terça-feira, 13 de maio de 2008

Progresso. Ah! O progresso!

Quando o Governo Federal iniciou em 2004 o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica, vulgo "Luz para Todos", o objetivo era levar energia elétrica para a população do meio rural. Até ai, beleza, tendo em vista que em muitos lugares o padrão de vida é medieval.

O problema é que antes de executar o idílico projeto, a ação apropriada seria o fortalecimento do atual sistema de distribuição de energia para o resto do mundo que paga (e caro) para ter esse benefício. Sem isso, ficamos à mercê de constantes falhas no “sistema” elétrico, onde as oscilações de energia nos impedem de usar aparelhos eletroeletrônicos em determinados horários, em determinados dias. Por vezes, o problema ocorre dias a fio em horários específicos e, se nessa ocasião, por um acaso do destino algum eletrodoméstico comprado à custa de muito trabalho for danificado, não adianta reclamar na prestadora de serviço, a culpa sempre será nossa.

Segundo fontes oficiais[1], o objetivo do Programa é levar energia elétrica a estas comunidades (rurais, em sua maioria) para que elas a utilizem como vetor de desenvolvimento social e econômico, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar, blá, blá, blá. Além disso, a chegada da energia elétrica facilita a integração de outros programas sociais, como o acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento. Traduzindo: é um campo fértil para a proliferação do assistencialismo governamental, que reduz pessoas à condição de eternos dependentes de esmolas oficiais.

Para que o progresso chegue ao homem do campo – merecidamente, diga-se de passagem – há custos muito altos de execução e advinha quem será o premiado que vai pagar? Segundo um ex-governador, “o ‘Luz para Todos’ é financiado por recursos extraídos das contas que os consumidores pagam pelo uso da energia na zona urbana”, ou seja, nós, depauperados pagadores de impostos. Isso é lindo, não?

É o progresso, cumpanhêros. Vamos levá-lo também ao homem do campo, por que não? E de quebra, vamos apresentá-lo ao caos que é ficar dependente de um serviço mal ofertado e a preços abusivos. A rapidez e eficiência só chegam ao usuário quando da cobrança mensal, essa sim, infalível, como Bruce Lee.

[1] Ministério das Minas e Energia. http://www.mme.gov.br/programs_display.do?prg=8.

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