quarta-feira, 19 de maio de 2010

Alvo errado

Foto: www.osvigaristas.com.br

Detesto dias temáticos. Em geral dispensam um dia para trabalhar o problema e outros 364 para ignorá-lo. Mas vamos aos fatos.

Como não poderia deixar de ser, em Esperantina aconteceram manifestações alusivas ao dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Passeata, discursos inflamados, faixas, tudo bem a gosto do freguês.

A pedofilia (tema do dia) é apenas mais uma das inúmeras facetas de uma sociedade em franco processo de degeneração. Muito se fala/escreve sobre os criminosos, perfis sociológicos dos mesmos são traçados e alardeados para que se faça o reconhecimento de possíveis infratores. Até o momento a tática não teve lá muito sucesso. Diante disso, que tal mudar um pouco o alvo? Se não se conhecem os próximos criminosos, as possíveis vítimas são identificáveis.

Quanto ao problema de fato, creio que deva ser enfocado sob outros aspectos, até o momento digamos, menosprezados. Em nome de uma modernidade duvidosa, crianças não se vestem mais como crianças (não que isto por si só resolvesse), não brincam mais como crianças; em nome da modernidade trocam bicicletas por motos; pulam etapas da vida para desfrutar de felicidades efêmeras. Brincadeiras inocentes foram substituídas pela imitação do que se vê na televisão: a música da moda que só tem 2 estrofes e um refrão sofrível, mas é o maior sucesso nos carros de som e festas de rua, recheadas de motes sensuais; a dança que acompanha, cheia de malícias. Vivemos um processo de bundalização do mundo pela TV.

De outro lado temos as novas tecnologias, que surgem para facilitar a vida, porém muitas vezes são usadas para atormentá-la. Falo do uso indiscriminado de redes sociais por menores, por exemplo, Orkut, que exige durante a criação de conta de usuário, que o mesmo se identifique como maior de 18 anos, mas e daí? Quem acompanha os menores nas lan-houses? Proíba-se o uso de Orkut ou MSN, por exemplo, em lan houses de Esperantina e as mesmas fecharão, pois grande parte dos usuários são menores. Proíba-se a venda de bebidas alcoólicas a menores e os lucros dos inúmeros bares cairão vertiginosamente. E por ai vai.

O que dizer do que ocorre nas escolas? Nas proximidades das mesmas é comum se observar aglomerações de pessoas por horas a fio. Será que estão a discutir os últimos lançamentos literários? A escalação do Dunga? Creio que não.

É muita inocência procurar enfrentar essa chaga social atacando apenas um lado do problema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!