segunda-feira, 27 de agosto de 2007

História, política e suas atualizações

Engraçado (trágico?) como a história se repete.

Revisando antigas leituras, deparei-me com interessante personagem do império romano: O imperador Calígula.
Terceiro imperador de Roma, Calígula (
Gaius Caesar Germanicus), ficou conhecido por suas extravagâncias, luxúria, crueldades e também porque nomeou seu cavalo preferido, INCITATUS, para o legislativo. O animal tinha todas as regalias que os outros legisladores, como criados (assessores?) e bajuladores. Pode parecer estranho, mas o tal cavalo realmente comparecia às sessões e, se não discursava – óbvio – pelo menos não ocupava o tempo com discursos enfadonhos, enganadores e hipócritas. Acima de tudo, era um animal nobre, que não se fazia rodear por estúpidos, aproveitadores e sanguessugas, nem usava o cargo para se locupletar.
Voltando para nossa realidade, temos agora a confirmação de que a história é cíclica, pois vemos renascer, tal qual fênix mitológica, o
Calígula moderno, que diverge do original porque não nomeou apenas um cavalo para o legislativo. Outra grande diferença entre o Calígula atual e o antigo, é que agora o povo é que o conduz ao poder.
O problema é que esse mesmo povo vê a política como “coisa de gente grande”, e posiciona-se à margem do processo político. Apenas observa ao longe o desenrolar dos acontecimentos. Dessa quietude é que nascem os atos imorais dos legisladores, que, astutos como raposas, logo percebem que não são cobrados por aqueles que os elegeram e dedicam-se com afinco à tarefa ultrajante e imunda de dilapidar o patrimônio público.
Mas como cobrar maior participação política de alguém que vende o voto por R$10,00 (dez reais), por uma camiseta ou por uma merreca qualquer? Este tipo de atitude do “povo” é que entusiasma os crápulas a continuar agindo de forma errada. Um exemplo é o caso da indústria da seca, que a cada ano rende inúmeros votos em troca de promessas de ajuda “sem compromisso, apenas pelo sentimento humanitário” – acredite quem quiser.
Essa situação me faz lembrar o texto de
Bertolt Brecht intitulado O Analfabeto Político e por essa razão o descrevo abaixo:

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O Analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo".

Que saudade do Incitatus!

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