quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Sociedade civil organizada e outros engodos

É no mínimo curiosa a situação política em Esperantina. Se é verdade que a cidade viveu momento histórico com a apresentação de denúncias contra o atual prefeito, também é verdade que o momento foi único ao reunir pessoas de diversos (nem tanto assim) matizes políticos com o propósito único (???) de representar a sociedade, ao defender – segundo os próprios – o município. Já não vejo diferenças entre os dedos e os anéis, cantam os Engenheiros do Hawaii e em minhas palavras: já não vejo diferenças entre posição e oposição.
Enquanto alguns se aproximavam do nirvana, ao participar da movimentação na câmara, outros inflavam o ego, imaginando-se a última coca-cola no deserto. Durante a vida, dizem-nos que todos têm direito a 1 minuto de fama e a 3 besteiras na vida. Alguns já ultrapassaram em muito esses limites e não se deram conta, ainda.
Durante o ato público realizado na casa do povo – demagogicamente falando - a tal magia da TV pôde ser observada quando um cinegrafista aproximava-se de determinado local e todos para lá acorriam, pois não basta participar, tem que aparecer. É interessante notar que entre os presentes, havia aqueles que legislavam em causa própria, de olho nas eleições vindouras, e, tal qual fênix mitológica, esperam renascer das cinzas.
Uma profusão de pessoas ávidas por ver resultados - ou por assunto para a próxima roda na esquina - se acotovelava no ambiente pequeno, quente e desconfortável onde se realizou o ato popular, conscientes ou não do que lá acontecia. Não pude deixar de perceber a ausência de políticos de maior representatividade durante o evento, possivelmente estes estavam “ocupados demais” para se apequenar diante de tão insignificantes fatos como os ora discutidos. A grande pergunta: onde estão os “grandes políticos” de nossa terra, tão pródigos em propagar pelas mídias que “amam Esperantina” e não se fizeram presentes na Câmara municipal? Apenas o baixo clero se fez notar. Ao que parece, trata-se apenas de mais um entrevero pelo poder, como já ocorreu outras vezes, em uma ciranda que parece não ter fim. Na verdade, o que deveria acontecer era o comum acordo entre as partes – posição e oposição, para que se apurem realmente os fatos, verdadeiros ou não e se acabasse de vez com esse disse-me-disse que impera na cidade. O assunto não sai da moda: na barbearia, no salão, nas praças, nas esquinas e o pior, até na happy hour.
Agora os carros de som propagam pelas quatro direções o convite para que novamente a dita sociedade civil organizada compareça à Câmara Municipal e assista ao pedido de cassação do mandato do prefeito. Até onde sei os digníssimos - pois é - vereadores apenas decidirão se será necessária ou não a criação de comissão de inquérito para, a partir de então, passar realmente a exercer tardiamente o papel de fiscalizadores dos atos administrativos municipais.
Afinal, lembremo-nos: "A política e os destinos da humanidade são forjados por homens sem ideais nem grandeza. Aqueles que têm grandeza interior não se encaminham para a política." (Albert Camus).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A imprensa "amiga"

O aparelhamento da mídia nos priva de informações importantes sobre nosso município. Por falta de opção, somos obrigados a testemunhar a repetição das mesmas idéias – ou a semelhança entre elas – nos portais da mídia local. É uma triste constatação esta, tendo em vista que tal situação serve tão somente para manter os alienados sempre por perto, como os pirilampos que são atraídos para a morte pela luz inebriante. Bobagens partidárias são postadas como se fossem grandes acontecimentos, algo que mudaria o mundo, quando na verdade tudo não passa da velha e suja politicagem. Outros fatos que deveriam merecer destaque são simplesmente “esquecidos”, “abafados”, menosprezados pelos senhores da informação. E chamam isso de atuação imparcial.
Quando governos tentam mascarar a verdade são taxados de ditadores pela mídia. E quando ocorre o contrário? Parece haver um “pacto” pelo silêncio.
Qual a importância em manter representantes locais nos canais informativos se estes não apresentam todos os fatos, se continuamos a depender dos profissionais das terras distantes? Depois vêm os xenófobos de plantão e acusam-nos de valorizar as pessoas “de fora”, mas... o que fazem os nativos? Recolhem-se silenciosos, tornam-se apáticos. De repente, transfiguram-se de tagarelas alienados a surdos-mudos, ensimesmados em vãos pensamentos medíocres.
Onde está a combatividade da imprensa marrom local? Será que foi vitimada pelos discursos ocos e enfadonhos dos “comentaristas”? A comunicação local é feita com uma mistura de ego, populismo e/ou subserviência aos “patrões”, em maior ou menor escala, configurando um cenário no mínimo patético aos olhares mais apurados.
Atualmente vivemos cercados por inúmeros canais de informações, nem todos, porém, confiáveis. De que adianta ter TV digital se os programas são chatos ao extremo? De que adiantou a popularização das rádios ditas comunitárias, se afinal elas apontam para um mesmo objetivo, o direcionamento político? É preciso repensar o modo de ser imprensa por aqui. Precisamos de informações, não de alienação.