segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Volta às aulas

Com o início das aulas entram em ação os professores, tão criticados e por vezes elogiados personagens do cotidiano. Entre tantos tipos diferentes, encontram-se os super-professores, aqueles que conseguem a proeza de trabalhar em 03 turnos e – pasmem! – alguns em 04 turnos, em diversas escolas e até mesmo em diversas cidades ao mesmo tempo. Para isso contam com a “ajuda” de políticos que, na ânsia do voto, comprometem-se a “ajeitar” seus apadrinhados da melhor maneira possível.
Deve ser ressaltada também a complacência dos profissionais encarregados em gerenciar a educação e que supostamente deveriam coibir tais abusos, mas de certa forma também devem seus cargos a favores políticos.
Como estes super-professores fazem para planejar aulas e descansar é um mistério, mas o efeito disso em parte pode ser observado no desempenho sofrível dos alunos das escolas públicas nos exames nacionais de avaliação de ensino.
Concomitantemente, surge aquela velha queixa de que professores ganham pouco e que por esta razão necessitam lançar-se em jornadas insanas de trabalho em busca de sustento, mas esta é apenas uma ponta do iceberg, outras tantas variantes devem ser avaliadas antes de se condenar ou canonizar alguém.
No início da carreira a carga horária pouco importa aos profissionais, porém, após certo tempo trabalhando começam as queixas, as faltas injustificáveis e estes constatam que o dinheiro ganho já não dá sequer para comprar o remédio para a dor nas costas, a dor de cabeça e outras tantas agruras, mas mesmo assim continuam no martírio, passando assim a diminuir o rendimento nas aulas e, por conseguinte, o interesse do alunado – que, diga-se de passagem, já não é grande - cai nas disciplinas lecionadas.
A cupidez de determinados profissionais da educação pode ser verificada por ocasião dos concursos públicos, quando estes tentam ampliar o leque de atuação nas escolas - em detrimento da situação de outros candidatos que almejam ingressar no magistério - lançando-se sobre os cargos como predadores famintos diante de presas indefesas. Tentam concentrar para si a maior quantidade possível de oportunidades e alegam para tanto que concursos são públicos e que passa quem sabe. Ledo engano. E a qualidade do ensino? Ah, esta pode esperar. Primeiro é preciso construir um patrimônio pessoal, para adquirir o tão sonhado status social. Tudo por dinheiro.
Aos que assim procedem digo que até a presente data nunca conheci um só professor rico, porém, vejo muitos deles doentes, estressados.
Para os insaciáveis, deixo a frase de Erich Fromm: "A ganância é uma cova sem fundo, que esvazia a pessoa em um esforço infinito para satisfazer a necessidade, sem nunca alcançar satisfação."

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