domingo, 28 de fevereiro de 2010

Bem na foto

                                                 Foto: //elifKarakoc
Incrível como em qualquer evento, tendo ou não envolvimento efetivo de autoridades locais – leia-se políticos – do município na outorga de benefícios os mesmos procuram se mostrar bem nas fotos, nos lugares mais visíveis, ao lado do povo, bem ao gosto e característico deste período.

Quando procurados para resolver problemas, ficam no jogo do passa repassa. Reclamam da falta de apoio, põem a culpa na crise, na diminuição do FPM e assim seguem nas lamúrias. Na hora de colher os frutos, todos querem ser o pai da criança.

Bem posicionados para as fotos, postergam obrigações e deveres. E o ciclo da vida continua: tecle verde, pague impostos e seja feliz.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Deja Vu



Se alguém chegou até este blog pensando ler algo a respeito da blargh banda Dejavu, lamento informar, mas este é um local desinfetado de bandas-que-estão-na-moda-não-sei-onde.

O termo Deja Vu (Déjà vu)  é usualmente pensado como uma impressão de já ter visto ou experimentado algo antes, que aparentemente está a ser experimentado pela primeira vez.

Hoje tive um Deja vu. Pois é. Acontece.

No período da manhã, a aparente calmaria da cidade foi interrompida pelo estampido de foguetes. Dezenas deles. O que poderia ser em plena terça-feira? Quem comemorava algo tão espalhafatosamente? O prêmio da megasena saiu para um esperantinense, pensei.

Ledo engano. Após algum tempo chegou a informação de que se tratava de comemoração pelo asfaltamento de mais uma rua da cidade. No doze. É.

Não satisfeitos, os fogueteiros de plantão se deslocaram para outro ponto da via em obras e novamente foguetório digno de fim de ano em Copacabana.

Entre um estampido e outro me veio à mente um período não longínquo, onde tudo era motivo para foguetaria: o pagamento no fim do mês; o discurso inflamado no rádio; o escárnio aos opositores; as festas megalomaníacas. O fim não foi dos melhores. O que aguardar agora?

Quando ficaremos livres de tais pieguices?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

E agora?



Findo o carnaval é hora de retornar às atividades. Para os apóstolos da lascívia, o ano começa agora, ainda que à espera dos eventos da semana santa; para o resto do mundo, não há pausa. O mundo não pára e assiste. Não há razões para empacar o país por quatro dias. O que se comemora? Nada. Apenas o desvairo. Não há contas no açougue, na mercearia ou no bar da esquina. Viva a folia!

Não custa lembrar que este ano teremos futebol em mil e uma variações, copa do mundo e eleições. Ah, as eleições... É hora de retirar projetos das gavetas e sair a campo, pois o período eleitoral se avizinha e é preciso faturar algum. Hora de lembrar o quanto progredimos e o quanto ainda podemos conseguir, basta escolher certo, apertar no verde, tim-rim-rim-rim-rim e... e... tudo continuará como antes.

Se o progresso prometido e que é reservado a Esperantina vier este ano, tomara que não seja pela ponte de Luzilândia, pois, como muitas outras promessas, vai afundar sem deixar vestígios. Se vier de avião, que não pouse na estrada carroçal pista de pouso da Roça Velha, seria perda total; se vier de caminhão, melhor aguardar mais um pouco, homens na pista, ou não.

Enquanto isso, o que fazer? Correr ao calendário à procura do próximo feriado? Não. A labuta nos deixa vivos. Vamos à luta então.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

E assim (não)caminha a humanidade




Li em http://www.cabecadecuia.com/noticias/20440/usina-para-a-beneficiamento-do-coco-babacu-sera-lancada-em-maio-.html ainda em 2008(!!) que em maio do mesmo ano Esperantina seria contemplada com a instalação de usina de beneficiamento de babaçu. Na época, a farofa era que o biodiesel seria a salvação para as pessoas que trabalham na coleta e venda de babaçu em Esperantina e região.

Passado o oba-oba inicial em torno da produção de biodiesel – outro fiasco, volta a questão: o que é feito de verdade para tirar o território dos cocais do miserê? Somente fóruns e programas superficiais que apenas mascaram o atraso histórico? As técnicas de plantio em nossa região remontam à idade média européia. Agricultura familiar nada mais é que outra nomenclatura para as roças de subsistência da época de ocupação do território.

Há poucos dias uma equipe de TV do estado mostrou as potencialidades de Esperantina, que se resumiram em duas: uma indústria de subprodutos de babaçu e um criatório de peixes. O que temos de potencial econômico resume-se a isso? E a mão do estado só é estendida para distribuir esmolas oficiais?

Se no passado não havia desenvolvimento porque todo o babaçu era propriedade dos impiedosos latifundiários, o que impede agora a região de debutar economicamente, se temos assentamentos localizados em áreas de ocorrência de babaçuais e fartamente irrigados com programas de repasse de verbas? A proposta de crescimento tem que ficar somente no apoio às primitivas técnicas extrativistas? Quando se incentiva – a pretexto de manter identidades e tradições – pessoas a perpetuarem determinado modo de vida, condenam-se as mesmas a nunca sair da condição em que se encontram, social e economicamente, apesar das peremptórias negativas.

Melhor seria a diversificação de atividades, com a introdução de novos modelos de desenvolvimento ou alternativas economicamente viáveis em nossa realidade. Será isso ou viveremos eternamente à custa de recursos federais, quando não, da boa índole de entidades internacionais de ajuda, no eterno ciclo de subdesenvolvimento terceiro-mundista.