quinta-feira, 3 de maio de 2012

1º de Maio


Imagem: Migrantes, de C. Portinari. www.blogdobanu.blogspot.com


Passeatas do dia do trabalho. De longe lembram aquelas dos anos 80, quando eram concorridíssimas pelos trabalhadores, principalmente da zona rural, que neste dia faziam questão de participar e olha que não havia tantos recursos assim disponíveis para transportá-los para a cidade. Hoje, porém a data já não empolga mais como dantes. Ultimamente há mais discursos vagos e promessas por cumprir que ação propriamente dita.

O que comemorar mesmo neste dia? Fiquei preocupado com a possibilidade dos participantes serem vitimados pela dengue ao se deslocar pela rua do sindicato que as representa, com seus buracos, água, lama e Cia., mas com era dia de festa, pra variar, ninguém notou.

Em tempos idos os protestos realizados por ocasião da passeata eram voltados para a melhoria da vida do homem no campo. E hoje? Hoje as condições são bem melhores, embora ainda não suficientes.

Mesmo com o intenso apoio dado pelo governo ao setor do pequeno produtor rural o desenvolvimento por lá ainda se dá a toque de caixa. Vem um projeto que melhora a situação enquanto tem assistência técnica, após o fim do projeto tudo volta à estaca zero, na maioria das vezes, basta ver que a produção agrícola do município não aumentou estratosfericamente. Ai é a hora de começar tudo de novo, em um ciclo que parece não ter fim, basta sentar e esperar.

Apesar da propaganda da melhoria na vida rural, alguns números intrigam e só para efeito ilustrativo, no ano de 2010 o seguro safra concedeu a pequenos agricultores esperantinenses a quantia de R$8.550,00. Isso em um município com predominância da agricultura. Por outro lado, uma pequena, porém bem coordenada ação em prol dos pescadores artesanais os beneficiou no ano de 2011 (não há registros em 2010) a quantia de R$553.505,00 e olha que pesca não é a atividade principal da população!

Quando uma pequena parcela da população consegue benefícios que superam em valores e quantidade aquela massa que se acredita constitua uma maioria, há que se repensar atos e representatividade do pequeno agricultor. Seguindo pela contramão da história o programa bolsa família injetou no município de Esperantina a bagatela de 6.468.135,00 no ano de 2010, sem que para isso fosse preciso despender uma única gota de suor!

Desta forma os dados mostram que há muito que fazer para se comemorar o dia do trabalho por aqui, uma vez que a data nos remete principalmente à área rural, que carece de maior atividade que simplesmente estender a mão do pires em direção ao erário e tomar as ruas em passeatas.

2 comentários:

  1. Genilson, com sua análise de precisão cirúrgica lançada sobre a sociedade agrícola moribunda você deixou nítida a falência moral e cívica causada pelo assistencialismo eleitoreiro do governo. Todos agora tem o que comer, mas - em muitos casos - perdeu a esperança e a dignidade.

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  2. Lembro das grandes passeatas dos anos 80, como voce se referiu. Realmente a diferença é grande em relação as de hoje. quem te viu quem te vê.

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Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!