quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nacionalismo fast-food




Basta ligar a TV e esperar. Em algum momento da programação surgirá um plantão da copa ou mesmo no jornalismo do dia-a-dia. Em qualquer lugar que se vire sempre surgirá um individuo ou vários deles brandindo bandeiras, cornetas e uma infinidade de outras quinquilharias, exacerbando o nacionalismo recém adquirido, fast-food. Hora de esquecer os escândalos e a violência comuns no cotidiano.

Neste período de copa do mundo - pois é - tudo fica verde-amarelo, impera a paz entre as diversas torcidas, “Todos juntos vamos, Pra frente Brasil, Brasil, Salve a Seleção”. Durante esta e a próxima fase é só ficar de olhos vidrados na TV, na torcida por bons resultados e se maravilhar. É tempo de faltar ao trabalho, alongar o final de semana com comemorações (ou não).

Até alguns dias atrás, antes da febre verde-amarela, não era raro acompanhar reportagens de rua onde populares, questionados sobre escândalos na política e falta de segurança nas cidades, responderem “ter vergonha de nosso país”. Mas isso agora é passado. Vivemos no imediatismo canarinho.

Durante a ditadura militar no Brasil, era comum que os líderes desviassem a atenção das mazelas sociais e econômicas da população com obras e eventos grandiosos, que mostrassem as glórias do país “gigante pela própria natureza... deitado eternamente em berço esplêndido”. Assim nasceu a cultura do futebol, do carnaval, o maior estádio do mundo, a maior ponte do mundo...

Sempre que se queira desviar atenções é hora de recorrer à velha formula da ditadura. Governos vêm e vão, porém as velhas práticas apenas se renovam com outras roupagens e personagens.

E os problemas? Que problemas? Melhor ver futebol.
  

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