domingo, 17 de fevereiro de 2008

A ilusão do amanhã

Quando iniciamos a vida escolar somos levados a crer que o Brasil é o país do amanhã; que as crianças são o futuro do Brasil e outras banalidades.
Após devidamente apresentados a um projeto de Terra do Nunca, nos sentindo “donos do próprio nariz” e achando ter bastante conhecimento sobre o mundo e as vivências, somos presenteados pelo estado com a obrigação do voto. Dizem-nos que essa é uma forma de contribuir com a democracia, com o crescimento do país e se não aceitamos esse blá-blá-blá, somos informados da obrigatoriedade de ter o tal passaporte para a felicidade – o título eleitoral, sem o qual somos impedidos de prestar concursos públicos, enfim, sem ele nos tornamos párias da sociedade.
A partir de então, nos deparamos com uma classe abominável a que chamam de políticos, que vivem a nos atazanar com conversas furadas do tipo “se eu for eleito, esta cidade será melhor. Se eu for eleito farei isto, aquilo...” e assim vai. Estes seres extraterrestres (vivem no mundo da lua) nos perseguem a vida inteira e aos mais fracos fazem de marionetes, massa de manobra, são os degraus de seus projetos próprios de alpinismo social.
Revendo hoje a situação de Esperantina, constato que o progresso prometido nos períodos eleitorais passados não foram cumpridos e, no entanto, novamente ouço as mesmas promessas, como que gravadas e repetidas à exaustão em uma ciranda macabra que parece seguir à risca o ditado que diz “uma mentira contada mil vezes torna-se verdade”.
Mas o que esperar de políticos sem compromisso com a cidade e que não são cobrados por suas falas, ou melhor, o que esperar de apedeutas?
Em seus 87 (?) anos de existência, o município de Esperantina já foi palco de inúmeros acontecimentos sociais, políticos e policiais, que na maioria das vezes são esquecidos, porém, de uma coisa não podemos esquecer: a permanência no cotidiano dos maus exemplos políticos.
Sempre que uma eleição se avizinha, lá vem aquele “amigo” - que só aparece a cada dois ou quatro anos, conforme as conveniências - com tapinhas nas costas e soluções mágicas, que parece conhecer-nos tão bem quanto nossos pais. De repente, com uma simples conversa, esse “amigo” nos faz ver que a cidade depende unicamente de nosso voto para se tornar um novo Eldorado. Mas para que isso aconteça nos é pedido em troca um simples voto, que tornará o amanhã mais agradável. Nossa cidade, até então tida como abandonada se tornará a maior, a melhor entre todas, mas... somente após as eleições, esta é uma proposta para o amanhã, sempre o amanhã.
Por que não hoje? O que as eleições trarão de novidade para nós, que já não tenhamos visto ou lido em quase nove décadas de história desta cidade?
Não é benquisto que a política seja somente fonte de renda de alguns senhores e apaniguados. Também não creio que recebam votos apenas para “dormir” em plenário ou para balançar a cabeça em concordância com o que sequer entendem.
Chega de deixar para amanhã o que não é feito hoje por negligência ou oportunismo.
O amanhã que salva também condena.

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