terça-feira, 24 de outubro de 2017

O exército de dois homens sós

Imagem: Arquivo do Blog.

A cidade que aspira a ser influente, conhecida nacionalmente pelo trânsito caótico que lembra o mercado egípcio colonial, resolveu se modernizar e ao final de muita discussão, a solução mágica encontrada foi municipalizar o trânsito. Ok, beleza.

Para não fugir à regra, as coisas foram feitas atabalhoadamente. Primeiro veio o concurso para agente de trânsito, alguns anos passados. Depois veio a convocação de um único agente, que logo foi acompanhado pelos indefectíveis companheiros comissionados, mais uma coordenação sem atuação e sem os demais aparelhos que constituiriam um departamento de trânsito digno do nome. Uma pose pra foto aqui, uma blitz pra inglês ver ali, eis que no ocaso a cidade se viu com apenas um agente com a hercúlea atribuição de controlar o tráfego furioso, indisciplinado e mortal.

Passados mais alguns anos, nova oportunidade com mais agentes concursados. Agora a coisa vai. Porém, no frigir dos ovos apenas um permaneceu no cargo e veio a somar com o anterior, o ultimo moicano, já existente. E tome expectativas. Como sempre, as promessas de praxe: blitz educativas, sinalização das ruas, asfalto, ...

Mas o que vemos até o momento são dois pontos amarelos vagando sem lenço e sem documentos, sem poder de autuação, sem veículo para se deslocar a serviço, sem infraestrutura, sem... tudo.

Até quando continuaremos a brincar com o trânsito, enquanto as ruas se enchem de cruzes? Estamos em uma cidade onde os condutores de veículos estacionam seus possantes onde bem lhes convier; que trafegam em qualquer sentido da rua, seja mão ou contramão sem que nada nem ninguém possa interferir; onde motoqueiros treinam suas habilidades nas ruelas atrofiadas de veículos estacionados em ambos os lados da via; onde ruas são interditadas por particulares para fins privados; onde o mal exemplo é dado por quem deveria coibir estas mazelas.

Pobres de nós, que necessitamos transitar a pé pelo canteiro central da avenida, desviando das churrasqueiras ardentes; das cadeiras dos bares, das motos estacionadas ou das que circulam pela área dos pedestres, bem à vista dos olhos complacentes de todos... padecemos pelo desleixo na condução do trânsito, pela má fé.


E tenho dito!