quarta-feira, 12 de março de 2008

Aos hipócritas, sem temor

Não adianta espernear. Se a classe política é um poço de hipocrisia, a sociedade também o é. Há os que se fingem de amigos para tirar proveito de pessoas e/ou bens públicos, por exemplo. Há ainda os que se escudam em religiões – via de regra, os piores - que supostamente lhes projetam ar de honestidade e se lançam no meio político para lutar pelo povo, mas na realidade os vejo tão ou mais hipócritas quanto os demais. Quando porventura fazem algo certo, tomam para si os louros da vitória, porém, quando erram põem a culpa em seres inexistentes, os "demônios", que nada mais são que suas imperfeições projetadas em algo exterior, que pode ser culpabilizado.
Sobre essas pessoas, era comum se ouvir na Idade Média que "A humanidade só terá paz quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre". Estas palavras eram usadas pelas pessoas que se sentiam diminuídas na sua existência, vítimas que eram das classes detentoras do poder. Hoje a mesma frase tem outra formulação: Só haverá liberdade quando o último político for enforcado nas tripas do último religioso.
O mundo pertence aos hipócritas, convenhamos. Para estes crápulas, o importante acaba sendo a imagem do indivíduo perante o grupo, o status. Estes têm entre seus objetivos os discursos grandiloqüentes, a defesa aos mais fracos, posar de nobre alma, criticar os vencedores para lucrar. Afinal, raros são os que realizam alguma coisa, enquanto a maioria pega carona, criticando os que sustentam a humanidade, mas disputando os créditos dos bons resultados. O povo desaprova, mas alienado, agradece.
A camuflagem hipócrita esconde os rostos dos covardes, oportunistas e falsos, rende bons frutos para os desonestos, que conquistam pela emoção multidões de esquálidos e desassistidos. A hipocrisia garante a fama de bondoso frente às massas. Ainda bem que os verdadeiros heróis não ligam para os créditos, deixando-os aos hipócritas, contanto que aquilo que tem que ser feito seja feito. Até mesmo os hipócritas agradecem, no silêncio e escuridão do apagar das luzes.
Como disse Voltaire: “Que Deus(?) me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu”.

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