sábado, 13 de abril de 2013

Um questionamento e não um Decreto

Imagem: palmaresespirita.blogspot.com


Hoje mais um acontecimento que deveria ser corriqueiro em Esperantina se tornou um espetáculo, tal qual não se vê normalmente no período entre eleições, tudo por conta da realização de uma blitz que iniciou logo pela manhã e se estendeu até o meio-dia, deixando em polvorosa a cidade, mais especificamente os condutores de veículos que não possuem carteira de habilitação e a documentação do veiculo.

Apesar de que esta não foi a primeira vez que isso ocorre por aqui  o estardalhaço foi enorme. Pelos celulares pessoas avisavam aos incautos sobre a operação, desocupados ficavam nas esquinas somente para avisar que uzomi realizavam blitz; a – cof, cof – imprensa local também brilhou ao dar voz aos lamentos e lamúrias dos populares que, coitadinhos, sem recursos para regularizar seus bólidos eram retidos na blitz como peixes nas redes.

Pessoas das mais variadas ocupações tiveram apreendidas suas conduções, por também variados motivos. No local de uma das blitzen, próximo à Câmara Municipal era grande o alvoroço, onde pessoas de diversos matizes ideológicos vociferavam tolices do tipo: vocês não queriam era isso? Votaram agora tem que aguentar 4 anos!; outros diziam: isso é perseguição. O pobre mal tem condição de comprar uma moto e o governo manda tomar; deveriam era perseguir os ladrões de motos, assaltantes e assemelhados, como se tal não fosse uma das funções da blitz e muitos outros impropérios do gênero.

Como não poderia deixar de ser, os portais e redes sociais serviram de tribuna do povo. Uns incitavam atos de rebeldia, outros aproveitavam a situação para “queimar” quem eles acreditavam que possivelmente seria responsável pela blitz e pelo solo lunar que chamamos ruas da cidade. Turma de esquerda para cá, de direita para lá, mas o que sobrava mesmo era a da retaguarda, do retrocesso. Qual fênix renascida das cinzas, novamente nasce a mofada ideia das blitz educativas, da sinalização primeiro e blitz depois, da anistia das dívidas, anistia esta que já foi ofertada em anos anteriores onde menos da metade dos proprietários de veículos aproveitaram para regularizá-los. E por falar em regularização deve-se lembrar de que na maioria dos dias do ano muitos destes pobres coitados hoje entristecidos, rotulam de “abestados” aqueles cidadãos que trabalham e se esforçam para manter seus veículos devidamente em dia com suas altas taxas. Sim, pagam-se altas e aviltantes taxas, mas se pode sair à luz do dia e pelas principais ruas sem maiores temores, como ter que voltar a pé para casa porque não pode passar por uma simples blitz de trânsito.

Neste momento os cidadãos de irmanam nos protestos, assim como o fazem quando algum deles sem destreza e/ou habilitação falece pelas ruas da cidade, ocasião certa para o defectível “luto eterno” nas redes sociais que dura até o próximo acidente fatal, sem que nada mude.

Revoltam-se contra atos e medidas que não são apenas para punir, mas para dar ares de civilidade ao trânsito caótico e assassino de nossa cidade. Tal revolta encenada lembra – pela futilidade em si – a revolta da vacina do início do período republicano no Brasil, originada a partir de uma lei que tornava obrigatória a vacinação da população e que foi demonizada pela maioria. O que era uma simples medida de proteção à saúde tornou-se motivo de revolta. Resguardadas as devidas proporções e finalidades, resta alguma semelhança?

Não lembro de ouvir alguém argumentar que as blitzen servem para, entre outras coisas, verificar a origem dos veículos vistoriados, se produto de furto ou outro delito qualquer. Não. O importante era gritar para as quatro direções que a perseguição estava de volta à cidade. O ranço das últimas eleições voltou com força total, como se tudo não passasse de mera questão de escolha política, que este ou aquele seria melhor para governar.

E no final, qual a moral da história? Todos unidos e com apoio para não seguir leis nacionais de trânsito. Todos unidos contra a perseguição aos pobres condutores de motocicletas que não tem condições para quitar suas dívidas junto ao órgão fiscalizador e arrecadador. Pobres diabos! Ainda voltaremos às cavernas.

E tenho dito!

2 comentários:

  1. Concordo com vc. As pessoas reclamam do trânsito caótico, mas não aceitam uma blitz. Quando os acidentes acontecem..meio mundo de lamentações. Vá entender este povo. As blizs acontecem em todos os lugares sem nenhum alvoroço , mas em Esperantina bliz é um espetáculo.

    ResponderExcluir

Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!