serviço a quem de direito responde por isto.

Se assim não agirmos, viveremos continuamente a lamentar acidentes e mazelas pelas esquinas da vida, nos noticiosos de plantão. É hora de optar por ser águia ou galinha*: a escolha é sua.