sábado, 5 de novembro de 2011

Como era no princípio, agora e sempre



Coisas que não recebem a devida atenção em outros períodos do cotidiano de repente viram a sensação do momento.

Estampado em vários sites/blogs locais – novidade? - a mesma notícia dava conta da demissão de um servidor feita por telefone e imediatamente os leitores começaram a reagir. Indignação, surpresa, partidarismos entre outros foram demonstrados em muitos comentários. Fala-se em vergonha dos atos praticados por políticos da cidade, comentários sobre diversos aspectos que permeiam a vida pública local e mais um sem-número de lamentos.

Qual a novidade caras-pálidas? Há muito que a posse de um diploma deixou de ser essencial para o exercício de determinados cargos, sendo substituída pela apresentação do título eleitoral. Essa prática não iniciou agora, tampouco findará com o presente ato. O que mais incomoda é constatar que, apesar da indignação, passado este momento nada mais se falará ou mesmo fará para mudar este tipo de atitude intolerável e desabonadora, herança maldita (esta sim) do período colonial que permanece fortemente arraigada no meio político ainda nos dias de hoje. O toma-lá-dá-cá é regra, não exceção.

O comportamento ficou mais visível agora, mas é permanente e mais antigo que o rascunho da carta de Pero Vaz de Caminha. Não é de hoje que patrulheiros ideológicos se empenham em vasculhar e vigiar supostos beneficiários da bondade política para que não cometam deslizes, sob pena de perder cargos.

O que precisamos é de mudança de mentalidade. Já! Muitos se acostumaram, por comodismo ou desinteresse, à idéia de que aqui tudo pode, por exemplo, quando iniciada a obrigatoriedade do uso de capacete para condutores de motocicletas, grande parte da população reclamou e ainda reclama, preferindo arriscar a própria vida e das demais pessoas. E essas pessoas votam! E elas – podem ter certeza – nunca votarão em quem se comprometa a manter tal proibição. Essa é a mentalidade de muitos. Darão liberdade a alguém para dar um jeitinho de burlar leis e por sua vez esse alguém se sentirá respaldado a também se beneficiar de jeitinhos para se manter. Mas não custa lembrar: a mão que acaricia é a mesma que atira pedras.

Nos demais períodos da vida, quando o fator eleições não está na ordem do dia a sociedade contenta-se em olhar o próprio umbigo, quando a classe que se fez rica se preocupa em acumular mais dinheiro, a classe média persegue o sonho de ascender à classe rica e a classe dita como baixa se contenta em entornar mais uma branquinha, uma cerveja, ver novela e dançar ao som das músicas do momento nas festas populares.

Neste restante de ano e durante a maior parte do próximo veremos entre os que ora reclamam surdamente, muitos aplaudindo e acompanhando outras correntes e ao final do processo eleitoral provavelmente ficarão subservientes a outra qualquer autoridade por força da gratidão por ter recebido um cargo. E começa tudo outra vez.

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