sábado, 24 de abril de 2010

A democracia, o voto e o novo cidadão



Durante o império, o voto era obrigatório, porém censitário: só tinham capacidade eleitoral os homens com mais de 25 anos de idade e uma renda anual determinada. Estavam excluídos da vida política nacional quem estivesse abaixo da idade limite, as mulheres, os assalariados em geral, os soldados, os índios e - evidentemente - os escravos.

Após a queda do império sobreveio a república, salvação de todos os males e que, a fim de estender a cidadania à maior parcela da população, estabeleceu o voto feminino em 1932 e que foi exercido pela primeira vez em 1935.  Mas ainda era pouco.

A partir de 1988, com a outorgação da tal constituição cidadã, o eleitorado aumentou consideravelmente, e veio a ultrapassar a casa dos 100 milhões. Atualmente, o voto é obrigatório para todo brasileiro com mais de 18 anos e facultativo aos analfabetos e para quem tem 16 e 17 anos (que não podem ser responsabilizados por crimes cometidos, mas podem escolher mandatários) ou mais de 70 anos. Estão proibidos de votar os estrangeiros e aqueles que prestam o serviço militar obrigatório.

Ainda não satisfeitos com o total de votantes, os arautos da democracia tupiniquim agora estendem o voto aos presos provisórios. É demais. Já chega. Quando o elemento comente um crime, choca a opinião pública, é massacrado pela imprensa, chamado de bandido e outros adjetivos correlatos. Agora, para votar é chamado de cidadão.

Imagino a cena. O neo-votante se aproxima pensativo da urna, pensa por alguns instantes e resolve:
- Vou votar neste aqui, que me ajudou criando leis amenas.

Ou ainda:
- Voto neste, mó gente boa. Mandou os advogados dele para me defender. Chamou os direitos humanos e tal...

E assim por diante, os pensamentos seguem em agradecimentos. O que ainda falta?

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