segunda-feira, 16 de março de 2015

Um dia típico nestas terras de cocais

Imagem: Arquivo do Blog.

 Mais um dia começa. Ainda sonolento tento despertar ouvindo algo no rádio. Apenas velhas notícias de sites são repetidas aos sobressaltos pelo locutor com problemas de memória.

Já devidamente pronto para mais um dia de trabalho, saio à rua e já e escuto à distância um dos muitos carros volantes a anunciar festas, bingos ou promoções ao som de – cof, cof – músicas da moda. E tome barulho com um famigerado forró, daqueles cantados aos berros por uma querida e muito apreciada banda.

A meio caminho, ao passar por uma esquina um motoqueiro provavelmente sem habilitação e com certeza sem noção, avança pelas ruas como se ela fosse somente sua, ao bel prazer de fazer barulho e impressionar as sem-cérebro nativas. – Sai da frente todo mundo! Ah, com queria que uma horas dessas um daqueles postes ficasse bem na frente, ops, não se pode desejar mal a ninguém, diz a cartilha politicamente correta.

Na próxima rua um daqueles carros que fazem transporte irregular de pessoas para a zona rural e outros municípios para bruscamente no meio da rua e quem quiser que “arrudei” para prosseguir. E tome buzina para chamar a atenção dos passageiros. Mas isso ninguém mais vê, ou se vê, finge que não é com eles, leia-se autoridades que deveriam cuidar do trânsito-municipalizado-pra-inglês-ver.

Finalmente no local de trabalho percebo constrangido que mais uma vez os sempre educados e bem treinados condutores de veículos estacionam seus veículos onde bem entendem e o estacionamento para bicicletas mais uma vez fica interditado, sem que autoridade alguma se digne em tomar providências. Talvez seja esperar demais, afinal as eleições se aproximam.

O retorno pra casa é uma sucessão de desviar de buracos e lama das ruas, carros estacionados de qualquer forma em qualquer lugar, motos pela contramão – sem que ninguém mais veja isso – e tome autoridade em pick-up importada.

Antes do almoço ligo novamente o rádio e lá vem a pérola: (...) meu pai é f*... eu sou f*_inha(...) nem consegui ouvir o final da frase e desligo o rádio, aquela estação que vende seus horários para quem pagar mais e insiste em se anunciar como A grandona.

A tarde transcorre entre um barulho e outro de carros volantes e imbecis com som próprio, tentando mostrar quem fica surdo primeiro. A solução é esperar a noite, mas a chuva veio e a programação da TV só mesmo pra torturar. Melhor dormir, mesmo com  a muriçoca que soca, soca... malditas músicas pegajosas.

Um comentário:

  1. Bom texto! Um resumo de como é a vida em uma cidade interiorana e sem muitos horizontes.

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Isto não é uma democracia. Antes de comentar, lembre-se: sou perigoso, tenho uma pá e um quintal grande!