segunda-feira, 23 de junho de 2008

A Reconstrução

O ano era 1947. A Europa estava arrasada pela II Guerra. Diante do cenário de caos econômico e social, os Estados Unidos da América lançam o Plano Marshall, que fornece US$ 14 bilhões de dólares para a reconstrução européia. Tem início então um longo processo de reconstrução dos países europeus e também o combate ao comunismo, então capitaneado pela União Soviética. O resto da história é bem conhecido: a Europa se recupera, os Estados Unidos se tornam potência mundial e a União Soviética tenta em vão derrubar o capitalismo.

A partir de então, quando são apresentados ao grande público os grandes planos de reconstrução, rapidamente vem à memória o plano Marshall. Resguardadas as devidas proporções, Esperantina também terá o seu planinho. Sim, cara-pálida! Seremos o Eldorado dos trópicos, segundo rezam os planos de governo (!!!) de figurinhas insuspeitas pré-candidatas ao cargo-mor municipal, apresentados durante grande encontro com aquele que é a razão de suas vidas: o povo!

Depois de devidamente apresentado à versão alucinante do Plano Marshall Babaçueiro (e, diga-se de passagem, também recuperado da sessão de risos) fiquei a vislumbrar Esperantina daqui a alguns anos: a educação nota 10; as ruas, ladrilhadas com pedrinhas de brihantes, iguais à da música popular. Ahhh, mal posso esperar para ver os meios-fios espetacularmente pintados de branco; as praças sem cantos; improbidade finalmente saindo do dicionário; o salário dos professores então... nem se fala, justíssimos. Prevejo até uma corrida de garimpeiros do magistério de outros municípios querendo aventurar uma vaga aqui; a câmara valorizada e competentemente dirigida; os duendes passeando livremente pelas... peraí, duendes? Acho que deslizei de vez. Só um instante, por favor.

– Alô, é da farmácia? Tem algum tarja preta? Uma caixa pra mim, por favor.
- Glub, glub. Pronto.

Era só um sonho/delírio. Bem feito pra mim, afinal, é nisso que dá, ficar ouvindo discursos enfadonhos em campanhas.

Será o fim? Seria eu mais uma cópia infiel de Policarpo Quaresma da vida? Ou a distribuição gratuita de óleo de peroba seria a alternativa mais acertada?

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