quarta-feira, 28 de julho de 2010

E a cidadania, o que é?




O que as pessoas fazem com o que ouvem-vêem-aprendem nos muitos encontros e/ou cursos com temáticas de cidadania? Participam efetivamente ou apenas comparecem, visando mais um certificado ao final do curso para pendurar na parece ou incrementar o currículo?

Questiono isso porque - lamentavelmente - constato que ainda existem pessoas com o pensamento retrógrado de condicionar o voto ao recebimento de favores, os mais diversos possíveis. Por vezes um emprego temporário eterniza uma chaga cultural. Não tem amor próprio quem vende o voto e tampouco quem o compra tem consciência da exata dimensão de vida política (política na acepção plena da palavra e não o que vemos). Não raro é possível encontrar pessoas que se dizem eternamente gratas a determinados líderes políticos que as presentearam com um bom emprego, tornando-se assim dignos das melhores palavras, representantes na Terra do que acreditam divino. Quem presta favores a outros, pensando em retorno, não merece respeito e quando os favores envolvem serviços públicos então, o prestador torna-se ainda mais infame.

Se até bem pouco tempo atrás uma reles camiseta contentava a plebe, hoje o nível de consciência está mais elevado. É! Graças à TV – esse poço jorrante de cidadania - hoje vemos nos grandes escândalos-nossos-de-cada-dia que nada sai de graça. Se ao povo em geral não é dada a oportunidade de encher as cuecas e meias com notas espúrias, faz-se necessário então barganhar uma colocação em órgão público para satisfazer o corpo e alimentar o ego. E a mamata funciona assim: se o contemplado for “de família” nada mais salutar que um DAS macetoso, afinal, não fica bem para um desqualificado congênito pegar no batente, sabe como é. Porém, como nem todos pertencem à classe dos bem-nascidos, para estes sempre sobra uma vaga, para trabalhar é claro, mesmo que por míseros reais. Daí se depreende o porquê da grita geral contra a privatização dos cabides de emprego, digo, das estatais: é preciso manter o curral de eleitores. E tome cidadania.

Quanto vale, então, a dignidade de uma pessoa? Basta um emprego temporário para calar e transformar um cidadão em expectador inerme dos descalabros que assistimos? O que dizer dos que não compartilham das mesmas opiniões e não se corrompem em troca dos favores? Por tal “rebeldia”, por não partilhar do laço inculto devem ser condenadas à vala comum nos concursos públicos?  As palavras são surradas, mas repito: quem vende/troca o voto não pode cobrar nada de quem o comprou.

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