quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E agora?

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Uma rápida lida nos indicadores econômicos de Esperantina e veremos que o potencial para a agricultura é desperdiçado. A agricultura praticada em Esperantina ainda é a mesma da época da colonização do estado. Espera-se o inverno para plantar. Se as chuvas vierem fortes, tem fartura, senão, a conhecida seca e na seqüência, a espera pelo socorro governamental. Este quadro se repete ano após ano e até a presente data as soluções ficaram somente nos planos de governo, maravilhosos, diga-se de passagem.

As tentativas de melhorar até ocorreram no passado. Segundo Monsenhor Chaves[1] foi Dom João do Amorim “quem introduziu o arado entre nós [Piauí], por volta de 1783. É pena que a iniciativa daquele governador não tenha vingado. Se desde aquela época estivéssemos empregando, no campo, as técnicas adequadas, nossa agricultura não seria hoje rotineira, atrasada, deficiente... mais uma vez prevaleciam, entre nós, os direitos espúrios da preguiça e da rotina”. Faltou empenho da população no emprego da “moderna agricultura”. O mal é antigo.

Desde então, o discurso de desenvolvimento rural preenche os discursos e planos dos postulantes ao governo do estado que, no entanto, amarga soluções eleitoreiras, que apenas eternizam a indústria da seca.

Este é o momento de decidir novamente quem será o gestor do estado pelos próximos 4 anos. Quais serão seus planos para tratar do assunto? Eles são reais e plausíveis ou apenas engodo?

Não podemos mais nos dar ao luxo de ficar esperando a cada 4 anos pelo salvador. É preciso cobrar propostas dos candidatos e empenho do eleito. Ou corremos o risco de ficar eternamente na dependência de produtos agrícolas e hortifrutas vindos de outros estados, como o Ceará, que em condições de clima semelhantes ao do Piauí produz muito mais. Porque será?

A política do incentivo à agricultura familiar é válida, mas até mesmo as pedras sabem que esta forma de agricultura rende pouco mais que o suficiente para a subsistência do homem do campo, um paliativo e só. É preciso acabar com a falácia de que ela é a salvação e de que tudo vai bem, obrigado.

De quase nada adianta fornecer crédito fácil ao homem do campo se as práticas agrícolas continuarem as mesmas. A mecanização da agricultura é a alternativa viável para a falta de braços, decorrente do intenso processo migratório que historicamente retira mão-de-obra local. Olho nas propostas!


[1] CHAVES, Monsenhor. Obra Completa. Apontamentos biográficos e outros. Pág. 429.

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