terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Os bem-nascidos: ontem e hoje

Imagem: http://bloghapax.blogspot.com.br


Na Grécia antiga, de acordo com a tradição, o rei Teseu, unificador da região da Ática (o mesmo Teseu protagonista da lenda do Minotauro), organizou a sociedade da área em três classes principais, a saber: Demiurgi, Geomori e Eupátridas. No momento me detenho em uma das classes em particular: Os eupátridas. Eles consistiam em um grupo social da Grécia Antiga detentores de altas posições, constituindo a nobreza da região da Ática (correspondente a Atenas e regiões circunvizinhas). Em grego, o termo significa algo como “aqueles bem nascidos”, ou “os de pais nobres”.

A classe eupátrida era, dentre todos os habitantes de Atenas e região, aqueles considerados os habitantes originais, os descendentes dos primeiros chefes e nobres locais e por isso tiveram o seu apogeu como classe dominante dos principais centros do mundo grego. Controlavam a justiça, em especial na sua esfera administrativa e atuavam como poder público. Isso na chamada antiguidade clássica.

De lá para cá muita coisa mudou, mas os bem-nascidos volta e meia resolvem dar o ar da graça, reacendendo a polêmica teoria sobre a História cíclica, aquela para qual tudo o que acontece já havia ocorrido, de alguma forma.

Não é difícil identificar os bem-nascidos atualmente. Eles brotam aos borboões no cotidiano e sua bem aventurança inicia bem cedo, ainda nos primeiros panos, razão pela qual são assim denominados. Seguem pela vida sem grandes preocupações comuns ao restante da população, que se empenha arduamente para conseguir o ganha-pão diário.

Um bem-nascido é diferente: se vai à escola é para preencher lacunas e garantir um status social. Quanto ao trabalho, o grande filósofo grego Platão demonstrou esta visão: “É próprio de um homem bem-nascido desprezar o trabalho”. E mais uma vez o filósofo tinha razão.

O cidadão que se esforça desde cedo para conseguir trabalho por vários meios, como o concurso público, por exemplo, é suplantado pelos bem-nascidos que sempre conseguem os melhores empregos, as melhores funções, não por competência resultante de esforços próprios, mas amparados pela ascendência familiar, tendo como maior arma o dna, reforçado com o titulo de eleitor.

Por mais que se esforce,  a carreira no funcionalismo público tem seus martírios, agruras e dissabores para o cidadão comum, mas que pode muito bem ser adoçada – e assim é – pela divina intervenção familiar-apadrinhamento em favor de poucos que sequer tem a preocupação de estudar e entrar para o serviço público pela porta da frente.

Concorrer com tais oponentes é como participar de uma corrida, tendo por adversários pessoas que teriam semelhantes condições para competir, porém colocadas metros à frente.


A prática é antiga, mas tem muito futuro. E tenho dito!


Com informações de:
Enciclopédia Britânica, 11a edição (1910/11), volume 8
http://en.wikipedia.org/wiki/Eupatridae

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