segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Singularidades




Desde 23 de novembro ando com a pulga atrás da orelha, figurativamente falando, claro. Desde então ainda não consegui entender qual o excepcional interesse público para contratar em caráter temporário (11/11/2011 a 11/11/2012) 13 músicos para a charanga do município. E o Concurso?

Que a banda tem uma tradição na participação em diversos eventos públicos é fato. Mas daí ao caráter de excepcionalidade alegado é outra História. A contratação temporária existe porque as etapas de seleção de um concurso público são demoradas e a situação que demanda a contratação temporária já teria passado ao final da peleja, ou seja, o interesse público seria prejudicado pelo excesso de tempo. Acho que achei o fio da meada: não resistiríamos passar um natal para todos sem ouvir a banda, deve ser isso.

Estava à tona na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor [...]

Ainda não temos lixeiras públicas na maioria das ruas da cidade, mas isso não desperta excepcional interesse diante da possibilidade de me deliciar, ouvindo a banda tocar.

No centro da cidade caminho procurando espaço entre as mercadorias nas calçadas das lojas e os veículos tresloucados, mas em compensação posso me deliciar, ouvindo a banda tocar.

Já me irritei muito com a barulheira dos carros de propaganda volante que não têm mais hora para funcionar, mas isso não desperta excepcional interesse diante da possibilidade de me deliciar, ouvindo a banda tocar.

Quando estiver sem internet e não quiser ler jornais com palavras tortas e nem pensar no meio ambiente ou mesmo ler um livro* não ficarei mais estressado, pois posso me deliciar, ouvindo a banda tocar.

Escreveria horrores sobre ausências e intermitências em Cocal City. Mas para que, se posso me deliciar, ouvindo a banda tocar.

* Salvo engano, já se foi o tempo em que os livros eram a única forma de passatempo informativo. Aquele tempo em que os exibidos ostentavam livros que supostamente liam para passar ar de intelectualidade que, via de regra, caia por terra quando instados a expelir opinião sobre as leituras ou o dia-a-dia. Mas isso é passado. Ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!