sábado, 19 de abril de 2008

Talvez uma "nóia"

Atualmente, o voto é um exercício de sado-masoquismo político. Para alguns parece haver prazer em ver a multidão sofrer e às vezes em ser eles próprios as vítimas de malefícios. Isso ocorre quando os incautos votam e elegem aquele que aumentará impostos; que empregará parentes e/ou apaniguados em bons cargos sem que os mesmos prestem concurso, como todos os simples mortais; que terá laranjas a receber metade do salário em favor de outros; que incorporará como seu o patrimônio público e outras mazelas do tipo. Este é o mundo execrável, porém real de parcela considerável do meio político.

Ao longo do tempo, passei a cultivar o infame hobby (sim, um hobby, só que bem mais modesto que "aquele", escancarado na TV) de observar minuciosamente as diversas manifestações da mídia pré-eleitoreira e deparei-me com interessante campanha de órgão eleitoral, que apresenta em cartaz um jovem de brinco com cara de rebelde e alguns dizeres ufanistas. No dito cartaz é expresso o orgulho de poder decidir o futuro do país através do simplório uso do título eleitoral, como se o mesmo fosse o passaporte para um mundo paradisíaco, sem fome, sem desemprego, sem desvios de dinheiro público e outros temas idílicos.

À primeira vista, diante de tal cartaz, tem-se a impressão de que o simples brandir do título terá o efeito de uma vara de condão, aquela das fadas-madrinhas, a espalhar benfeitorias pelo mundo. Porém, a realidade mostra diferenças abissais com o cotidiano, onde o efeito colateral do mau uso do título (ou previsão de uso deste) pode ser verificado quando a simples ajuda a desabrigados vitimados por enchentes se transforma em luta encarniçada por votos. O único valor do funesto documento é servir como moeda de troca. Não se iludam!

Quanto a mim, a proximidade de meu título com uma caixa de fósforos desperta tentação irresistível, uma nóia talvez.

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