segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Somos realmente tão dependentes da classe política?

A julgar pelos atos de algumas pessoas do município, sim. Por falta de conhecimento dos próprios direitos, para uma parcela da população, a realização de tarefas aparentemente simples como tirar documentos, consulta a serviços públicos de outros municípios e outras banalidades é motivo para contactar o “salvador” político, aquele que sem nenhum interesse, apenas pelo amor ao próximo é capaz de resolver seus problemas, com seu infalível toque de Midas. Nestes tempos de pré-campanha, de uma hora para outra, qualquer pessoa descobre que tem um novo amigo de infância, aquele em quem confiar nas horas difíceis, mas que, como retribuição pelas amabilidades ofertadas, espera contar com o seu mísero voto nas eleições. A partir de agora já começam a proliferar na cidade eventos “patrocinados” pelos ditos cujos, de agora em diante sempre prontos a ajudar os fracos e oprimidos, claro que seus votos farão parte de uma lista previamente preparada, que servirá tanto para cobrar fidelidade dos amigos como para eventual venda de votos. Não precisamos de caridade!
Segundo Oscar Wilde[1]: “Muitas vezes ouvimos que os pobres são gratos à caridade. Alguns o são, sem dúvida, mas os melhores entre eles jamais o serão. São ingratos, descontentes, desobedientes e rebeldes - e têm razão. Consideram que a caridade é uma forma inadequada e ridícula de restituição parcial, uma esmola, geralmente acompanhada de uma tentativa impertinente, por parte do doador, de tiranizar a vida de quem a recebe. Por que deveriam sentir gratidão pelas migalhas que caem da mesa dos ricos? Eles deveriam estar sentados nela e agora começam a percebê-lo. Quanto ao descontentamento, qualquer homem que não se sentisse descontente com o péssimo ambiente e o baixo nível de vida que lhe são reservados seria realmente muito estúpido”.
A continuação deste estado de letargia em que se encontra a maior parte da população em muito agrada à classe política, que a partir da ignorância alheia encontra os meios necessários para perpetuarem-se no poder, a continuar agarrados às tetas do Estado, sugando avidamente o patrimônio de todos. Com isso podem dar-se ao luxo de exibir seus carrões importados, suas mansões e põem-se a rir dos miseráveis que, como retribuição, recebem sob a forma de benefícios as esmolas oficiais do tipo Bolsa Família e outras amenidades.
O que os mandatários ganhariam se devolvessem na forma de benefícios à população - como educação de qualidade, por exemplo, os valores recolhidos sob a forma de impostos? Ficaria mais difícil enganar pessoas mais esclarecidas, plenamente conscientes de seus direitos.
A acomodação é uma das maiores causas das mazelas por que passamos, visto que a população está sendo guiada a isso pelos inúmeros “programas sociais” que transforma cidadãos em pedintes, sempre dependentes da “boa vontade” política.

[1] Wilde, Oscar. Desobediência: virtude original do homem. Extraído da Obra "A Alma do Homem Sob o Socialismo", de 1891.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!