segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cidade sem memória

Fotos: Arquivo Pessoal


O centro velho de Esperantina ficou menos histórico com a demolição do cassino, cujas histórias e fausto permanecem na memória daqueles que o freqüentaram no período áureo.

Se no período de sua demolição já se contavam décadas de desuso de suas instalações, o mesmo não se poderia dizer dos bares localizados no andar térreo. Quanta alegria, comemorações, brigas, jogatina e libertinagem em Esperantina tiveram aqueles barzinhos como cenário.

Nas lembranças ficaram as imagens do agito dos freqüentadores na época dos festejos religiosos, o barulho produzidos nos mesmos, que por vezes disputavam quem tinha o mais potente aparelho de som; as reclamações dos religiosos pelo barulho durante as missas e, sobretudo, ficam na lembrança as imagens de quem conheceu os personagens quase folclóricos que eram presença constante naquele minúsculo, porém disputado espaço urbano.

Hoje o que temos no lugar são apenas ruínas que insistem em lutar contra o esquecimento e abandono, compenetradas testemunhas que são de um rico período que não retorna.

Que sádicos propósitos se escondem no abandono daquele ponto? A demolição que se seguiu logo após a troca de proprietários continua inexplicável. Porque demolir histórica construção somente para abandoná-la depois?

A foto acima mostra o que resta dos antigos “bares da igreja”, como eram conhecidos. Note-se a abertura de buraco no antigo portal. O que esperar depois de tal situação? Com certeza a abertura será de alguma utilidade em horários menos movimentados, para práticas as mais diversas possíveis.

Sem leis que protejam o patrimônio municipal, a memória da cidade de Esperantina parece condenada a desaparecer lentamente, junto com as poucas testemunhas oculares que ainda vislumbram em suas mentes os memoráveis momentos desfrutados naquelas dependências.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tudo está igual como era antes





E o caso dos professores temporários, como está? Procurei na imprensa (oficial e oficiosa) alguma matéria - uma notinha de rodapé serviria -, que abordasse a demissão de professores temporários da rede estadual de ensino. Um silêncio sepulcral se abateu sobre os meios de comunicação. A busca foi vã.

Quem errou: o governo anterior, que teria contratado demais ou o atual, que promove “queima de gorduras” na máquina administrativa? Sempre achei estranha a convocação de tantos professores temporários, mas ao final de tudo a explicação de sempre era de que os mesmos eram necessários para o bom funcionamento do sistema educacional, ao preencher lacunas deixadas pelos professores efetivos que por motivos vários se ausentavam das salas de aula.

E agora? A educação ruirá? Pelo visto não. Adequações foram e continuam sendo feitas para literalmente “acertar os ponteiros”. Talvez no meio deste imbróglio surja o real motivo porque os classificados do concurso de professores realizado em 2005 não terem sido convocados: foram substituídos pelos temporários, mais baratos aos cofres públicos, mais obedientes por força de contrato e – pelo visto – massa de manobra altamente conveniente para saciar ambições de nativos senhores feudais da educação e políticos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Censo 2010



Dia 30 (domingo) se realizará mais uma etapa com vistas à realização do Censo 2010 em todo o Brasil. Desta vez, será efetuado concurso que visa selecionar os recenseadores, responsáveis diretos pela coleta de dados de cada cidadão habitante no Brasil.

Pena que em Esperantina, como em outros lugares Brasil afora, muitos não dêem importância ao censo. Uma parte do desinteresse da população se explica pelo fato de que o censo quase sempre é realizado em ano eleitoral. Quando o recenseador chega no domicilio para entrevistar os moradores é recebido com desconfiança pelos mesmos, que por vezes não conseguem distinguir o que é o trabalho do censo com as inúmeras pesquisas eleitorais que nos aporrinham a paciência.

É comum ainda que politicos não dêem a devida atenção e nem acompanhem os serviços censitários, preocupados que estão em angariar votos no período. Depois que o resultado é divulgado - ocasião em que muitas vezes constata-se que a população diminuiu - é que os gestores se dão conta de que a partir de então a cota do FPM cairá e os repasses federais para desenvolvimento do município também. Aí já é tarde demais, só restando esperar pelo próximo censo que, com sorte, acontecerá daqui a dez anos.

O dito concurso é uma ótima oportunidade para estudantes e desempregados conseguirem algum dinheiro trabalhando na coleta de dados. Ganham os contratados e ganha mais ainda o país, que pode assim melhor aplicar os recursos públicos em obras e melhorias para os brasileiros em geral, uma vez que os dados coletados retratarão realidades sociais dos mais distantes rincões.

Passando o tempo

Cansado de perambular por aí, sem saber qual religião seguir? Segue abaixo o revolucionário Escolhetor Religiator Enrrolation.


Copiei de: www.malditainclusaodigital.com.br

domingo, 23 de maio de 2010

Propaganda é tudo



Não há limites para a política ou atos políticos, como queiram. Apesar de criticar outros administradores que durante seus mandatos faziam show durante entrega de bens ou obras à municipalidade, a velha prática continua em uso. Refiro-me à demente cena do início da noite. A ambulância SAMU recém adquirida pelo município exibida pelas ruas como um troféu, em carreata, devidamente acompanhada por dezenas de comiss...cof, cof - cidadãos eufóricos.

Sem querer me estender mais sobre o tema, mas o combustível gasto para o espetáculo não seria mais bem utilizado no transporte de pacientes? Espero que agora o município, já devidamente aparelhado de ambulâncias, não reserve a elas – passada a euforia - o mesmo que ocorre com os ginásios poliesportivos, estes obra do estado. Tivemos um oba-oba de construção de ginásios poliesportivos (4, no total) e agora os vemos à espera de cuidados e reparos e ainda um que foi inaugurado às pressas sem ter sequer a calçada lateral construída (Dídimo de Castro). Lado positivo: pelo menos desta vez não tivemos o tradicional foguetório.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Já vi esse filme



Nada melhor para alegrar a vida do que assistir TV nos dias de hoje. Filmes, novelas e jornais são meras opções de intervalo entre as maravilhas que assistimos durante o período conhecido como comerciais.

Há soluções para tudo: da camisa suja aos dentes amarelados. Da calvície aos pneuzinhos indesejados. Mas o melhor de tudo mesmo são as propagandas partidárias. Neste período pré(?)-eleitoral, a miríade de partidos existentes disputa palmo a palmo a preferência da plebe.

O interessante é que neste momento todos reivindicam para si a autoria dos mais diversos e importantes projetos para melhorar a vida da população. Sabe aquele aumento no seu salário? Foi meu partido quem viabilizou o mesmo. Na Educação? O partido XX fez em apenas um ano o que outros nunca fizeram e assim segue a edificação do paraíso terrestre.

Ninguém se declara autor ou mesmo que tenha votado a favor de leis que aumentam os impostos. Ninguém diz por que não apresenta propostas para diminuir a criminalidade. Neste momento não aparece quem diga ter sido favorável ao projeto de lei que no Piauí sobretaxa as mercadorias compradas por meio da internet em outros estados.

Mas agora todos afirmam - com desassombro impressionante - que votaram a favor do projeto Ficha Limpa. Melhor desligar a TV.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Alvo errado

Foto: www.osvigaristas.com.br

Detesto dias temáticos. Em geral dispensam um dia para trabalhar o problema e outros 364 para ignorá-lo. Mas vamos aos fatos.

Como não poderia deixar de ser, em Esperantina aconteceram manifestações alusivas ao dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Passeata, discursos inflamados, faixas, tudo bem a gosto do freguês.

A pedofilia (tema do dia) é apenas mais uma das inúmeras facetas de uma sociedade em franco processo de degeneração. Muito se fala/escreve sobre os criminosos, perfis sociológicos dos mesmos são traçados e alardeados para que se faça o reconhecimento de possíveis infratores. Até o momento a tática não teve lá muito sucesso. Diante disso, que tal mudar um pouco o alvo? Se não se conhecem os próximos criminosos, as possíveis vítimas são identificáveis.

Quanto ao problema de fato, creio que deva ser enfocado sob outros aspectos, até o momento digamos, menosprezados. Em nome de uma modernidade duvidosa, crianças não se vestem mais como crianças (não que isto por si só resolvesse), não brincam mais como crianças; em nome da modernidade trocam bicicletas por motos; pulam etapas da vida para desfrutar de felicidades efêmeras. Brincadeiras inocentes foram substituídas pela imitação do que se vê na televisão: a música da moda que só tem 2 estrofes e um refrão sofrível, mas é o maior sucesso nos carros de som e festas de rua, recheadas de motes sensuais; a dança que acompanha, cheia de malícias. Vivemos um processo de bundalização do mundo pela TV.

De outro lado temos as novas tecnologias, que surgem para facilitar a vida, porém muitas vezes são usadas para atormentá-la. Falo do uso indiscriminado de redes sociais por menores, por exemplo, Orkut, que exige durante a criação de conta de usuário, que o mesmo se identifique como maior de 18 anos, mas e daí? Quem acompanha os menores nas lan-houses? Proíba-se o uso de Orkut ou MSN, por exemplo, em lan houses de Esperantina e as mesmas fecharão, pois grande parte dos usuários são menores. Proíba-se a venda de bebidas alcoólicas a menores e os lucros dos inúmeros bares cairão vertiginosamente. E por ai vai.

O que dizer do que ocorre nas escolas? Nas proximidades das mesmas é comum se observar aglomerações de pessoas por horas a fio. Será que estão a discutir os últimos lançamentos literários? A escalação do Dunga? Creio que não.

É muita inocência procurar enfrentar essa chaga social atacando apenas um lado do problema.

sábado, 15 de maio de 2010

Descaso histórico




Ao percorrer as ruas do centro de Esperantina observa-se que esta é uma cidade em transformação. Ótimo, a cidade está se desenvolvendo. O grande lance é que este crescimento é desordenado, a cidade cresce destruindo o alicerce histórico, o patrimônio cultural e arquitetônico.

Vejamos: no ano de 2006 a cidade perdeu o prédio do antigo cassino, de grande importância histórica para a cidade. Gritos daqui, aplausos dali, o prédio foi demolido. Hoje o local se resume em um terreno de muro alto, feioso, abandonado.

O prédio da antiga escola David Caldas, 1ª da cidade, foi descaracterizado para instalação de universidade por correspondência. A praça da matriz foi reformada e também descaracterizada. Outra praça localizada atrás da igreja permanece intocada desde a construção, não foi modificada, mas não mereceu sequer restauração e cuidados básicos; a quadra Noeme Lages, destruída para construção de anfiteatro (!!!). E assim poderia seguir por mais algumas linhas citando o pouco que ainda temos de patrimônio histórico que, metaforicamente falando, são testemunhas vivas e ajudariam a contar a história da cidade de Esperantina, que ainda está por ser contada.

Mas o que incomoda mesmo é saber que à época da demolição do cassino, uma lei foi criada (tardiamente) com vistas a proteger o patrimônio, criando um Conselho de Proteção ao Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade e... e... mais nada.

Desde o ano de 2006, ano da promulgação da dita lei, nunca foi ativado o tal conselho. Esperantina ficará sem registros arquitetônicos do passado. A nossa história e a nossa memória não merecem a perpetuação do descaso. Um povo que não zela pelo passado não tem preparo para o futuro.

“Vagueia pela História e perderás um olho. Esquece-te dela e perderás os dois"
                                                                                 Provérbio Russo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Se essa rua, se essa rua fosse minha...

Foto: Arquivo


Andar pela "rua climatizada" tornou-se exercício de paciência e exposição ao perigo. Não se sabe mais como proceder. Podemos andar pelo meio da rua? Tratando-se de uma rua com calçadão, esperava-se que sim, porém, como não foi removida (temo que sequer em futuro próximo o seja) a pouca estrutura restante, resta-nos concorrer com motos e bicicletas pelo pouco espaço daquela via, no já caótico trânsito de Esperantina.

Tudo isso sem mencionar as sarjetas descobertas que ladeiam a rua, perigosamente à espera que um distraído qualquer ou um idoso ali ponha um pé; as pedras soltas; as bases das antigas colunas, com seus parafusos salientes.

Foto: Arquivo

A falta de educação no trânsito faz com que motoristas estacionem seus possantes nas saídas da rua, dificultando ainda mais a vida dos transeuntes. Muito me engano ou ainda não foram apresentadas propostas para resolução deste problema.

Se durante este intervalo de tempo alguém for acidentado por lá, quem deve ser responsabilizado: o motorista, porque transita por via fechada, o pedestre por desatenção ou o poder público, por negligência?

Dúvida cruel: atender aos interesses de populares que se utilizam diariamente da rua nos diversos afazeres diários ou aos comerciantes, que se dizem prejudicados com a falta de acesso aos veículos de entrega? Trata-se de uma rua com intensa movimentação, principalmente por conta dos comércios e agência bancária, que aglomeram muitas pessoas, em especial ao final do mês

O tempo urge. É chegada a hora de repensar o trânsito do centro da cidade, em especial nos arredores do mercado público e da "rua abandonada climatizada".

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ausência de resultados práticos ou chega de blá, blá, blá



Enquanto o aumento da criminalidade e violência é debatido no conforto do ar condicionado, nas ruas de Esperantina ela corre solta. Acidentes e mortes no trânsito por imprudência, bebedeira e assemelhados; drogas e armas de fogo vitimando mais pessoas. Como interromper isso? Somente a polícia não resolve. Polícia não cria leis, apenas as executa; tampouco o judiciário, que apenas as faz cumprir.

A quem compete então a difícil tarefa? Ao congresso nacional, que parece mais ocupado em dissipar os vários escândalos criados por lá que em resolver de fato grandes questões nacionais. A cada F5 temos uma notícia escandalosa de mau uso de verbas, cargos, prerrogativas...

É preciso reescrever o código penal brasileiro para adequação de leis à atualidade, emprestar agilidade e efetiva aplicação das mesmas, sem mais delongas. A faixa etária não pode continuar usada para acobertar crimes cada vez mais freqüentes e violentos.

É correr contra o tempo para a modernização de leis ou preparar-se para o retorno à barbárie.

sábado, 8 de maio de 2010

Da série: por onde andam




Por onde andam os Amigos de Ritinha?

Depois do estrondoso sucesso nas 25 (??) blitz que paravam quase todos, de repente não ouvi mais comentários a respeito da campanha. O trânsito deve ter melhorado para caramba, senão, ai dos incautos que transitassem sem retrovisores e demais acessórios de segurança.

Justamente agora que algumas vias públicas receberam folheamento asfáltico e alguns motoristas – pois é - resolveram voar baixo pelas ruas, senti falta da danada da campanha.

Não resta mais um único adesivo para acervo histórico? Faixas, cartazes, nada? Ninguém mais a posar para fotos (já li em algum lugar alguém escrevendo pousar, mas deixa pra lá), logo neste momento histórico tão propício que se avizinha? Nenhum candidato cidadão exaltando a importância da campanha? Estou decepcionado. Que país é esse?

terça-feira, 4 de maio de 2010

E a história se repete

Foto: Secom



Não fosse o calendário ao lado da mesa, pensaria ter retornado alguns anos no tempo. Gritos, foguetes, algazarra, luzes vermelhas intermitentes a clarear a escuridão das ruas para anunciar a chegada de uma ambulância. Era preciso mesmo desfile da ambulância pelas ruas do município, qual Napoleão ao adentrar Paris após mais uma batalha ganha? Será que ninguém saberia da existência dela sem o pirotécnico desfile?

Algum tempo atrás era comum se ouvir pelas ondas de rádio que Esperantina estava na UTI, entre outros alarmismos. A internação continua, pelos mesmos motivos. Esperantina está doente. Continua doente (é preciso grifar o termo continua, senão os arlequins simpatizantes entopem a caixa de comentários com bobagens, em textos truncados, ricos em gerúndios). Eis alguns dos muitos males que acometem a cidade: crescimento urbano desordenado, demanda por serviços públicos não atendidos, violência, soberba, ganância, lascívia, o eu antes do nós...

Foi apenas mais um capítulo de uma história que iniciou há décadas. Como já foi dito, a propaganda é mesmo a alma do negócio.