Sexta-feira, 16:35 h, Rua Professor
João Paulo em frente ao eternamente à espera de reforma mercado público
municipal. A bordo de seu veículo Vida Loka, o motorista na contramão reclama
do motoqueiro (um daqueles infelizes escravos do comércio que perambula naquelas
motos com reboque) que ousou adverti-lo de que andava errado:
- Eu sei que tô errado, mas
precisa falar assim comigo, f.d.p?
Após ameaçar descer do carro,
desiste e segue em frente na mão inglesa. Talvez o indivíduo preferisse um
cuti-cuti e um pedido de desculpas por ser incomodado em seu livre direito de
andar na contramão. Quem andar certo que saia da frente. Nada mais típico.
Quer dizer: tá errado, mas deve
ser tratado como se não estivesse, afinal por aqui tudo pode. Foi só um pequeno
deslize. Quando acontecem os acidentes a culpa recai nas condições precárias
das vias, na falta de sinalização e nunca na imperícia ao volante. Criar soluções para o trânsito, nem pensar neste momento, pois soaria impopular.
Enquanto isso, outros veículos se
acumulam na espaçosa rua em questão, alguns deles na contramão, mas igualmente
certos em seus pensamentos de donos das ruas. Os poucos pedestres presentes se
arriscam andando pela ciclovia virtual, visto que as calçadas estão abarrotadas
de mercadorias dos comércios.
Neste momento, a já conhecida paciência dos condutores locais se expressa em buzinaço e alguns começam a xingar. Ninguém em torno para resolver o problema, mínimo aliás, pois trânsito agora só existe mesmo nas proximidades daquele banco recém inaugurado.
Neste momento, a já conhecida paciência dos condutores locais se expressa em buzinaço e alguns começam a xingar. Ninguém em torno para resolver o problema, mínimo aliás, pois trânsito agora só existe mesmo nas proximidades daquele banco recém inaugurado.
E assim a novela da vida prossegue
velozmente na contramão da história, sem obstáculos. Breve em mais um acidente perto de você!
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