terça-feira, 26 de agosto de 2008

Desafio "musical"

Com a proximidade do dia D eleitoral, os veículos que nos importunam com propagandas do paraíso terrestre que será Esperantina agora apelam para as mais chulas versões de – desculpe a palavra – músicas para chamar a atenção dos incautos e ridicularizar os adversários.

Me pergunto então para que serviu a edição de uma resolução, por parte do órgão responsável pela normatização da contenda eleitoral, se a mesma é copiosamente desrespeitada pelos contendores? O que começou apenas como um movimento - vá lá - musical, para diversão entre amigos, agora se transformou em duelo cantado pelas ruas, que substitui as esperadas propostas por baixarias, tristemente também já esperadas como formigas em piquenique.

E a quem interessa tal situação? Aspones e pombas lesas de todos os lados deliciam-se com as virtuoses, que atingem a apoteose quando dois ou mais veículos, supostamente rivais, se encontram nas vias estreitas e esburacadas e, quais cavaleiros medievais, passam uns pelos outros na esperança de vencer (neste caso, virtualmente) o ridículo entrevero, tendo então como prêmio o final feliz com a princesa, neste caso, uma cobiçada viúva, símbolo de poder.

O nepotismo, a genética e os lacaios

A abolição do nepotismo nas três esferas do poder foi um ato tardio, embora seja um sinal de que o paquidérmico estado brasileiro ainda dê sinais de reação ante os escândalos da vida.

A criação de uma lei específica para disciplinar o assunto é apenas mais uma redundância bolorenta do nosso estado cartorário, uma vez que a Constituição Federal já prevê (ou pelo menos determina) que os mandatários exerçam seus cargos de forma impessoal, ou seja, que não façam dos orgãos públicos extensões de seus lares, nem sempre ícones da moralidade e decência.

É ridículo que uma pessoa sem maiores qualificações a não ser parentesco, ascenda a um cargo comissionado qualquer apenas porque tem nas veias o sangue providencial de um manda-chuva ou porque com ele mantenha relações de vassalagem e assemelhados. Enquanto isso, nós, pobres mortais temos que nos esforçar ao extremo para sermos aprovados em concursos públicos e esperar a boa vontade – nem sempre existente – de um pulha qualquer para sermos convocados. Isso na hipótese de que o dito chefe não tenha nas vagas destinadas aos concursados um parente ou lacaio, sedento por um DAS básico.

Agora a idéia é de que os cargos, ainda que permaneçam como cabides de emprego, sejam melhor preenchidos e tenham novo critério para ocupação que não o já surrado viés genético, na mais pura concordância com o adágio o meu pirão primeiro. Espero que o QI volte a significar Quociente de Inteligência, substituindo o atual Quem Indicou.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A guerra dos clones

Tá certo que Esperantina é uma pequena cidade e que os acontecimentos de relevância são poucos, mas não dá pra engolir essa de diversos canais de comunicação publicarem as mesmas postagens, com poucas ou nenhuma alteração. Temos abordagens superficiais sobre temas interessantes e quando o assunto é realmente interessante, o assunto é abordado em grandes pinceladas.
Sempre que leio as notícias locais me vem à cabeça a idéia de um cartel da informação, com intenções várias que não apenas informar.
É ridículo como pessoas chegam a citar os canais de informação abastecidos por eles próprios como se fossem fontes inidôneas, embora saibam que apresentem leves direcionamentos. Isso sem mencionar o singelo fato de que a censura é uma constante, quando os comentários não satisfazem o interesse de quem realmente manda.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Encantadores de serpente

Alguém já parou para observar atentamente as músicas dos carros de propaganda? Não? Pois está perdendo tempo quem ainda não o fez.

Não é preciso torrar os neurônios para se constatar que Esperantina tem (terá?) um destino promissor, eldorado do cerrado. Sim, desta vez romperemos as amarras que nos prendem ao atraso e, qual mísseis teleguiados, atingiremos implacavelmente o alvo: o sempre prometido e esperado desenvolvimento, que nos alçará ao topo do IDH nacional.

São tantas as músicas e produzem tantos estados emocionais que nos fazem lembrar – por analogia com as intenções de seus idealizadores - o flautista de Hamelin ou os encantadores de serpentes da Índia, ícones da arte de encantar pobres criaturas com doces melodias, a fim de subjugá-los às suas vontades. Em tais casos, o objetivo da música é o mesmo: hipnotizar para dominar.

A música, inicialmente concebida pelo homem antigo para se entreter em volta da fogueira ou para agradecer aos deuses pelas boas caçadas ou ainda pela colheita farta, agora é rebaixada à condição de mero instrumento de alienação. Em instantes transforma indivíduos inexpressivos em versões tupiniquins do nazareno reencarnado. Pobres de nós. Condenados a ouvir por longos e penosos períodos a uma infinidade de paródias que prestam um desserviço à informação e a cultura, já tão combalidas.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Progresso? Onde?

Ultimamente tenho me dedicado a escarafunchar o cenário eleitoral e me considero abismado com o tema do momento: o tal progresso em Esperantina. Já ouvi que estamos em pleno período de desenvolvimento. Ouvi também que o progresso voltará e outras bobagens, bastando para isso que nos conscientizemos (seja lá o que entendam pela palavra). Mas... o que é esse tal progresso? Não o conheço, não o vejo. O que é isso? Se já chegou, onde ele está? Numa rua calçada? Nas mídias que despejam abobrinhas e utopias? Ou se esconde atrás de elefantes brancos estrategicamente dispostos pela cidade?

Enquanto um grupo resiste com unhas e dentes na defesa de que estamos a bordo de um trem bala que nos conduzirá ao nirvana do desenvolvimento, outros afirmam que a redenção somente acontecerá em futuro próximo, tais quais messias insanos a prever as maravilhas do paraíso, somente acessível após o devido juízo final, no caso, as eleições. Embevecidos, rodeiam seus ídolos como os pirilampos em volta das lâmpadas maravilhosas, de luzes alucinantes e, mesmo sabendo que isso fatalmente os prejudicará/matará, entregam-se com avidez ao prazer momentâneo e indizível.

Vendo tais indivíduos a desenrolar planos mirabolantes e salvacionistas, fico ligeiramente emocionado com estes talentos locais. Se os tais se dedicassem à literatura de cordel ou ficção científica, teríamos alguns dos maiores escritores de Best-sellers do Brasil. Quantas mentes brilhantes, quanto talento perdido neste rincão.

Neste momento de súbito arrebatamento, o disfarçado e distante “orgulho danado de ser esperantinense” deve ser interpretado como um sentimento sádico ou altruísta?