quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Então é natal... II



Sem querer transformar este espaço em chat, me vejo compelido a responder – pela última vez - algumas indagações feitas por diversas pessoas, de diferentes formas. Não venho pintado para a guerra, mas preparado. Em uma mão o cachimbo da paz, na outra a pena à guisa de espada.

A proposta deste blog é justamente esta: criticar, nadar contra a maré. É um espaço particular de contestação. Não vou indicar o caminho das pedras, apenas as atirarei de minha trincheira virtual. As assessorias contratadas a peso de ouro têm exatamente a função que ora querem me direcionar, ou seja, conhecer os problemas e apontar soluções. Se não as cumprem, paciência. A fila deve andar.

Não quero e nem desejo que outros pensem da mesma forma que eu, mas de forma alguma engolirei minhas convicções apenas para parecer simpático a outrem. Não incito pessoas a acessar este blog, não faço propaganda do mesmo e recomendo a quem se sentir diminuído pelos textos aqui escritos que simplesmente erga os olhos e o ponteiro do mouse até o canto superior direito da janela e clique no pequeno X dentro de um quadrado. Vade retro. Fim dos tormentos. Céu de brigadeiro.

A quem prosseguir na leitura digo que não há rebeldia na contestação. Mas vejo a submissão de mãos dadas com a ignorância, seguida de perto pela decadência dos valores que norteiam a humanidade.

O questionamento acompanha a humanidade desde quando o mais primitivo dos homens começou a observar a natureza, os fenômenos e por fim, o mundo ao seu redor e se questionava sobre o porque das plantas crescerem, entre tantas outras coisas. O questionamento foi e ainda é essencial ao desenvolvimento do ser humano. É ele que nos faz discernir o que é melhor para nós e/ou para o grupo que nos cerca. O atual estágio de desenvolvimento da humanidade seria, com certeza, bem mais atrasado se não houvesse o questionar. Diria mais: o questionar é inerente à condição humana, ao seu pleno desenvolvimento.

Nunca fiz, não faço e nunca cerrarei fileiras com os que apenas dizem amém diante das mazelas que nos atormentam. Para bater palmas e bajular já existe um séquito mercenário que, tal qual as carpideiras do período colonial brasileiro, representam às maravilhas sentimentos que não têm, apenas visando o vil metal. Aos que querem ler amenidades, digitem Esperantina no google e fiquem à vontade nos vários sítios dedicados a isso.

Como anarquista e ateu convicto, vejo com tristeza o desvio de foco das ações políticas, principalmente neste período de fim de ano, quando recursos públicos são utilizados em alegorias e adereços de uma festa que mal consegue disfarçar o cunho comercial. De que adianta enfeitar ruas, praças e outros, para desfrutar da “magia” do natal enquanto bem do lado nossos conterrâneos amargam o miserê?

Existe uma diferença abissal entre a história vivida e o que nos mostram na imprensa. Aquela criança que trabalhou o ano inteiro para ajudar a mãe e não fez recuperação porque não tem condições de estudar senta na calçada esperando que os que olham pelos pobres no Natal (e por vezes apenas no natal), possam olhar para ela também. Pobre sente fome, carência e frio todo dia, mas é no Natal que as pessoas se voltam para o que eles tão sentindo. Essa criança que não foi alcançada pelas mãos da “caridade”, o que acontecerá com ela? A fantasia do Natal construída pelo empresário e sua mulher, não existe para o pequeno cidadão. Não era pra ser uma data como a que está sendo. Para as crianças, ganhar presentes caros. Para os jovens, beber até cair duro. Para os adultos, comer peru até explodir.

Não vou finalizar um texto sobre o Natal como deveria porque ainda não passou da época. Mas deixo a todos um ano inteiro para pensar nisso. Quanto aos enfeites reciclados são e continuarão ridículos por todos os 150 anos até a decomposição. Se é para fazer algo, que façam bem feito, como em Luzilândia.

Não vejo porque vender ilusões de felicidade.

Por isso escrevo. Por isso sou Sine Fide.

2 comentários:

  1. Alguns questionamentos lhe fizeram escrever como nunca antes tinha feito. Isso é bom.
    Texto enorme, claro e demonstração de revolta pelo espaço que lhe rodeia.
    Espaço não apenas físico, mas também humano.
    E antes de mais nada Feliz Ano Novo e que este ano que irá iniciar lhe traga as boas novas, seja no mundo virtual como profissional.
    E não me entenda mal, no entando a HISTÓRIA é feita dentro de uma GEOGRAFIA de lugar, etc.

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  2. o professor ta pegando ar...arrocha genilson

    Pedro

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Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!