sábado, 11 de fevereiro de 2012

Eu sei que tô errado, mas...



Sexta-feira, 16:35 h, Rua Professor João Paulo em frente ao eternamente à espera de reforma mercado público municipal. A bordo de seu veículo Vida Loka, o motorista na contramão reclama do motoqueiro (um daqueles infelizes escravos do comércio que perambula naquelas motos com reboque) que ousou adverti-lo de que andava errado:
- Eu sei que tô errado, mas precisa falar assim comigo, f.d.p?
Após ameaçar descer do carro, desiste e segue em frente na mão inglesa. Talvez o indivíduo preferisse um cuti-cuti e um pedido de desculpas por ser incomodado em seu livre direito de andar na contramão. Quem andar certo que saia da frente. Nada mais típico.

Quer dizer: tá errado, mas deve ser tratado como se não estivesse, afinal por aqui tudo pode. Foi só um pequeno deslize. Quando acontecem os acidentes a culpa recai nas condições precárias das vias, na falta de sinalização e nunca na imperícia ao volante. Criar soluções para o trânsito, nem pensar neste momento, pois soaria impopular.

Enquanto isso, outros veículos se acumulam na espaçosa rua em questão, alguns deles na contramão, mas igualmente certos em seus pensamentos de donos das ruas. Os poucos pedestres presentes se arriscam andando pela ciclovia virtual, visto que as calçadas estão abarrotadas de mercadorias dos comércios.


Neste momento, a já conhecida paciência dos condutores locais se expressa em buzinaço e alguns começam a xingar. Ninguém em torno para resolver o problema, mínimo aliás, pois trânsito agora só existe mesmo nas proximidades daquele banco recém inaugurado.


E assim a novela da vida prossegue velozmente na contramão da história, sem obstáculos. Breve em mais um acidente perto de você!

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