segunda-feira, 5 de julho de 2010

No meu tempo...




Quando se fala algo assim tem-se a idéia de apropriação do tempo por alguém, mas na realidade é apenas um modo de expressão para limitar e acentuar determinado período da vida do narrador.

Dizem que nos tornamos velhos na medida em que usamos no meu tempo. Mas é que diante de muitos fatos do cotidiano nos deparamos e mesmo chegamos a confrontar atos e atitudes das pessoas de agora com outras de nosso tempo.

Os avanços da modernidade chegam e mudam por completo o cotidiano das pessoas, embora a maioria não perceba, apenas continue a existir.

Senão, vejamos: antes que a internet, videogames e afins invadissem os lares, era comum que a idéia de lazer passasse pelas manhas de sol na beira rio, ponto de encontro prestigiado.

Divertido era cruzar a cidade em uma bike. Hoje a meninada se esbalda sobre motos, para alegria dos donos de postos de combustíveis e de lojas de peças.

Lembro que durante os festivais juninos - sim eles existiam e eram bem mais divertidos – o grupo que ganhava a competição não precisava necessariamente incomodar o resto da cidade com carreatas e sons estrondosos. Predominava a diversão e não a comercialização da cultura;

Conhecíamos detalhes de outras pessoas não pelo perfil do Orkut, que inexistia, mas pelos cadernos de perguntas que passavam de mãos em mãos pela sala de aula;

Se hoje é impensável para a maioria viver sem os famigerados telefones celulares, até algum tempo atrás os espaços ociosos do dia eram preenchidos com leituras, jogos, passeios de bicicleta, bate papo real e até mesmo com a prosaica TV, que era menos apelativa.

Mas enfim, o tal futuro de que tanto ouvíamos falar na infância parece ser apenas isto mesmo: um grande rolo compressor que compacta e destrói o passado, deslocando-se no presente e mirando no futuro.

Não obstante, nem tudo são lágrimas, pois o tal futuro que agora é presente nos permitiu maior acesso à informação, educação, saúde e até mesmo lazer (ainda que diferenciado).

“O passado é o que foi, é a flor que murchou, o sol que se apagou, o cadáver que apodreceu. Lágrimas a ele” (...)   Álvares de Azevedo. Noite na Taverna.

Um comentário:

  1. boa demais estas suas lembranças e fico triste em saber que alguns valores tão importantes para a nossa juventude está se perdendo.
    Só esqueceu de mencionar as apostas de carteira de cigarro que se fazia em jogo de castanha.
    abraços

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