Coisas que não recebem a devida atenção
em outros períodos do cotidiano de repente viram a sensação do momento.
Estampado em vários sites/blogs
locais – novidade? - a mesma notícia dava conta da demissão de um servidor
feita por telefone e imediatamente os leitores começaram a reagir. Indignação,
surpresa, partidarismos entre outros foram demonstrados em muitos comentários. Fala-se
em vergonha dos atos praticados por políticos da cidade, comentários sobre diversos
aspectos que permeiam a vida pública local e mais um sem-número de lamentos.
Qual a novidade caras-pálidas? Há
muito que a posse de um diploma deixou de ser essencial para o exercício de
determinados cargos, sendo substituída pela apresentação do título eleitoral. Essa
prática não iniciou agora, tampouco findará com o presente ato. O que mais
incomoda é constatar que, apesar da indignação, passado este momento nada mais
se falará ou mesmo fará para mudar este tipo de atitude intolerável e desabonadora,
herança maldita (esta sim) do período colonial que permanece fortemente arraigada
no meio político ainda nos dias de hoje. O toma-lá-dá-cá é regra, não exceção.
O comportamento ficou mais visível
agora, mas é permanente e mais antigo que o rascunho da carta de Pero Vaz de
Caminha. Não é de hoje que patrulheiros ideológicos se empenham em vasculhar e
vigiar supostos beneficiários da bondade política para que não cometam
deslizes, sob pena de perder cargos.
O que precisamos é de mudança de
mentalidade. Já! Muitos se acostumaram, por comodismo ou desinteresse, à idéia de
que aqui tudo pode, por exemplo, quando iniciada a obrigatoriedade do uso de
capacete para condutores de motocicletas, grande parte da população reclamou e
ainda reclama, preferindo arriscar a própria vida e das demais pessoas. E essas
pessoas votam! E elas – podem ter certeza – nunca votarão em quem se comprometa
a manter tal proibição. Essa é a mentalidade de muitos. Darão liberdade a alguém
para dar um jeitinho de burlar leis e
por sua vez esse alguém se sentirá respaldado a também se beneficiar de jeitinhos para se manter. Mas não custa
lembrar: a mão que acaricia é a mesma que atira pedras.
Nos demais períodos da vida,
quando o fator eleições não está na ordem do dia a sociedade contenta-se em
olhar o próprio umbigo, quando a classe que se fez rica se preocupa em acumular
mais dinheiro, a classe média persegue o sonho de ascender à classe rica e a
classe dita como baixa se contenta em entornar mais uma branquinha, uma
cerveja, ver novela e dançar ao som das músicas do momento nas festas
populares.
Neste restante de ano e durante a
maior parte do próximo veremos entre os que ora reclamam surdamente, muitos aplaudindo
e acompanhando outras correntes e ao final do processo eleitoral provavelmente ficarão
subservientes a outra qualquer autoridade por força da gratidão por ter
recebido um cargo. E começa tudo outra vez.
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Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!