quarta-feira, 23 de junho de 2010

Em câmera lenta




Em agosto de 2008 foi divulgada uma pesquisa eleitoral, relativa às eleições municipais em Esperantina, onde, entre coisas, o eleitorado apontava os quatro maiores problemas municipais: saúde, desemprego, educação e limpeza pública.

Hoje, passados um ano e seis meses da sonhada reviravolta ideológica, do alinhamento dos astros, o que podemos comemorar, visto que a maioria dos entrevistados já apontava para a renovação dos quadros políticos municipais?

Por falar em renovação, tivemos mudanças, mas parece que apenas nominais. Apesar do foguetório, ainda não assistimos ao espetáculo do crescimento.

Os recentes resultados de julgamentos nas esferas municipal, estadual e federal deveriam servir de alerta e guia de procedimentos. Aprende-se muito com os próprios acertos, porém mais ainda com os erros alheios.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Em busca de um caminho



Definitivamente o fascínio pela História deriva em parte das tentativas de comparação entre momentos do passado com o presente, na tentativa de entender o desenvolver humano, com base em fatos acontecidos.

Na Europa medieval, os comerciantes aglomeravam-se em núcleos fora das cidades, os burgos, daí burguesia designar pessoas ligadas às classes de comerciantes ou pessoas possuidoras de grandes riquezas. Inicialmente os burgueses, apesar de acumular grandes fortunas, não eram aceitos pela nobreza, até então detentora das riquezas, elitista, em termos atuais.

Com o passar dos anos, o declínio do feudalismo fez emergir a poderosa classe dos burgueses, com suas enormes fortunas, que passaram a financiar reinos, guerras e mais comércio, dando início ao capitalismo. Bem, nem tão rápido como parece neste texto, que atropela e minimiza as várias etapas que levaram ao capitalismo primitivo.

A história acima, em grandes e rápidas pinceladas, surge apenas para lembrar que antes como agora, a força do comércio, dos burgueses se faz presente e mostra sua força.

Transpondo a história para nossa Esperantina atual, podemos notar os comerciantes influenciando diretamente em questões administrativas, como no caso da rua climatizada, onde a opinião dos comerciantes parece ser mais prestigiosa que da população, visto que os mesmos insistem em desfazer o arremedo de calçadão penosamente iniciado, daí resultando na confusão infernal que é andar naquela via desprezada, onde não se tem tranqüilidade para andar a pé e o trânsito de veículos é sofrível.

No recente caso da lei que pretende estabelecer horário para funcionamento de bares e similares na cidade, pode-se novamente observar a movimentação de comerciantes para tentar reverter a situação, no caso, a imposição da lei. Até quando “o clamor do povo” será silenciado em favor de interesses particulares? O que esperar do futuro de uma cidade refém de interesses pecuniários? Os impostos que estes pagam silenciarão a comunidade, diminuirão as mazelas sociais?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Dura lex, sed lex




O proposto projeto de lei conhecido como boa noite Esperantina tem incomodado alguns cidadãos, sejam eles comerciantes ou não. Líderes já começaram a confabular, visando a não aprovação do dito projeto. De que têm medo?

Inicialmente se alega que os donos de bares e assemelhados serão bastante prejudicados com o projeto. E o que dizer dos que convivem com a balbúrdia nas proximidades destes comércios? As alegações para a não implantação desta lei em Esperantina são as mais variadas possíveis. Menores comentam que não terão mais onde se divertir; outros alegam ter o direito de ir e vir; há ainda os adeptos da cultura do “amanhecer o dia”, “pegar o sol com as mãos” e assim segue um rosário de lamúrias.

Ora, pombas! Por aqui já não se cumprem as leis do trânsito; o tal estatuto das crianças e adolescentes serve apenas para intimidar os pais; a venda e consumo de substâncias ilegais não é novidade, etc, etc, etc., por isso mesmo o estado há de se apequenar e deixar de criar suas leis, tentando melhorar? Viveremos eternamente à margem da lei? Cobra-se muito das autoridades, sejam elas policiais, judiciárias ou mesmo administrativas, porém, na contramão da história, a parte que cabe à população não é lá muito cumprida.

O grande barato que Esperantina apresenta é justamente a libertinagem. O que atrai tantas pessoas, que ao passar alguns dias por aqui se dizem “apaixonadas” pela cidade é justamente o sentimento de que tudo podem fazer neste território de cocais. Visitantes se deslumbram não com o bom atendimento de bares e assemelhados, mas com as inúmeras possibilidades que a noite oferece, nem todas legais.

Os teóricos da mesmice sempre surgirão com o manjado discurso de que a educação (em casa e na escola) ainda é a melhor solução, que o policiamento, sim, este deve ser intensificado. Estes viverão eternamente em busca do paraíso perdido.

A intenção da lei não é estabelecer um toque de recolher, mas estipular normas de convivência, comuns em ambientes civilizados. A Lei não é para que ninguém saia de casa, é apenas mais um limite que, infelizmente, temos que imputar àqueles que não têm limite. O resto é balela.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nacionalismo fast-food




Basta ligar a TV e esperar. Em algum momento da programação surgirá um plantão da copa ou mesmo no jornalismo do dia-a-dia. Em qualquer lugar que se vire sempre surgirá um individuo ou vários deles brandindo bandeiras, cornetas e uma infinidade de outras quinquilharias, exacerbando o nacionalismo recém adquirido, fast-food. Hora de esquecer os escândalos e a violência comuns no cotidiano.

Neste período de copa do mundo - pois é - tudo fica verde-amarelo, impera a paz entre as diversas torcidas, “Todos juntos vamos, Pra frente Brasil, Brasil, Salve a Seleção”. Durante esta e a próxima fase é só ficar de olhos vidrados na TV, na torcida por bons resultados e se maravilhar. É tempo de faltar ao trabalho, alongar o final de semana com comemorações (ou não).

Até alguns dias atrás, antes da febre verde-amarela, não era raro acompanhar reportagens de rua onde populares, questionados sobre escândalos na política e falta de segurança nas cidades, responderem “ter vergonha de nosso país”. Mas isso agora é passado. Vivemos no imediatismo canarinho.

Durante a ditadura militar no Brasil, era comum que os líderes desviassem a atenção das mazelas sociais e econômicas da população com obras e eventos grandiosos, que mostrassem as glórias do país “gigante pela própria natureza... deitado eternamente em berço esplêndido”. Assim nasceu a cultura do futebol, do carnaval, o maior estádio do mundo, a maior ponte do mundo...

Sempre que se queira desviar atenções é hora de recorrer à velha formula da ditadura. Governos vêm e vão, porém as velhas práticas apenas se renovam com outras roupagens e personagens.

E os problemas? Que problemas? Melhor ver futebol.
  

terça-feira, 15 de junho de 2010

Os vários tipos de comentaristas


Depois de ler raros sucessivos comentários recebidos neste blog, resolvi classificar alguns tipos, porém, só publico os mais comuns.

O desocupado 


Chega ao local de trabalho, olha o que tem por fazer e deixa de lado, prefere fazer comentários anônimos e sem fundamento. Não tem idéias próprias, repete tudo o que ouve na hora do cafezinho ou durante a degustação do churrasco de gato, às vezes é torcedor de certo time eterno vice. 


O Ditador 


Ele acredita na liberdade de expressão, desde que a sua opinião seja igual à dele. Quando isso não acontece, ele se transforma em uma criança mimada que grita e esperneia. 


O cão de guarda 


Lê minuciosamente todas as postagens dos blogs, tendo em mãos os estatutos da moralidade (segundo o mesmo), escreve nos comentários pequenas frases ou longos textos razoavelmente inteligíveis, na tentativa de explicar porque o mundo se tornou mais legal para os que seguem a mesma ideologia. 


O NORMAL 


Geralmente lê noticias que lhe interessam ou não, emite comentários concordando ou discordando, mas não acha que o mundo vá acabar porque outros discordam de suas idéias. 


O Medroso 


Este não tem opinião sobre nada e fica todo empolado quando encontra alguém que tem. É parente do borra-botas, mas não tem capacidade suficiente nem para xingar, o que leva a uma enxurrada de frases desconexas que terminam com algo como “compare o presente com o passado” 


O puxa-saco 


Acompanha todas as postagens, lê todos os textos e faz um resumo pro chefe, só para ouvir o que ele diz a respeito e depois concorda com tudo. 



O borra-botas 


Não tem coragem de assinar comentários, se escondendo por trás do anonimato. Espera que seus comentários mudem a forma como os outros pensam e escrevem. 


O vidente 


É aquele que mal consegue ler, mas já enxerga nas entrelinhas quais as reais intenções das idéias descritas na postagem. Para ele só existem duas classes: os bons e os maus e definitivamente não estou entre os primeiros, porque não consegui emprego mostrando o titulo de eleitor.

domingo, 13 de junho de 2010

Penso, logo critico.



A opinião é o ato principal para assegurar a existência do ser, não só intelectual, mas também social. Portanto sempre a tenha, seja crítico, seja a favor, seja contra, seja o que quiser... apenas tenha sua opinião, seja algo.

De que adianta ler, estudar, se não se pode emitir opinião? A simples menção de opinião a respeito de temas do cotidiano é mal vista. Conhecem-se muitos casos de pessoas “de formação” que não conseguem emitir opiniões, por medo da crítica ou de perder os cargos. Simplesmente não gosto que outros pensem por mim.

A tendência popular é sempre de rotular pessoas por interesses, dizendo-as tendenciosas, de posição ou oposição, mesmo sem entender a essência dos textos, como os deste blog.

Estes comportamentos é que incentivam e fortalecem a subserviência e o comodismo diante de fatos que dizem respeito a todos. Deixar de emitir opinião por medo é fraqueza, demonstra despreparo para a vida. São pessoas que pensam fortalecer a democracia apenas pelo exercício do voto. Para eles, esperar pelos outros é o máximo, isso já está impregnado na consciência popular. Quase não há iniciativas próprias.

O comodismo breca o desenvolvimento. Por exemplo, é inconcebível que em um município como Esperantina as hortaliças e verduras consumidas tenham que vir de outras cidades ou estados. O comodismo aqui se manifesta quando as pessoas se limitam a cultivar apenas o básico do básico. Esta também é uma das casas do crescimento vertiginoso das filas do bolsa esmola oficial.

Como cobrar desenvolvimento se esperam apenas o básico da administração, tipo: “o pagamento tá em dias”? A máxima em uso é esperar. Se alguém fizer algo novo, tudo bem. Se não o fizer, tudo bem também.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Eterna esperança



Vivemos à espera de dias melhores. Quando criança (há bastante tempo isso) ouvia dizer que “as crianças são o futuro do país”. As crianças cresceram – tá bem, nem cresceram tanto assim – e o futuro do país agora é jogado para a próxima geração. Do mesmo modo acontece na política: temos governos ruins? Na próxima eleição os tiramos. E nesta ciranda interminável estamos à espera de desenvolvimento.

Há quanto tempo a cidade de Esperantina é refém da idéia de eterna salvação pela renovação dos quadros políticos? Sempre que se avizinha o período eleitoral a solução para todos os problemas surge de forma espetacular, triunfal, segue-se uma onda de entusiasmo, o popular agora vai... passam as eleições e tudo inicia novamente. Pode ser uma maneira simplista de ver a situação, mas a retrata na totalidade, sem rodeios.

Por quanto tempo ainda teremos que nos contentar apenas com o rodízio de mandatários? Com descrito em conhecida música “já não vejo diferença entre os dedos e os anéis”. Todos são tão iguais na essência e nos atos. Só mudam as siglas e os assessores.

Enquanto as massas populacionais não reagirem a isso, resta-lhes apenas assistir apalermados aos acontecimentos à espera do coup de grace.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

À espera de notícias



O princípio da publicidade prevê no artigo 5º, XXXIII, da CF o direito que todos têm de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo estabelecido pela lei respectiva, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas consideradas como sendo de sigilo imprescindível à segurança do estado e da sociedade.

Baseado nesta premissa gostaria de saber quando sairá a 2ª edição do informativo da prefeitura de Esperantina. A 1ª edição, dos 100 primeiros dias de administração deixou uma expectativa enorme para a próxima edição. Constará nela a explicação para tantas dispensas de licitações? Espero que pelo menos mencione algo sobre a alta rotatividade de secretários e/ou edis e os ganhos decorrentes de tais atos para a administração, tendo em mente – claro - que os mesmos aconteçam e tenham por finalidade beneficiar a população.

E o que dizer dos eventos denominados governo presente? Ainda acontecerão ou voltaremos à arcaica administração de gabinete, herança maldita?

A lista de indagações é grande, diante da expectativa criada. Creio que a próxima edição deverá ser em formato de enciclopédia. Tô no aguardo. Positivo e operante.