quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Constatações de primeira vista


Em inúmeras páginas de internet é possível encontrar um famoso texto de Rui Barbosa, onde se lê: de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

Particularmente no que diz respeito à vergonha de ser honesto, vem-me a mente o esforço que faço e que a maioria da população também faz para conseguir honestamente os caraminguás no final do mês e que, após saldar as dívidas, pouco sobra para o lazer, fico a pensar o que uma pequena parte da população de Cocal City faz para conseguir sobreviver. São bon vivants que ultrapassam os limites dos finais de semana em bebedeiras, festas e comemorações, a bordo de carros ou motos possantes, que não combinam com suas rendas.

Boatos dão conta de que muitos amealham pequenas fortunas na usura, mas mesmo nesta forma ilícita de comércio os ganhos não são assim tão deslumbrantes como pensa a maioria, isso sem contar os calotes que vez ou outra são aplicados nos usurários. Não percebo ricas heranças sendo distribuídas e nem prêmios mirabolantes nas loterias federais para justificar tais esbanjamentos.

O que resta então? Como explicar licitamente estes súbitos acessos pecuniários? Ou alguém encontrou a galinha dos ovos de ouro ou então se tornaram experts em negócios não-republicanos, como diria o carequinha do mensalão.

Que vergonha de trabalhar! Semanas inteiras dedicadas ao trabalho por quase nada. Porém, tal qual pilha alcalina, também há um lado positivo: pelo menos podemos nos dar ao luxo de dormir sossegados – se os imbecis dos trios elétricos particulares assim o permitirem.

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