sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O ano começou!

Agora que o carnaval cinematográfico de Esperantina já passou, hora de voltar à rotina – se é que dela saímos. Tem início agora o período da quaresma. É a remissão após o desbunde.
Para os ociosos, o ano inicia agora, mas já com vistas à dita “semana” santa. Neste nosso país de contrastes, o dito maior país católico pára por 3 (três) dias para a maior festa pagã do mundo e resume em 1 (um) dia a “semana” santa. Nada mais brasileiro.
Desde janeiro, ou a partir de agora e por mais uma centena de dias (142 dias, segundo cálculos de economistas), nos dedicaremos ao pagamento de impostos, uma espécie de corvéia[i] reestilizada. Tal qual na Idade Média, devemos pagar pelos “grandes serviços” que o Estado (governos) nos presta – pois é.
Tal obrigação seria cumprida com desvelo se os benefícios devidos nos fossem retribuídos, mas o que temos? Se necessitarmos de educação de qualidade, segurança e outras obrigações do estado, melhor pagar por eles e fazendo isso pagamos duas vezes pelo mesmo serviço.
Concedemos ao governo recursos para que este possa proporcionar-nos saúde e o que recebemos em troca? Se quisermos minimizar a possibilidade de entrarmos andando em um hospital e dele sairmos carregados, não podemos contar com a rede pública, no mínimo teremos que contratar um plano de saúde, dada a precariedade de meios para o atendimento.
E o que fazem então os governos com a dinheirama dos impostos? Torram com propagandas cheias de “musiquinha pra cá, musiquinha pra lá” na nefasta tentativa de encobrir o descumprimento das promessas de campanha eleitoral.
Em todo o país – e aqui não é exceção – vemos o financiamento a festas com dinheiro público recolhido através de impostos, que teria com certeza melhor emprego. Enquanto isso, no mundo real falta atendimento médico, calçamentos, redes de esgoto, segurança, educação...
Ao invés de investir milhões em paliativos como os tais programas de redistribuição de renda (que, diga-se de passagem, têm retorno em forma de votos), por que não criar reais oportunidades de desenvolvimento? Poderiam começar com os prometidos 10 milhões de empregos, o espetáculo do crescimento ou a transformação de cidades semi-abandonadas no melhor lugar do mundo para se viver.
Seria bem mais sensato que explorar a dignidade de cidadãos pagadores de impostos, de esquálidos, desdentados ou aproveitadores das bolsas-esmola da vida.
Estão esperando o quê? O Carnaval já passou, o ano começou!

[i] Trabalho gratuito que o camponês devia a seu amo ou ao Estado durante a Idade Média.

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