segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Enquanto isso, em um mundo distante

O inverno já se aproxima e nada de obras estruturantes em Esperantina. A cidade está condenada a ser novamente tomada pelas águas, numa versão capenga de Veneza terceiromundista. Nada foi feito para amenizar a situação calamitosa e vexatória de que fomos vítimas, apesar de toda pirotecnia com que o assunto foi tratado ano passado (ano de eleição, fique bem claro). De lado a lado, pouco ou quase nada foi feito. Ações paliativas como doação de cestas básicas, colchões... a iniciativa privada fez sua parte, mas e os governos? Só mídia.

Localmente, leio postagens de maravilhados blogueiros a enaltecer a atual gestão municipal, de manjedouras origens. Fico a me perguntar até que ponto um café da manhã pode alienar pessoas. Aos ET’s informo que dia desses foi oferecida lauta refeição matinal por uma secretaria – mantida com dinheiro público, óbvio – aos membros da “imprensa local”, assim mesmo, entre aspas. Como neste evento gastronômico e nababesco só compareceram dois representantes (blogueiros, por sinal), creio que a tal imprensa local se compõe apenas desses mesmos. Nada de anormal chamar a blogueiros de jornalistas, em uma cidade onde agiota é chamado de empresário e contumaz palpiteiro na administração, entre outras excrescências.

Estamos na fase do oba-oba, onde tudo é lindo, novo; quando todo e qualquer ato, por mais simples que seja, recebe o comentário: - viu, agora sim, Esperantina tem jeito. Toda vez que inicia nova administração é a mesma coisa, as mesmas fórmulas mágicas, mirabolantes às vezes. Com o passar do tempo, todos se mostram (ou mostraram-se) iguais na essência, semelhantes a desnutrido peru natalino: pouco peito e muita farofa.

Alguns patéticos se põem a taxar de revoltado ou defensor de candidato A ou B qualquer um que se ponha a criticar o que quer que seja (exemplo, eu, que já fui banido de conhecido site babaçueiro). Mal sabem os imbecis que o mal de quase todos é que preferem ser arruinados pelo elogio a serem salvos pela crítica.
Pouco afeitas às críticas e leituras, muitas pessoas não acessam este blog. Deve dar uma canseira arretada ler duas linhas sem encontrar uma fofoca ou palavras como adolo, miguxo, fofu e afins.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Nosso" Patrimônio

A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que o poder público, com a cooperação da comunidade, deve promover e proteger o "patrimônio cultural brasileiro". Dispõe ainda que esse patrimônio é constituído pelos bens materiais e imateriais que se referem à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Ciente disto acompanho, incrédulo que sou, desde ontem a divulgação em um blog nativo a matéria intitulada “Quadra Noeme Lages passa por processo de demolição”. Esta matéria foi divulgada dia 06 deste mês e ainda não há um comentário sequer de alguém se pronunciando contra a destruição da antiga quadra de esportes. Passeatas não foram feitas e nem pronunciamentos apaixonados no rádio, edifícios não foram depredados, não foram impetradas ações na justiça. Novos tempos, quem diria...

Em tempo passado e não muito distante, a simples menção de reformar tal patrimônio geraria dezenas de comentários sobre dilapidação do patrimônio público e outras parvoíces, digo, manifestações.

Alguém dirá que no local, que não era lá muito bem usado, será construído algo melhor, um anfiteatro! Oh, glória das glórias. Esperantina terá um anfiteatro e de agora em diante poderemos, poderemos... fazer o quê mesmo? Não importa, nosso rico dinheirinho será bem utilizado desta vez. Mas esperem... Aquela área não é alagável? Que informações a Defesa Civil apresentou sobre aquele terreno e adjacências? Nenhuma palavra?

Não lembro de ter lido/ouvido falar de projetos de reforma/construção de bens públicos neste início de ano. Tais projetos passaram pela gloriosa e bem remunerada Câmara? Creio seria de melhor alvitre reformar a quadra em questão, melhor ainda, reformar o combalido dormitório da pacote de fumo, que os antigos conheceram como teatro municipal, de tantas glórias – tá bom, nem tanto – mas que integra o patrimônio, fazendo parte da história municipal.

Algo não cheira bem, parece-me que há preocupação em limpar as áreas próximas à praça para que as barracas possam ser instaladas no período do festejo, gerando renda para a igreja - cof, cof - os cofres públicos, quero dizer. A sujeira que fica após as festas é apenas detalhe. A idéia de desenvolvimento por aqui ainda é coisa de “gente de fora”. Nada parece satisfazer mais a plebe que o cenário bucólico de cidadezinha do interior em festejos pelo santo padroeiro.

Tanto se falou que a reforma da praça teria acabado com um patrimônio importante do município, que era a praça no formato antigo e agora, sem mais nem menos destroem o pouco que foi feito. Por mais que tenha ficado ridículo e fora de contexto, ali foi empregado dinheiro público, que saiu de nossos bolsos, suado, tomado.

Insisto: nem um panfletinho?